TRABALHADORES DA RESINORTE EM GREVE ESTA QUINTA E SEXTA
A adesão ronda os 90%. Trabalhadores reivindicam um salário maior, o direito à contratação coletiva e melhores condições laborais, para além da reposição de "tudo o que foi cortado durante a Troika".
A adesão ronda os 90%. Trabalhadores reivindicam um salário maior, o direito à contratação coletiva e melhores condições laborais, para além da reposição de “tudo o que foi cortado durante a Troika”. Tribunal Arbitral fixou serviços mínimos.
Mais salário, direito à contratação coletiva e melhores condições de trabalho. Estas são as principais reivindicações dos trabalhadores da Resinorte, em greve desde a meia-noite desta quinta-feira até à meia-noite de sexta-feira. Junto à entrada Centro Integrado de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos do Vale do Ave (CITRUS), em Lordelo, cerca de meia centena de trabalhadores concentrava-se, na manhã desta quinta-feira, numa greve pautada pela entreajuda. “Eu estou desde as 05h40. Ajudamo-nos uns aos outros, por turnos, porque há três turnos”, explica Joaquim Anjos, a trabalhar na Resinorte há 19 anos. Há “motoristas, ajudantes de motorista e trabalhadores da triagem” em greve, e Joaquim Anjos aponta para “90% de adesão à greve”.
“Os trabalhadores têm apresentado cadernos reivindicativos com propostas de aumento do salário, que está na casa do salário mínimo nacional. Há trabalhadores com mais de dez anos de casa com salário mínimo”, diz Joaquim Sousa, dirigente sindical do Sindicato Nacional de Trabalhadores da Administração Local e Regional (STAL), que também se encontrava na manifestação, já que também trabalha numa das empresas do grupo EGF, que detém a Resinorte. Segundo o sindicalista, a resposta da empresa “não tem sido positiva às reivindicações dos trabalhadores”. Para além da questão salarial, os trabalhadores também protestam pela reposição de “tudo o que foi cortado durante a intervenção da Troika”. De acordo com Joaquim Anjos, isso inclui “os 25 dias de férias” e o pagamento das horas extra de trabalho em linha com os valores antigamente praticados: “na primeira hora 50% e a partir daí 75%”, aponta o trabalhador. “Era o que ganhávamos e tiraram-nos isso. Tanto como os dias compensatórios e os dias de feriado a 100%”, acrescenta. Não havendo contratação coletiva (uma das principais reivindicações), a retribuição da primeira hora suplementar fixa-se em 25%, passando depois para 37,5%, sendo de 50% em dias de descanso ou feriados. Os trabalhadores da Resinorte também reivindicam “subsídio de risco”. Joaquim Anjos não tem dúvidas: “Para aquilo que fazemos, achamos que deveríamos receber um salário maior.”
Para Joaquim Sousa, do STAL, também se trata de uma “questão de respeito da administração da Resinorte e da EGF para com os trabalhadores”: “Marcou-se uma reunião a 10 de outubro e não estava ninguém para nos receber. Desde 05 de novembro temos um pedido de reunião para que a administração ouça e responda às reivindicações.” O sindicato tem vindo a acompanhar a situação “nos últimos dois anos porque os trabalhadores assim o exigiram”. O trabalhador da Resinorte, Joaquim Anjos, espera “uma resposta positiva da parte da administração”. Quanto a eventuais constrangimentos para os concelhos em que o CITRUS de Lordelo opera — Guimarães, Fafe, Santo Tirso e Vila Nova de Famalicão —, o sindicalista garante que serão mínimos: “Não esperamos que haja mais do que um resíduo num ou outro ecoponto.” E há “uma equipa a trabalhar por concelho”, indica Joaquim Anjos. O trabalhador afirma, contudo, que “novas formas de luta e, quem sabe, nova greve” estarão em vista caso a administração não responda às reivindicações dos trabalhadores.
O Tribunal Arbitral fixou os serviços mínimos para a greve da empresa de recolha seletiva e tratamento de resíduos do Norte. De acordo com um comunicado do STAL, o tribunal “invoca questões de perigo para a salubridade pública, para o ambiente e para a segurança”. Para o STAL, que rejeita a decisão, tal “significa admitir que uma greve possa ser limitada ao ponto de não causar qualquer incómodo, o que significa, em última análise, a negação do efeito último da greve e, como tal, a negação deste direito, o que viola claramente o enquadramento jurídico e constitucional neste âmbito”, lê-se no mesmo comunicado. Assim, o sindicato acrescenta que “a recolha seletiva multimaterial não é fundamental à vida e não coloca em nenhuma situação em causa a saúde pública”. “Se assim fosse, caberia à empresa explicar por que é que nem sequer a efetua diariamente, sendo apenas efetuada em função do esgotamento da capacidade de cada ecoponto”, lê-se ainda.
A administração da Resinorte remeteu esclarecimentos para a EGF, que não prestou, até ao momento, declarações ao Mais Guimarães. Em Lordelo encontrava-se a GNR. Segundo o Comando Distrital da GNR de Braga, a situação no local é “pacífica”.
Artigo atualizado às 15h36
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