Sim, o futuro tem partido

Por Ana Amélia Guimarães.

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por Ana Amélia Guimarães Professora

nós repartimos o pão/
não temos o pão guardado.

Estávamos no início dos anos 80. Os partidos à direita acusavam o PCP de ser «radical», os partidos à esquerda acusavam o PCP de ser «conservador» porque não era suficientemente radical… Nessa altura entrei para a JCP, os meus camaradas vinham de várias partes do concelho e eram sobretudo trabalhadores, trabalhadores da construção civil, da têxtil, do calçado, da panificação…. E juntos, lutamos lado a lado. Ali aprendi o que não se dava e ensinava na escola, a conhecer o que a televisão ocultava, a ler notícias de lutas do partido em que estivera presente e que eram relatados na imprensa de forma distorcida e negativa, de ver a luta desigual entre um partido de trabalhadores e os outros financiados pela alta finança…

O anticomunismo que existia em Portugal era o de antes da revolução, herdado do fascismo, o de hoje não é muito diferente. Aos comunistas aponta-se o dedo, olha aquele é comunista…não me digas? Mas até parece boa pessoa…

Associam-nos até, ignomínia, a criminosos que combatemos enquanto as democracias das pessoas de bem, na Europa, os alimentavam à socapa e às claras. Depois há também aquela ideia de que o PCP é «uma máquina» e que os seus militantes são peças acríticas sem liberdade e pensamento próprio: Ary dos Santos, Óscar Lopes, José Saramago, Carlos Paredes, Bento de Jesus Caraça…Luís Pacheco… e por aí fora, tudo gente sem liberdade de pensamento ou de expressão, não é?

Desculpem este desenrolar desalinhado de pensamentos que me ocorrem agora que o Partido Comunista Português (e era bom que os/as leitores/as desta crónica reflitam no significado da referência específica a Portugal) vai comemorar 100 anos de existência. Mas há alturas em que apetece perguntar: onde, aqui e agora, a política que propomos para Portugal é «extremista» e/ou desrespeitadora das liberdades constitucionais? Qual das medidas que propomos é que não tem por base a melhoria das condições do povo e o reforço da soberania política e económica de Portugal? Na ditadura, os donos «disto tudo» prendiam, em democracia silenciam, deturpam e movem campanhas insidiosas.

As circunstâncias que o país atravessa condicionaram várias iniciativas e impediram a realização de outras. A televisão, os jornais e os comentadores «independentes» se falarem do centenário será para, depois de até dizerem umas coisas simpáticas e de circunstância, muito breves, se alongarem com o boogeyman Estaline e o coiso da coreia do norte e concluírem que o PCP vai acabar amanhã, às 3 da tarde, como estava previsto no terceiro segredo de Fátima…

Por isso, contra o silêncio e o preconceito escrevo estas linhas breves, porém com um sentimento de urgência. Avizinham-se tempos duros para todos os que amam a liberdade e a democracia, por isso temos de vencer ideias feitas e começar a conversar. Há um partido que mostrou e mostra que ama o povo e o país, que os seus objetivos são claros, estão escritos e publicados, e que a história do partido é uma história de palavra dada, palavra cumprida.

Aproxima-se mais um ato eleitoral, as eleições autárquicas. Não descuremos as responsabilidades que temos, para o agora e para os vindouros.

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