Em comunicado enviado à agência Lusa, a empresa garantiu que “ninguém pode aceder ilegitimamente ou visualizar os dados sem autorização dos clientes”, sublinhando que os veículos “não suportam o controlo remoto de aceleração, direção ou travagem”.

De acordo com a Yutong, os dados gerados pelos autocarros em circulação no espaço europeu são armazenados no centro de dados da Amazon Web Services (AWS), em Frankfurt, e encontram-se protegidos por encriptação e controlo de acesso. O sistema só pode ser acedido por empresas operadoras devidamente autorizadas, como a FlixBus, a Guimabus, a Carris Metropolitana ou a Unir, através de contas privadas e seguras.

A fabricante explica que as informações recolhidas são utilizadas “exclusivamente para fins de manutenção, otimização de desempenho e melhoria dos serviços pós-venda”. O único controlo remoto possível, acrescenta, limita-se a “funções de conforto, como a calendarização do serviço de ar condicionado”, sem qualquer interferência nas funções mecânicas ou de condução dos veículos.

A Yutong reforça que cumpre as normas internacionais UN R155, relativas à cibersegurança, e UN R156, sobre atualização de software, bem como as certificações ISO 27001 (gestão da segurança da informação) e ISO 27701 (privacidade dos dados).

“Estes regulamentos estabelecem padrões unificados para a cibersegurança dos veículos e dos sistemas de gestão da cibersegurança”, refere a empresa, acrescentando que possui certificações internacionais emitidas pela Comissão Económica das Nações Unidas para a Europa (UNECE) e pela Organização Internacional de Normalização (ISO).

O tema ganhou relevância em Portugal após a aquisição de 35 autocarros elétricos Yutong pelos Transportes Urbanos de Braga (TUB) e a entrada em operação, em setembro, de 50 veículos da mesma marca pela Guimabus, em Guimarães. Na sequência de notícias internacionais que apontam alegadas falhas de cibersegurança em veículos do fabricante, a Guimabus afirmou estar “a analisar tecnicamente esta situação”, enquanto a Câmara Municipal de Guimarães confirmou ter solicitado esclarecimentos à operadora.

Em Braga, a autarquia garantiu que a segurança tecnológica e a proteção de dados foram “prioridades centrais” no processo de contratação pública dos novos autocarros. O município explica que o caderno de encargos impõe regras rigorosas para impedir qualquer acesso remoto não autorizado e assegurar que toda a informação recolhida é propriedade exclusiva da entidade adjudicante, incluindo os dados da caixa negra das viaturas.

O contrato estabelece ainda a obrigatoriedade de cumprimento do Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD) e restringe a tecnologia embarcada ao estritamente necessário para a operação, designadamente sistemas de comunicação, CCTV, informação ao passageiro e diagnóstico, maioritariamente fornecidos por empresas europeias e nacionais.

Com presença crescente no mercado europeu e português, a Yutong sublinha que atua em conformidade com a legislação europeia e garante que os dados dos seus veículos permanecem sob total controlo das empresas clientes, sem qualquer possibilidade de acesso externo ou remoto.