Têxtil e calçado em queda vertiginosa
Há uma queda de 50% das exportações de vestuário no quarto mês do ano em comparação com abril de 2019

calçado_barra

Foto: Rui Dias
Os números divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), na quarta-feira, dia 10 de junho, apontam para uma queda de 50% das exportações de vestuário no quarto mês do ano em comparação com abril de 2019, o que corresponde a uma perda de mais de 118 milhões de euros. As exportações para Espanha, o principal parceiro comercial de Portugal, caíram quase 70%.
O encerramento das lojas por todo o mundo, mas principalmente nos principais mercados receptores das exportações portuguesas levaram a uma quebra acentuada da procura junto dos fabricantes portugueses de vestuário. No total, esta industria exportou 130,5 milhões de euros, em abril. Isto representa uma quebra de 47,6% relativamente ao mês homólogo de 2019. Um reflexo da queda das vendas no retalhista, por via dos encerramentos para conter a pandemia.
Todos os mercados com os quais a nossa industria tem mais contacto foram muito afetados: Espanha caiu 68%, EUA 41,5%, Holanda 37%, Reino Unido 34%, Alemanha 26%, Itália 24% e França 28%.
Nos primeiros quatro meses do ano, o sector do vestuário, registou uma redução de 17% nas exportações.
O desemprego e o layoff reflectem a crise nas industrias tradicionais vimaranenses
Os números do desemprego no concelho de Guimarães já reflectem este cenário. Em abril (últimos números disponíveis) resgistaram-se mais 680 desempregados no IEFP de Guimarães, destes 431 eram mulheres. O têxtil e o calçado são sectores tradicionais do concelho e empregam maioritariamente mulheres. Há que juntar a estes números os funcionários em layoff que, no pior cenário, podem vir a engrossar as fileiras do desemprego no futuro.
O número de entidades empregadoras com prestações de layoff, a nível nacional, galgou de 33, em janeiro de 2020, para 202, em abril (últimos números disponíveis). A última vez que este número tinha estado acima das duas centenas foi em abril de 2013, na altura Portugal estava sob resgate financeiro. O número dos beneficiários de prestações de layoff oferece um quadro idêntico. Em abril, de 2010 foram registados 3 081 beneficiários de prestações de layoff , mais 2 141 desde o inicio do ano. É preciso recuar a fevereiro de 2013 para encontrar um mês em este número ultrapassou os três milhares.