2020 um ano para não esquecer…
Por Rui Armindo Freitas.

O 2020 que agora finda foi um ano marcado por circunstâncias tão atípicas que se há um ano, nas habituais perspetivas para o ano seguinte, alguém previsse o que nos esperava, todos lhe apontaríamos o dedo para rejeitar aquilo que, até então, apenas pertencia ao universo da ficção científica.
Muitos partilham da visão de que 2020 é um ano para esquecer, prefiro pensar de forma diferente. Desejo ardentemente que termine, como se o seu término levasse consigo tudo aquilo que de mau nos trouxe. Contudo, de 2020 podemos extrair muitas lições, lições que se não esquecidas, nos farão crescer como comunidade. Nunca como em 2020 assistimos ao advento de entreajuda entre ciência, sector privado e sector público. Nunca, antes de 2020 julgamos possível que em menos de um ano, se uniriam esforços para que tivéssemos uma vacina que nos permitisse sonhar com o regresso à normalidade. Nunca pensamos possível, que apesar das dificuldades, muito do nosso tecido económico se poderia adaptar e reconverter, com esforço de empregadores e trabalhadores, para mitigar os impactos sociais de uma crise ainda por ultrapassar, mas que, com todos a puxarmos para o mesmo lado, mais facilmente será ultrapassada. Não me recordo de um evento que tivesse exposto de forma tão transversal a fragilidade da condição humana, e como de um dia para o outro as fundações das nossas vidas podem ser abaladas, independentemente do nosso credo, raça ou convicção política. Nunca como em 2020 valorizamos tanto as pequenas coisas e outras não tão pequenas assim, mas que não imaginávamos a falta que nos fazem. Um abraço, um beijo, um afecto, ganharam aos nossos olhos uma dimensão que nunca lhes tínhamos dado pela voragem do passar dos dias que nos desvia do que realmente importa. O convívio com a família, com os amigos, as partilhas profissionais, mas também a despedida daqueles que partiram e cujos rituais que nos mitigam a dor, fomos privados de ter. Que não esqueçamos as lições de 2020, porque agora percebemos o custo que têm para todos nós. Mas ficou também clara a nossa infinita capacidade de adaptação. Os novos caminhos que fomos trilhando e que nos permitirão capturar os ensinamentos desta pandemia, ajudarão a valorizar o que temos de mais importante, e mostrarão que de 2020 em diante temos um longo caminho pela frente enquanto sociedade. Por isso, olhemos para 2020 como ponto de partida para um mundo melhor, mais justo e com mais oportunidades para todos. É minha convicção, infelizmente, que antes de melhorar, ainda vai piorar, na certeza porém de que com solidariedade e entreajuda, chegaremos a bom porto. Só assim, o sofrimento a que todos temos sido expostos, não terá sido em vão. Ficou claro para todos, que todos somos importantes na nossa vivência em sociedade. Nos múltiplos confinamentos que fomos tendo, aprendemos a valorizar aquilo que nunca deveríamos esquecer e que me recordo sempre como uma das primeiras aulas que a minha professora me deu no 1º ano, no que à altura se chamava Meio Físico e Social, “todos precisamos de todos”, ninguém é mais importante do que ninguém e só assim somos sociedade. Por isso, que se perpetuem as lições de 2020, que se aprenda com a privação e com os erros, para que 2021 nos traga um mundo melhor.
Feliz Natal a todos os leitores e 2021 pleno de felicidade e saúde
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