Inflação desacelera, mas carteiras das famílias vão continuar sob pressão em 2026

O ano de 2026 deverá ser marcado por um abrandamento da inflação para 2,1% e por um novo alívio no IRS, mas este cenário não impedirá uma subida generalizada dos preços de vários bens e serviços essenciais.

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Apesar do contexto macroeconómico mais favorável, as famílias portuguesas vão continuar a sentir pressão no orçamento mensal, sobretudo em áreas como habitação, energia, transportes, telecomunicações e alimentação.

Entre os principais agravamentos previstos estão as rendas de casa, que irão aumentar 2,24%, de acordo com o coeficiente de atualização definido pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Na prática, uma renda de mil euros passará a custar mais 22,40 euros por mês. Também as portagens das autoestradas vão subir 2,29%, acompanhando a inflação homóloga sem habitação, acrescida de um mecanismo de compensação às concessionárias. Ainda assim, estão previstas novas isenções em alguns troços, como na A25 e em partes da A6 e da A2, sobretudo para residentes e empresas locais.

Os transportes públicos registam subidas moderadas nos bilhetes ocasionais. Na CP, os preços dos comboios aumentam, em média, 2,26%, com destaque para o Alfa Pendular.

No setor da energia, a eletricidade terá comportamentos distintos consoante o mercado. Para os mais de 800 mil clientes do mercado regulado, a fatura média vai aumentar cerca de 1% a partir de janeiro. Já no mercado liberalizado, a EDP Comercial anunciou uma descida real de 1% e a Galp de 0,5%, apesar do aumento das tarifas de acesso às redes. O gás natural mantém o aumento de 1,5% que entrou em vigor em outubro e que se prolonga até setembro de 2026.

As telecomunicações são outra área onde os consumidores vão sentir aumentos. As principais operadoras, NOS, Meo e Vodafone, anunciaram atualizações de preços em linha com a inflação, embora existam exceções para alguns tarifários mais recentes, marcas digitais e contratos celebrados após datas específicas.

Nos correios, os CTT preveem um aumento médio de 6,2% nos serviços do correio universal, com o selo de correio normal nacional a encarecer alguns cêntimos a partir de fevereiro.

No cabaz alimentar, as perspetivas são menos animadoras. A Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição estima aumentos de cerca de 7% nos preços da carne e do peixe em 2026, refletindo custos de produção mais elevados. O pão e os produtos de pastelaria também deverão subir, embora de forma mais contida e abaixo da inflação prevista.

Há, contudo, algumas notas positivas. Os medicamentos com preço até 30 euros, como antibióticos, analgésicos e antidiabéticos, não vão aumentar em 2026, graças à revisão anual de preços publicada pelo Governo. Também a fatura da farmácia deverá manter-se estável para muitos consumidores.

No setor financeiro, termina a isenção da comissão de amortização antecipada no crédito à habitação com taxa variável, regressando a penalização de 0,5% sobre o valor amortizado. Já o crédito bonificado para pessoas com deficiência terá um ligeiro aumento da taxa de juro no primeiro semestre do ano.

Em síntese, 2026 deverá trazer inflação mais controlada e algum alívio fiscal, mas não será um ano de descanso para os orçamentos familiares, que continuarão a ser pressionados por aumentos em despesas essenciais do dia a dia.

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