Este relatório, que no passado foi um bastião de transparência e compromisso para com os sócios e adeptos, parece ter caído em esquecimento, deixando-nos na expectativa sobre o estado fina nceiro que o Clube e a SAD se encontram.

A transparência financeira não é apenas uma exigência moderna das grandes empresas; é uma necessidade intrínseca de um clube que se quer grande, tanto no campo como fora dele. Este compromisso com a clareza nas contas permitiu-nos, no passado, entender a realidade económica do clube e preparar-nos para o futuro, seja ele promissor ou desafiante. É através desta lente que analisamos o comprometimento da direção atual, que, ao falhar na entrega deste relatório, deixa muitas perguntas sem resposta.

Tem o Vitória fôlego financeiro suficiente para fazer face aos seus
compromissos até final da época? Está o Vitória a ser capaz de fazer o seu ajuste financeiro a nível da redução das despesas? De que forma se estão a comportar as receitas relativamente ao que fora projectado?
Teremos surpresas positivas ou negativas neste campo? Terá o Vitória de recorrer a novos créditos neste período? Ou já teve de recorrer no primeiro semestre?
A performance financeira do Vitória não interessa apenas aos investidores externos ou à direção; interessa a cada um de nós, sócios e adeptos, que vivemos o clube diariamente.

Queremos saber se estamos a caminhar na direção certa, se as decisões tomadas refletem uma gestão prudente e se podemos esperar um futuro risonho ou turbulento. O exemplo do ano passado, com a necessidade expressa de encaixe financeiro e a gestão de gastos e receitas, ilustra bem a importância destes relatórios.

Mas vejamos o exemplo do ano passado. A 10 de Março 2023 ficaríamos a saber que o Vitória dificilmente fecharia o ano com contas positivas a menos que ainda viesse a fazer algum encaixe, num valor mínimo de 4M€.
Ora isto haveria de ter a sua tradução, no tal empréstimo da VSports que acabaria por atingir o valor de 11M€.

Não menos importante seria o facto de que o corte nos gastos com pessoal estava a seguir o seu percurso (havia um corte de 2M€
relativamente ao mesmo período do ano anterior), mas ficava aquém do anunciado em sede de orçamento. Pior ainda era o aumento com Fornecimento e Serviços Externos, que a meio do ano estavam já muito próximos do valor orçamentado.
O relatório semestral permitiu também confirmar os valores efetuados pelo Vitória no mercado de Agosto, pois eles vinham expressos no documento.

Por tudo isto, não deixa de ser relevante que no ano de 2024, o Vitória deixe passar para lá do razoável a apresentação deste documento aos seus associados.

A situação atual, especialmente após um mercado de inverno que
nos deixou a questionar as decisões da direção, pede mais do que
nunca por transparência. As escolhas feitas, os encaixes financeiros
conseguidos (ou não) e a gestão geral do clube são de interesse vital para todos nós que gostamos do Vitória. Não apenas para criticar ou aplaudir, mas para compreender, apoiar e, quando necessário,
questionar.

Assim, em nome de todos os vitorianos, peço que esta situação seja corrigida. Que a direção honre o seu compromisso de transparência, não por obrigação, mas por respeito aos que vivem o Vitória com paixão. A história e os valores do nosso clube merecem ser preservados e respeitados, e isso inclui uma gestão transparente e aberta a todos.

Não podia terminar esta minha coluna, sem aproveitar a mesma para, dar os parabéns à Associação VitóriaSempre pelo seu 19 aniversário, a qual é um orgulho representar enquanto Presidente, agradecer publicamente a todos os sócios, parceiros, seguidores e simpatizantes que todos os dias interagem conosco e são força vibrante e apaixonada que dá corpo aquele que é o nosso objetivo de sempre: honrar a história e valores do nosso clube do Vitória Sport Clube.

Juntos, já vivemos 19 anos de paixão; que venham muitos mais, sempre com a promessa de honrar a grandeza do nosso clube.