A condecoração veio confirmar oficialmente o anúncio feito na noite de Natal por Ricardo Araújo, presidente da Câmara Municipal de Guimarães, durante o tradicional jantar solidário promovido pela Irmandade. Esta iniciativa, que se realiza ininterruptamente desde 1315, há cerca de 710 anos, continua a reunir à mesa dezenas de pessoas em situação de maior vulnerabilidade social, preservando um gesto de acolhimento profundamente enraizado na história e identidade da cidade.

Ao longo dos séculos, a Irmandade de São Crispim e São Crispiniano tem desempenhado um papel fundamental no apoio aos mais desfavorecidos do concelho de Guimarães, promovendo valores de solidariedade, proximidade e compromisso comunitário. A atribuição da Medalha de Mérito Social pelo Chefe de Estado surge, assim, como um reconhecimento nacional dos relevantes serviços prestados, distinguindo uma ação social sustentada no tempo e na dedicação voluntária.

Na ocasião do anúncio da condecoração, Ricardo Araújo sublinhou que “não há comunidade desenvolvida se não souber cuidar de todos”, considerando a Irmandade um exemplo vivo do papel do associativismo e da responsabilidade social. Após a realização da Ceia de Natal, o autarca reafirmou o orgulho da comunidade vimaranense neste reconhecimento, destacando que a distinção presidencial valoriza não apenas a instituição, mas também o espírito solidário que caracteriza Guimarães.

Também Dário Silva, juiz da Irmandade de São Crispim e São Crispiniano, considerou a condecoração “uma honra e um orgulho para a instituição”, salientando que este reconhecimento vem valorizar um trabalho iniciado em 1315 e mantido ao longo das gerações. O responsável destacou ainda o envolvimento de dezenas de voluntários, organizados em várias equipas, desde a preparação das refeições ao serviço à mesa, bem como a crescente participação de pessoas mais jovens, assegurando a continuidade da missão da Irmandade.

Na mais recente edição da Ceia de Natal, a Irmandade acolheu entre 110 e 130 pessoas, tendo ainda entregue cerca de 20 refeições à Cruz Vermelha Portuguesa. Para além de pessoas em situação de carência económica, a iniciativa reuniu também pessoas que vivem sozinhas, proporcionando um ambiente marcado pela partilha, pelo convívio e pelo espírito comunitário que define a ação da instituição.

Com esta condecoração, o Presidente da República reconhece oficialmente a relevância histórica e social da Irmandade de São Crispim e São Crispiniano, sublinhando a importância de instituições que, ao longo de séculos, continuam a colocar a dignidade humana e a solidariedade no centro da vida comunitária.