Recordar… o Vitória #89

Por Vasco André Rodrigues.

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Por Vasco André Rodrigues, Advogado e fundador do projeto ‘Economia do Golo’Falemos de António Curado, o homem que nas celebrações dos 75 anos do Vitória, em 1997, foi homenageado e denominado de “O Capitão Vitalício das Equipas do Vitória”, título que haveria de ostentar até à data da sua morte.

Natural de Coimbra, seria na cidade do Mondego que começaria a despertar para o futebol, ao serviço da Académica. Contudo, por desejo de uma maior efectividade no campo de jogo, abandonaria a Briosa para prosseguir a sua carreira no grande rival dos Estudantes, a União de Coimbra.

Seria aí, corria a temporada de 1943/44, que encontraria pela primeira vez as cores brancas do clube do Rei, numa eliminatória da Taça de Portugal. Depois do empate a um em Coimbra, os Branquinhos haveriam de vencer no inolvidável Benlhevai por sete bolas a uma. Não obstante, diga-se que nos dois jogos, o herói destas linhas se notabilizou pelo seu bom desempenho. Um desempenho tão interessante na linha defensiva da equipa, que seria conducente a que o Vitória imediatamente o tentasse contratar, algo que sucederia na temporada seguinte.

Para isso, foi necessário utilizar um estratagema, atento ao estatuto de amador vigente e obrigatório à época. Deste modo, era necessário que o atleta tivesse um trabalho público à espera para poder rumar a outra cidade. Nada que a Câmara Municipal de Guimarães não resolvesse, pois ofereceu um emprego para o jogador poder assinar pelo Vitória.

Aos 23 anos, chegava, assim, a Guimarães um homem que haveria de ser uma das primeiras grandes referências da história do clube do Rei. Na Cidade Berço passaria cinco temporadas, seria pai e tornar-se-ia num de nós, sendo um dos principais jogadores da afirmação vitoriana no escalão maior.

Estrear-se-ia com a camisola do Vitória, em Setembro de 1944, na primeira jornada do campeonato regional dessa temporada, na altura que servia, também, de apuramento para o Campeonato Nacional, em Vizela. Nesse dia, os vitorianos foram demolidores, arrasadores, vencendo a turma da casa por sete bolas sem resposta, num prelúdio da boa prova que o clube faria e o que o apuraria para o campeonato nacional. Era o primeiro dos 113 desafios de branco vestido, sendo que o seu primeiro tento haveria de chegar num empate a quatro frente ao Salgueiros. Aos poucos, o jogador assumia-se como uma pedra indispensável do esquema de Alberto Augusto e a assumir uma influência que faria dele o primeiro grande capitão da história vitoriana, o inspirador para homens como Daniel, Abreu, N’Dinga, Jesus, Flávio e tantos outros que com a braçadeira de capitão eram capazes de deixar o sangue e o suor em campo.

No ano seguinte, realce para algo que haveria de ficar na eternidade vitoriana: a inauguração da Amorosa, campo que assistiu a grandes momentos da história do clube e que seria inaugurado num jogo frente ao Boavista em 13 de Janeiro de 1946. A nossa equipa venceria por três bolas a uma, Alexandre, que, também, irá merecer o nosso destaque apontaria o primeiro golo da história do campo e… Curado, o capitão de equipa, haveria de ser um dos oradores nas cerimónias de inauguração, como sinal da importância que o capitão tinha na equipa, mas também, na cidade! Seria já nesse recinto que haveria de marcar o seu segundo e último golo com a camisola do Vitória. Estávamos a 03 de Fevereiro de 1946, e o seu golo serviria para derrotar o homónimo sadino por três bolas a duas, num saboroso êxito para as cores do Rei.

A época seguinte, a de 1946/47, seria a derradeira que para se disputar o campeonato nacional era exigido o triunfo no campeonato regional. O Vitória sofreria, mas acabaria por conseguir atingir o objectivo, graças a um triunfo por cinco bolas a quatro em Braga, perante o eterno rival e onde os adeptos das duas equipas se envolveram em confrontos, para depois em Guimarães demonstrar toda a sua superioridade, batendo os sportinguistas do Minho por cinco bolas a zero. Mais uma vez, os Branquinhos faziam prova da sua força para atingirem o objectivo principal de jogar entre as mais fortes equipas nacionais.

Seria, pois, no escalão principal, sem necessidade de disputar campeonatos regionais, sob o comando de Alfredo Valadas, que viveria as duas últimas temporadas em Guimarães. Na de 47/48 seria totalista actuando em 26 desafios, na outra falharia, apenas, um, num claro sinal da preponderância que houvesse conquistado nos Branquinhos, que depositavam no seu capitão a confiança de um bom desempenho defensivo. Seria, neste último ano, que o Vitória teria o seu melhor desempenho, até então, no campeonato principal, ao classificar-se no sexto lugar, atrás dos quatro emblemas mais fortes do país nessa altura (Sporting, Benfica, Belenenses, FC Porto) e do Estoril que teve prestação mais surpreendente que os Conquistadores.

Despedir-se-ia do clube no final dessa temporada, para continuar a carreira na sua Coimbra natal e aí preparar uma nova vida. Porém, na memória ficou a liderança de um homem que assumiu o vitorianismo como fé e que, em Guimarães, conseguiu, em tempos mais difíceis do que hoje, ser chamado aos trabalhos da selecção nacional, onde foi suplente por sete vezes.

Um verdadeiro vitoriano de adopção, que jamais esqueceu a cidade de Guimarães, em inúmeras declarações públicas!

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