Torre Pacheco: Um aviso sério para a Península Ibérica
Os confrontos raciais que abalam Torre Pacheco, em Espanha, devem servir de alerta, não só para as autoridades espanholas, mas também para Portugal.

© Eliseu Sampaio
Este tipo de explosão social não surge do nada, é o resultado de anos de tensão acumulada, má gestão da imigração, falhas na integração e crescimento de discursos radicais. Pode muito bem ser o rastilho de pólvora que acenda um conflito mais vasto na Península Ibérica.
Nos últimos anos, em Portugal, assistimos a um aumento acelerado da imigração, sem um planeamento sério que garantisse habitação, emprego, formação e adaptação cultural. Muitos migrantes chegam em grupos, instalam-se e vivem segundo os hábitos dos seus países de origem. Este processo, ainda que compreensível do ponto de vista humano, dificulta a integração e contribui para o surgimento de guetos culturais, onde a convivência com a sociedade portuguesa se torna cada vez mais frágil.
É preciso dizer com clareza: a integração leva tempo e exige esforço de ambas as partes. Quando não há tempo nem políticas eficazes, o resultado é a criação de comunidades paralelas, sem ligação real ao país de acolhimento. Isso gera tensões, alimenta preconceitos e, inevitavelmente, acaba por ser aproveitado por forças políticas radicais, tanto à direita como à esquerda.
Não podemos ignorar o que acontece em Torre Pacheco. A realidade está a mudar depressa, e se o debate sobre imigração, identidade cultural e integração não se fizer e não se tomarem medidas adequadas, corremos o risco de ver conflitos semelhantes emergir nas nossas cidades e vilas.
Portugal precisa de políticas claras, humanas mas firmes, que garantam respeito pelas nossas leis, valores e modo de vida, ao mesmo tempo que protegem a dignidade dos que aqui procuram uma vida melhor. Caso contrário, deixamos espaço para que os extremos ocupem o centro, e todos sairemos a perder.