Recordar… o Vitória #79

Por Vasco André Rodrigues.

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Por Vasco André Rodrigues, Advogado e fundador do projeto ‘Economia do Golo’A cidade de Guimarães exerce um forte encanto a quem com ela se cruza. A mítica expressão “quem bebe da água da Penha, por cá fica”, inúmeras vezes se confirma.

Falemos, hoje, de um jogador que fez carreira no Vitória, na década de 70 do século passado e que, fruto do decurso do tempo, tornou-se vimaranense, por aqui ter-se radicado.

Ferreira da Costa chegou ao Vitória no início da temporada de 1975/76, proveniente do Sporting de Espinho e depois ter feito a formação nos escalões de base do FC Porto.

Estrear-se-ia, logo, na primeira jornada desse campeonato, a 07 de Setembro, no empate caseiro a dois frente aos Belenenses, quando aos 75 minutos entrou para o lugar do brasileiro Pedrinho. Aliás, este seria uma das principais razões para não assumir a titularidade na primeira etapa da sua aventura vitoriana.

Não obstante isso, o seu primeiro golo de branco vestido não tardaria! Surgiria, logo, à terceira jornada desse exercício numa vitória por duas bolas a zero perante o Fabril do Barreiro, numa tarde em que abriria as hostilidades logo a seguir ao intervalo, para, posteriormente, o rato de área Tito fechar as contas.

A época prosseguiria sob o signo da regularidade, ainda que no seu final tivesse um episódio que, ainda, hoje, deixa os vitorianos revoltados. Graças a uma boa carreira na Taça de Portugal, o Vitória chegaria à final da competição frente ao rival Boavista.

Contudo, ainda, antes do jogo, já se previa o pior. O desafio seria disputado no Porto, no estádio das Antas, e a arbitrá-lo estaria António Garrido, um homem que sempre que podia prejudicava os Conquistadores, como houvera sucedido na temporada anterior contra o mesmo adversário… e que custou um apuramento europeu e um carro queimado ao juiz!

Com o herói destas linhas a titular, o que se temia aconteceu! Uma arbitragem tendenciosa, vingativa, a prejudicar claramente os homens de Guimarães impediu que aqueles valorosos atletas fizessem história. Porém, Garrido era o melhor árbitro português, num claro sinal que o que sucede hoje tem raízes seculares!

A temporada seguinte não correria de forma igual. Ainda que Ferreira da Costa assumisse uma posição mais relevante na zona medular vitoriana, não enjeitando, jamais, chegar a zonas avançadas e marcar golos (foram quatro nessa temporada), como resultado, também, do seu talento na marcação de bolas paradas, a verdade é que essa temporada seria mais melindrosa. Além disso, as inúmeras lesões no plantel causaram alguma preocupação classificativa, resolvida num jogo com o Leixões, em que o triunfo por duas bolas a zero, permitiu a que equipa encontrasse tranquilidade.

O ano de 1977/78 significaria o regresso de Mário Wilson, talvez o treinador de referência desta década, ainda que a sua história com o Vitória tenha acabado mal, ao ser despedido no ano seguinte e proibido, após deliberação em Assembleia-geral, de orientar o clube, mais alguma vez, em virtude de ter desejado acumular a função com a de seleccionador nacional. Contudo, esse regresso significaria duas temporadas perto dos lugares europeus, com o médio a comandar as operações na maioria dos jogos. Tratava-se de um homem imprescindível à manobra dos Branquinhos, sempre a fazer uso da criatividade e de uma assinalável técnica, tão do agrado de qualquer mister.

A temporada seguinte teve como sinónimo uma nova era no Vitória. A 10 de Março de 1980, António Pimenta Machado assumia a liderança do clube, num ano em que o treinador começaria por ser o argentino Imbelloni e acabaria com Cassiano Gouveia no banco. Ferreira da Costa, esse, continuava como um relógio suíço… um jogador de extrema fiabilidade, um verdadeiro garante e, ainda, capaz de marcar três golos.

O ano seguinte seria o último de Ferreira da Costa com a camisola do Vitória. Não obstante isso, o mais produtivo com oito golos, um número assinalável para o médio.

Porém, esta temporada seria inesquecível para os vitorianos, que tinham a orientar a sua equipa uma “dignissima trindade”, composta por José Maria Pedroto, Artur Jorge e António Morais, desde a sétima jornada desse campeonato, altura em que a dupla composta por Fernando Peres e Cassiano Gouveia foi despedida.

A partir daí, o Vitória foi enorme… desencadeou paixões e despoletou sonhos, tendo tudo começado na goleada por cinco bolas a zero frente ao eterno rival, com Ferreira a apontar um dos tentos. O jogo seguinte seria inolvidável… eterno… com o “comboio branco” a partir cheio de Guimarães, tendo ficado às portas da cidade a inscrição “o último que feche a porta.” O Vitória perderia e haveria de acabar o campeonato no quinto posto, arredado do sonho europeu.

Quanto ao médio, como resultado do bom futebol praticado, apontaria 8 golos… o seu record em Terras do Rei. O seu último ocorreria a 08 de Março de 1981, frente ao SC Espinho, numa vitória por três bolas a zero. Foi o último dos 21 que marcou em 162 jogos com o Rei ao peito, cuja despedida ocorreu a 24 de Maio desse ano, em Coimbra, numa derrota com a Académica.

No fim desse ano, abandonaria o Vitória, sem abandonar Guimarães… rumaria a Penafiel, para quatro anos depois, ser contratado pelo Chaves onde acabaria a carreira!

Seguir-se-ia a aventura de treinador de futebol, dada como finda em 1990/91 ao serviço do Marítimo, para dar braços à paixão por outro desporto, o ténis.

Ainda, hoje, desempenha funções de treinador no Clube de Ténis de Guimarães, procurando burilar jovens talentos da raquete que sonham seguir as pisadas do maior de sempre desse desporto, em Portugal, e que entrou aí menino…um tal de João Sousa!

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