Todos diferentes, todos iguais…

Por Rui Armindo Freitas.

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por Rui Armindo Freitas
Economista e Gestor de Empresas

Na década de 90 foi com esta frase que a minha geração cresceu. À época eram transmitidos a jovens e menos jovens, em campanhas nos media de ampla divulgação, os valores do multiculturalismo e da necessidade de deixar cada vez mais para trás qualquer laivo de descriminação social que tivesse por base credo, côr da pele ou nacionalidade. Para um país que esteve na linha da frente da globalização, com os descobrimentos, e com uma sociedade que sempre entendi como tolerante, salvo excepções condenáveis pela grande maioria, parecia ser o fim de uma discussão pelo atingir de uma certa maturidade social, que ultrapassasse os últimos resquícios de um atraso que porventura ainda não fora ultrapassado. Na minha cabeça, o racismo é um fenómeno difícil de “encaixar” por sentir que num mundo globalizado como aquele em que vivemos, não aceitar a diversidade é não comungar de todo o potencial que o mundo nos pode dar. É difícil para alguém da minha geração, aceitar que se distinga aquilo que não tem diferença, por entender que a humanidade é uma só raça. Contudo, aquilo que fomos experimentando em Portugal e na Europa em geral, é completamente diferente do que nos EUA, por exemplo, em alguns estados, se pode considerar de racismo estrutural. Quando, nos anos 60, na Europa já havia uma crescente e vibrante comunidade académica africana, nos EUA ainda se discutiam os direitos civis mais elementares de cidadão americanos negros, aí sim, e volto a frisar em alguns estados, tratados como de segunda categoria. A Europa ocidental, com a sua matriz social cristã, esteve sempre à frente no reconhecimento de pecados passados e a ter os direitos humanos presentes mais cedo de qualquer outra civilização na história da humanidade. Assim, as manifestações dos últimos dias, misturadas com a violação de símbolos da nossa história comum, vêm acender, à boleia do hashtag do momento, uma discussão, que em meu entender apenas serve a extrema esquerda e o seu oposto. Não nego obviamente, que há racismo na nossa sociedade, há e tal como a estupidez, continuará a existir, só não acho que seja transversal e estrutural. Entendo sim, que mais importante do que discutir o racismo, é discutir a dificuldade de progressão social das novas gerações. Independentemente de côr ou credo, é mais importante discutir se os jovens partem com as mesmas armas na conquista do seu futuro. Se o acesso à educação que lhes permita progredir, se faz nas mesmas condições, seja qual for a sua condição social. É importante carregar que vivemos num estado de direito democrático, onde todos temos deveres e obrigações e é obrigatório rejeitar de forma liminar toda e qualquer forma de descriminação positiva e negativa com base em critérios de côr, credo e nacionalidade, não o fazer seria apenas contribuir para o ressurgimento de um problema que para as novas gerações, acredito de forma veementemente que está enterrado na história. É mais fácil aos populistas de extrema esquerda “lucrarem” com uma discussão que não seja um debate essencial, é sempre assim, tal como para extrema direita ser alimentada por um contraponto que surja por antítese aos primeiros. Mas o que eu gostaria de ver, seriam os políticos moderados, alguns progressistas, outros conservadores, a darem respostas aos problemas da exclusão social, essa sim bem real, com reforço do respeito pelas instituições democráticas, um combate duro à corrupção que tem minado as bases da nossa sociedade, em vez de estarem calados a ver no que isto dá, para escolherem o melhor lado… Como progressista e liberal, com orgulho de o assumir, com forte crença nas funções sociais dos estados, acredito que só assim estaremos à altura da grandiosa história de Portugal!

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