Sem a imposição de insígnias, “parece que falta alguma coisa”, dizem estudantes

Este ano, não houve Enterro da Gata — e, por conseguinte, a imposição de insígnias também não aconteceu.

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Este ano, não houve Enterro da Gata — e, por conseguinte, a imposição de insígnias também não aconteceu. Para os estudantes, “tristeza” é a palavra que define concluir um curso sem a tradicional cerimónia.

© Universidade do Minho

Os dias no calendário sobrepõem-se e, diz-se vezes sem conta, todos parecem iguais. O tanto que era suposto acontecer foi cancelado (ou adiado), os projetos estão em suspenso para muitos, a vida mudou — e espera-se que apenas temporariamente. A memória ainda permite relembrar datas importantes que deveriam ter acontecido em circunstâncias normais. Para os finalistas das universidades e politécnicos, o final simbólico do percurso académico teve sempre lugar entre meados de abril e os primeiros dias de maio. Na Universidade do Minho (UMinho), sábado passado (09 de maio), era dia de imposição de insígnias. Mas os trajes ficaram pendurados na cruzeta, as cartolas e os tricórnios com a cor do curso não sairão de casa — ou nem foram encomendados, sequer.

“É bastante triste”, diz Nuno Macedo. A terminar o Mestrado em Engenharia e Gestão de Sistemas de Informação na academia minhota, o vimaranense de 23 anos conta ter tido “uma experiência académica bastante recheada”: “O meu grupo de amigos foi sempre muito próximo, desde o 1.º ano. Íamos juntos para todo o lado: jantares de curso, Enterro da Gata, Receção ao Caloiro. Sempre quisemos viver a imposição de insígnias.” A carga sentimental associada à imposição de insígnias, o final simbólico do percurso académico, é “profunda”, aponta o jovem. E o mesmo sente Hugo Costa, 22 anos. Para o estudante do Mestrado em Engenharia e Gestão Industrial, a imposição de insígnias significaria “uma espécie reconciliação” e “um último momento de despedida”. É que Hugo esteve na Holanda durante seis meses ao abrigo do programa Erasmus; depois, começou o seu estágio numa empresa. “Parece que falta alguma coisa”, conta.

A imposição de insígnias, que acontece ao longo da semana dedicada ao Enterro da Gata, é organizada pela Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM). O momento acontece simultaneamente no Campus de Azurém e de Gualtar, com milhares de estudantes a partilharem o epílogo da vida académica com familiares e amigos. Num ano atípico, ainda não se avista uma data para a realização de uma cerimónia para os finalistas deste ano, avança Rui Oliveira, presidente da AAUM: “Não conseguimos definir nada. Está tudo cancelado. Há o desejo de fazer isso acontecer, mas não estamos a fazer planos. E seria um exercício que traria resultados muito dificilmente.”

Hugo (em baixo, o primeiro à direita) e os amigos gostariam de celebrar o momento da imposição de insígnias no próximo ano. © DR

Para Nuno, “não faz muito sentido” realizar um evento com os amigos da universidade para assinalar o feito. “Nada substitui o próprio evento em si. Mas claro que, quando isto voltar à normalidade, vamos voltar a jantar juntos”, garante. Tal como Nuno, Hugo não tem dúvidas: havendo imposição de insígnias no próximo ano, festejará o que ficou por celebrar este ano. “Seja de que forma for, queríamos que houvesse um momento para termos este sentimento de conclusão de curso. É um momento muito marcante.”

Concluir o curso numa altura em que pouco se sabe sobre o futuro também é um desafio. Depois de um mês e meio numa empresa, o estágio de Hugo está em suspenso. Primeiro, continuou em regime de teletrabalho; depois, o layoff. “Estou com o estágio em stand-by”, diz. Pelo meio, há uma tese para fazer e, perante a situação pandémica, é certo que o trabalho de investigação será “mais teórico”. “Estava a fazer um projeto com quatro fábricas: duas em Portugal, duas em Espanha. As viagens que teria de fazer são impossíveis, neste momento”, explica o estudante. Já para Nuno, o sentimento de tristeza também se estende a esta estranha forma de se concluir um curso; ainda assim, o jovem assegura que o ensino à distância “não afetou” o estudo.

E essa modalidade é vista como acertada pelo presidente da AAUM. Para Rui Oliveira, a reitoria tomou “a decisão correta”: “A universidade teve a perspetiva de salvaguardar os estudantes. Fechamos mais cedo e com a postura correta, de zelar pelos estudantes.” Num período de “redefinição” dos métodos de ensino, o empenho no mundo digital tem de ser maior, algo que Rui Oliveira vê como conseguido pela AAUM. Porque, afinal, “estamos perante uma reforma no ensino

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