Tempos Messiânicos
Por António Rocha e Costa.
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por António Rocha e Costa Analista clínico
Vacinar, testar, arejar, afastar, eis os quatro verbos que continuam a ser conjugados até à exaustão, dois anos após o início da pandemia.
Chegados ao Natal, respiramos uma atmosfera algo estranha, em que se misturam os cânticos e rituais que anunciam a vinda do messias verdadeiro, com o ruído de pré-campanha que nos anuncia a chegada de um “messias” saído das eleições de 30 de Janeiro, seja qual ele for.
Porém, se não nos conseguirmos levantar como Povo, não há messias que nos valha, tal a dimensão dos problemas que se avizinham.
A imprensa também tem contribuído para adensar a confusão, em vez de clarificar as coisas, ou não fosse ela própria refém de grupos de interesses, pouco propícios a um clima de isenção e independência, se é que isso é possível.
Voltando à campanha eleitoral, que o Natal consumista segue o seu curso normal,depois de um ciclo de quatro anos, interrompido inopinadamente em sede de orçamento, vamos novamente a votos, correndo o risco de “tudo ficar como dantes, quartel general em Abrantes”. Vamos eleger deputados, dizem-nos, mas de entre eles há-de sair um futuro primeiro ministro, uma espécie de brinde do bolo-rei parlamentar.
Criam-nos, a nós eleitores, uma falsa ilusão de escolha, pois limitamo-nos a assinar de cruz uma lista de candidatos, previamente cozinhada pelos chefs do costume.
Com a meritocracia a ser cada vez mais um mito, hão-de sobressair no futuro hemiciclo algumas figuras de craveira acima da média, enquanto os restantes se limitarão a “compor o ramalhete”, fazendo aqui e além uma incursão retórica, que servirá como prova de vida.
Na legislatura agora interrompida, dos deputados de Guimarães, esteja-se ou não de acordo com a sua orientação política, sobressaíram dois: Cecília Meireles e André Coelho Lima. Dos outros, ninguém deu por ela.
A propósito de deputados por Guimarães, ou, mais abrangentemente, pelo Distrito de Braga, cumpre-nos formular a seguinte questão: dado o sistema eleitoral em vigor e o método de formação das listas de deputados, se um cidadão eleitor quiser votar numa determinada força política e nutrir pouca ou nenhuma simpatia pelos candidatos distritais que a representam, como deve proceder? Será-usando ainda a linguagem natalícia – que tem que comer a fava, se quiser saborear o bolo-rei?
P.S. Como prenda de Natal, o governo ainda em funções resolveu dar mais autonomia às autarquias para aceder aos fundos comunitários do Portugal 2030, que se traduzem num total de 3,3 mil milhões de Euros. Em breve chegará o dinheiro da “bazuca”, cabendo também uma fatia às autarquias.
No conjunto, quanto irá ser destinado a Guimarães?
Alguém saberá responder?
Perguntar não ofende. Boas Festas
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