GUIdance: Segunda semana arranca com último espetáculo esgotado
Recuperado o fôlego dos primeiros espetáculos do GUIdance, a segunda semana promete manter o ritmo com mais cinco criações.

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Recuperado o fôlego dos primeiros espetáculos do GUIdance, a segunda semana promete manter o ritmo com mais cinco criações. A última noite, com “Jungle Book reimagined”, da com a Akram Khan Company, já está esgotada.

Na noite do dia 8 de fevereiro, quarta-feira, o público encontra-se com a “Carcaça” do coreógrafo e bailarino português Marco da Silva Ferreira. Uma peça onde um elenco de dez performers forma um coletivo que pesquisa sobre a sua identidade coletiva num fluxo físico, intuitivo e despretensioso do corpo, da dança e de construção cultural. Marco usa a dança como ferramenta para pesquisar sobre comunidade, construção de identidade coletiva, memória e cristalização cultural, e esta coreografia desenha progressivamente um corpo vibrante, rebelde e carnavalesco. Os sons físicos são acompanhados ao vivo pela bateria de João Pais Filipe e a música eletrónica de Luís Pestana, uma trilha sonora acelerada que interliga referências da música tradicional, da música pós-moderna e da música de clubbing.
O dia seguinte brinda os espectadores, no Teatro Jordão, com “Beautiful People”, uma obra de Rui Horta com a companhia Dançando com a Diferença que torna mais visível a brutalidade e a injustiça com que a sociedade trata a pessoa com deficiência, não a escondendo nem a embrulhando em sentimentos de piedade. Alguns gestos parecerão chocantes, como o corpo que é cruelmente lançado fora da cadeira de rodas. Quando os intérpretes se aproximam da boca de cena, com minhocas na cabeça, o espectador sente talvez a incomodidade do olhar, uma espécie de nó dissonante no centro do seu próprio cérebro. Mas a fórmula para desatar esse nó surge sobretudo no coração, embalado no sentido desta peça construída com fragmentos, simultaneamente perturbadora e sensível.
A estreia nacional de mais um dos projetos selecionados para a Aerowaves Twenty22, Soirée d’études”, está marcada para sexta-feira. Uma peça que nasceu da paixão do coreógrafo e bailarino belga Cassiel Gaube pelo vocabulário da house dance. Do seu groove característico às suas várias formas de footwork, os diferentes aspetos deste estilo são aqui sucessivamente examinados, trazidos à luz e honrados.

O último dia desta edição do GUIdance, 11 fevereiro, coloca sobre a mesa dois espetáculos que prometem despertar os sentidos com duas imponentes doses sensoriais. A criadora Vânia Doutel Vaz apresenta “O Elefante no Meio da Sala”, às 18h30, no CIAJG. Ver, sentir, ignorar, desviar e então ver outra coisa, tocar outra coisa, dançar por distintas matérias geram aqui uma atenção e prática em direção a alternativas acerca do que ali poderá estar.
Uma celebração das artes e da dança em particular encerra com a Akram Khan Company a estrear “Jungle Book reimagined” em Portugal. Dirigido e coreografado por Akram Khan, reinventa a viagem de Mogli – a partir do clássico “O Livro da Selva”, de Rudyard Kipling – através dos olhos de um refugiado climático, tocando na necessidade intrínseca de nos relacionarmos uns com os outros e na importância de nos conectarmos e respeitarmos a natureza.
As habitualmente essenciais atividades paralelas surgem reforçadas nesta edição com diversos momentos que ao longo do festival interligam público e artistas para o surgimento de novas afinidades artísticas e humanas. Algo que acontece nas conversas pós-espetáculo com Henrique Amoedo, Marco da Silva Ferreira, Akram Khan Company, nas masterclasses com esta mesma companhia do Reino Unido e com Jesús Rubio Gamo, nos debates com o mote “Natureza, TRANSformação e outras práticas sensíveis: a felicidade que nos aguarda” moderados por Claudia Galhós, na ação promovida pela unidade de Educação e Mediação Cultural d’A Oficina Embaixadores da Dança que levam Gaya de Medeiros e Henrique Amoedo até às escolas e no sentido inverso promovem o contacto do público escolar com os espetáculos, e ainda com a exposição “Dança” – ilustrações realizadas para o livro com o mesmo título, escrito por Inês Fonseca Santos e ilustrado por André Letria – e uma oficina para famílias a cargo da editora Pato Lógico, e também a exibição do registo integral do espetáculo “Endless” (que esteve em cena no CCVF em abril de 2022), realizado por Eva Ângelo, acompanhada por uma conversa com Henrique Amoedo (Dançando com a Diferença).





