Três anos depois do arranque das obras no Bairro da Emboladoura os tetos continuam a ser de amianto
Moradores reuniram-se em plenário para discutir o problema, mas o IRHU e a Câmara Municipal não compareceram.

© Miguel Pereira
Os moradores do Bairro da Emboladoura, em Gondar, reuniram-se, na manhã deste sábado, 20 de setembro, em plenário, com o objetivo de fazer pressão sobre o Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) para acelerar a conclusão das obras de recuperação dos prédios. Compareceram mais de meia centena de moradores, entre inquilinos e proprietários, uma representação da empresa que gere o condomínio e o empreiteiro que está a fazer a obra. A Câmara Municipal, que está envolvida nas candidaturas ao programa 1º Direito e o IRHU, que é o maior proprietário, não estiveram presentes.
As obras no Bairro da Emboladoura começaram em 2022, porém, quem ali chega, hoje, ainda vê cinco dos sete blocos cobertos com telha de amianto (um já tinha sido alterado pelos moradores). Os painéis que deviam ter servido para fazer os novos telhados, estão empilhados na rua a atravancar os passeios. Os habitantes, alguns deles proprietários das frações, outros inquilinos do IRHU, estão desesperados com a situação, mas este sábado, só puderam ouvir explicações do empreiteiro. A Câmara Municipal alegou dificuldades de agenda e o IRHU informou que vai marcar outra reunião para “fazer o ponto da situação”.
“Fiz uma má escolha, quando entreguei a subempreitada a uma serralharia que não foi capaz de cumprir”, admitiu o empreiteiro. “A serralharia andou-me a enganar”, acrescentou. Os problemas relatados pelos moradores vão além das infiltrações pelos telhados degradados. “Tomo medicamentos para dormir e não consigo porque me tiraram as persianas e não puseram outras”, queixou-se Maria Aurora, proprietária de uma fração, com 72 anos. “Não consigo dar banho ao meu marido que é doente oncológico, o esquentador está sempre a ir abaixo, porque me deixaram a marquise sem cobertura”, contou Augusta Fontão, outra moradora, com 74 anos. “Os esquentadores, obrigatoriamente colocados nas marquises, avariam porque lhes chove em cima”, aponta Elisabete Dourado, presidente da Associação de Moradores.
Programa 1º Direito ainda não pagou aos proprietários de apartamentos
A empresa que gere o condomínio chamou a atenção para a falta de pagamento da parte dos proprietários de frações nas obras, embora reconhecendo que tal se pode dever ao facto de eles ainda não terem recebido as verbas do programa 1º Direito. “Foi a Câmara, em colaboração com Junta de Freguesia, que tratou dos processos para o 1º Direito. A Câmara deveria estar aqui para explicar aos proprietários de frações porque é que ainda não receberam o dinheiro”, apontou Elisabete Dourado, presidente da Associação de Moradores.
Pelo jornalista Rui Dias