UMA CORUJA DEVOLVIDA À NATUREZA PARA CELEBRAR A VIDA SELVAGEM
Tratava-se de um dia comemorativo e afigurou-se como uma oportunidade para sensibilizar e lembrar a população de que se "somos uma espécie capaz de alterar ecossistemas que são lares de milhões de formas de vida"
![barracoruja](https://maisguimaraes.pt/wp-content/uploads/2020/03/barracoruja-672x353.jpg)
O Laboratório da Paisagem assinalou o Dia Internacional da Vida Selvagem com a libertação de uma coruja-das-torres.
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Tratava-se de um dia comemorativo e afigurou-se como uma oportunidade para sensibilizar e lembrar a população de que se “somos uma espécie capaz de alterar ecossistemas que são lares de milhões de formas de vida”, também devemos ter a responsabilidade de cuidar dessa casa que é de todos. O Dia Internacional da Vida Selvagem foi assinalado no dia 03 de março e Guimarães não passou ao lado das comemorações. Uma ação promovida pelo Laboratório da Paisagem de Guimarães, em articulação com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), devolveu à natureza uma coruja-das-torres (Tyto alba), proveniente do Centro de Recuperação de Fauna Selvagem do Parque Nacional da Peneda – Gerês.
A devolução da espécie, realizada de forma simbólica, na freguesia de Castelões, deu-se nas primeiras horas de perda de luz solar. O crepúsculo era o cenário ideal, já que falamos de uma ave de rapina noturna. Com um disco facial pálido e aspeto arguto, o animal tem enquadramento na área: habita áreas de interface rural, pastagens ou terrenos agrícolas e “aquela região entre Arosa, Castelões e Gonça tem um pouco disso”, explica o investigador em Geografia do Laboratório da Paisagem, Ricardo Martins.
O Dia Internacional da Vida Selvagem, criado pela ONU em 2013, é assinalado um pouco por todo o mundo e visa celebrar os animais e plantas selvagens. É, por isso, importante frisar as ameaças e condicionantes que espécies como a coruja-das-torres enfrentam. “Abate, pilhagem dos ninhos ou roubo das crias – para venda e tráfico ilegal”, são apenas alguns que o investigador enumera. Mesmo uma ação inconsciente, como “retirar uma cria do chão” para a entregar a uma entidade competente acaba por ter efeitos nocivos. É que as aves de rapina noturnas necessitam de um período para aprender a voar e precisam de estar no solo para se adaptarem ao meio que as rodeia.
A coruja-das-torres é mais comum na região Centro e Sul do país, mas não é estranha em Guimarães. Prova disso é o facto de estar listada na Biodiversity Go! – aplicação que permite a qualquer pessoa submeter avistamentos de fauna e flora, ajudando a criar uma base de dados da biodiversidade do concelho, que já identificou a espécie no Parque da Cidade. Em Portugal, verifica-se a existência de uma população estável
Como acontece com mochos ou bufos, esta ave de rapina noturna está associada a superstições que não abonam a favor. Mau presságio e azar são conceitos ligados a esta ave solitária. O facto de habitar “as torres da igrejas” e de emitir “sons noturnos” sobressaltam a população. E estes mitos também prejudicam a espécie, que passa a ser olhada com desconfiança. Com o Dia Internacional da Vida Selvagem como pano de fundo, é de realçar o “auxílio que presta às comunidades rurais” , já que “captura um grande número de roedores”, sendo um importante contribuinte para quem vive da agricultura.
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