A decisão, pode ler-se, foi tomada por respeito a todos os envolvidos: atletas, treinadores e estrutura. “Lutámos até ao limite, talvez para lá do limite… Acreditámos, insistimos, resistimos. Mas o desporto também é isto. Saber quando é preciso parar.”

No entanto, como o próprio clube reconhece, “não há estrutura que aguente sem base, sem treinadores disponíveis, sem ética no ambiente que nos rodeia”. E mais do que um esgotamento de recursos, o Xico denuncia também um desgaste humano: “Estamos cansados.”

“É legítimo que as atletas queiram mais. Que os treinadores procurem outros caminhos e preservem a sua saúde mental e física. Que o clube não queira continuar a fingir que é possível, quando já não é.” Com estas palavras, o Xico reconhece que manter uma equipa sénior sem condições mínimas seria desonesto e injusto para quem nela acredita e se entrega.

Apesar do fim do projeto, o clube garante que não abandonará quem fez parte desta caminhada. “Terão todo o nosso suporte e acompanhamento neste processo de transição. Como sempre, estaremos ao vosso lado nesta fase difícil para todos”, assegura. Este acompanhamento garantirá que as atletas não ficam sem soluções, sejam elas no andebol ou fora dele.

O clube deixa ainda uma reflexão que ultrapassa o contexto local. “O desporto em Portugal não pode continuar a viver de milagres.” A frase resume uma realidade transversal a muitas modalidades, em especial ao desporto feminino, tantas vezes sustentado por estruturas frágeis, trabalho voluntário e ausência de políticas de apoio consistentes.

O comunicado termina com uma nota de esperança cautelosa: “Voltaremos ou não, quando e se for possível voltar com verdade.” O futuro é incerto, mas o compromisso com o andebol permanece. E se o regresso acontecer, será com bases sólidas e com verdade. Hoje paramos. Com mágoa, mas com dignidade.”