TRABALHADORES DA KYAIA SAÍRAM À RUA E GARANTIRAM: “LUTAMOS ATÉ AO FIM”
Alterações ao horário laboral na Kyaia motivou manifestação. Cerca de 300 trabalhadores do grupo empresarial, de Guimarães e de Paredes de Coura, estiveram presentes.
Alterações ao horário laboral na Kyaia motivou manifestação. Cerca de 300 trabalhadores do grupo empresarial, de Guimarães e de Paredes de Coura, estiveram presentes, estimou Aida Sá, coordenadora do Sindicato do Calçado Minho e Trás-os-Montes, no final da marcha que percorreu algumas ruas do centro de Guimarães.
“Kyaia unida, jamais será vencida!”, ouviu-se diversas vezes durante a manifestação dos trabalhadores do grupo Kiaya. Foram cerca de 300 os que marcaram presença na manifestação marcada para as 19h30 desta quinta-feira, no Largo do Toural, e que depois tomou a forma de marcha, estendendo-se para lá da praça e percorrendo as ruas de Santo António e Gil Vicente. De Paredes de Coura, onde existe uma fábrica do grupo, terão vindo perto de 100 trabalhadores, distribuídos por dois autocarros, que se juntaram aos manifestantes de Guimarães. Juntos, protestaram a adição de 20 minutos diários ao horário laboral — devido à imposição de dois intervalos diários de 10 minutos —, o que perfaz um total de 1 hora e 40 minutos por semana, que se somam às 40 horas semanais.
“Lutamos pelos 20 minutos que nos querem obrigar a trabalhar a mais”, disse uma trabalhadora de Guimarães que preferiu não ser identificada. “Trabalho na Kyaia há 20 anos, nunca se tinha passado algo assim. Surpreende-me, mas lutamos até ao fim”, frisou. O mesmo disse Paula Rodrigues, de Paredes de Coura. Depois de um dia de trabalho, os trabalhadores daquela fábrica viajaram até Guimarães: “Vale a pena. Grande parte aderiu”, disse. Segundo Paula, as medidas foram anunciadas aos trabalhadores através de “um papel afixado na parede”, tal como acontecera em Guimarães. “Tentamos conversar para esclarecer e dar a nossa opinião sobre o assunto, mas não chegamos a nenhum acordo”, disse. A trabalhadora da Kyaia disse estar a contar com a presença dos colegas de Guimarães na manifestação a agendar em Paredes de Coura — que só se realizará “caso a situação não se resolva até lá” —, mas dos protestos desta quinta-feira levou um sentimento “de união”. “Não podemos dizer que é um sentimento de vitória, porque não podemos baixar a guarda. Mas é um grande passo. A união não foi fácil”, acrescentou.
O não-cumprimento da medida anunciada pela empresa em outubro levou à redução salarial. Segundo o Sindicato do Calçado, as novas medidas não cumprem o Contrato Coletivo de Trabalho, que foi negociado “durante o período em que o senhor Fortunato era presidente da Appicaps [Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneo]”.
Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP, falou aos trabalhadores do grupo Kyaia, dizendo que a causa dos trabalhadores já ultrapassou a questão das pausas: “Já não estão a lutar apenas pela manutenção das pausas. É pela defesa da vossa dignidade. Os dias que vivemos exigem que eles respeitem quem trabalha, que tenham em consideração aquilo que fazem todos os dias.” Arménio Carlos realçou a “coragem” dos trabalhadores: “Vocês perderam o medo e saíram à rua para dizer que não têm medo dele.” Já Aida Sá apontou que o que se tem vindo a passar na empresa é uma “ilegalidade”. O secretário-geral da CGTP avançou que, sexta-feira, será entregue “um dossier daquilo que se está a passar à Ministra do Trabalho”, tendo sido agendada uma nova reunião para o dia 20.
Com Pedro Castro Esteves
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