A CORRUPÇÃO NESTE PAÍS DE “BRANDOS COSTUMES”. . .

ALFREDO MAGALHÃES Docente do Ensino Superior

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por ALFREDO MAGALHÃES

Docente do Ensino Superior

Nesta quadra festiva parece que tendemos todos a transformámo-nos numa versão melhor de nós mesmos. Somos muito mais simpáticos, mais pacíficos e mais solidários. Porque será? Há quem lhe chame “espírito de Natal”, mas há também quem lhe chame hipocrisia. Eu, por se tratar de uma questão complexa, fico-me pelo intervalo entre os dois estados de alma. É mais simples e dá o mote à velha máxima que “para questões complexas há quase sempre uma resposta simples”. Mas muitas vezes errada e, nessa base, arrisco que para esta sociedade avançar e o “meu mundo” ser melhor, é preciso tratar da educação e da cultura, como já disse tantas vezes, e garantir a participação de mulheres e homens novos, de origens, idades, contextos, formações e condições diversas.

Por isso, meus caros amigos, apetece-me falar de corrupção. Ainda hoje, dia de Natal, momento em que escrevo esta crónica, abro os jornais, oiço as notícias e o tema transversal é o mesmo – “as contas de fulano estão a ser investigadas, sicrano foi detido por suspeitas de “lavagem” de dinheiro ou beltrano fugiu por estar associado ao crime do colarinho branco…”. É impressionante o momento em que vivemos! Ainda há dias o Director da Polícia Judiciária, ao ser assinalado o dia mundial de combate à corrupção, dizia que “estavam a prender um corrupto de três em três dias e que nos primeiros onze meses deste ano detiveram 119 pessoas suspeitas do crime de corrupção” e ainda que “este era um problema endémico no aparelho de Estado”.

Se isto é assim no Estado e nas empresas públicas o que será nos meandros do futebol? Aqui, como reflexo da sociedade, esta situação é, acho eu, ainda mais facilitada devido à sua natureza mais específica. Se na política a impunidade e a falta de transparência eram até há pouco tempo “o pão nosso de cada dia”, no futebol as coisas parecem-me bem piores, embora ainda muito “encapotadas”. Enquanto Provedor do Adepto da Liga de Futebol Profissional e no pleno uso dessas funções soube de “casos e coisas” sobre dirigentes desportivos de” bradar aos céus” – esta curta experiência permitiu-me, ao que me contavam, perceber que uma boa parte dos contratos dos jogadores profissionais, ou seja, tudo que envolvia dinheiro, podia tornar-se num verdadeiro convite à alegada corrupção.

Todos vamos ouvindo falar, ainda que “à boca pequena”, que nos bastidores do futebol, onde praticamente todos se conhecem, as histórias de maus exemplos, nem sempre fundamentadas, é verdade, se espalham como cogumelos – é o caso das vendas de jogadores em que se declara um valor para a administração, para a imprensa e para os sócios, que entra nos cofres do clube, mas o que os dirigentes alegadamente recebem por fora quase nunca é descoberto; é o caso dos dirigentes que dividem comissões com empresários sem escrúpulos;  o de dirigentes que usam a visibilidade alcançada à frente de um clube para se “lançarem” na carreira política ou em outras estruturas do mundo do futebol…

Citei alguns exemplos de cor deste sub-mundo, onde as autoridades judiciais ainda não entraram profundamente, mas que começa a vislumbrar-se no horizonte. Mas, na minha opinião, há muitos mais! Daí ser urgente legislar sobre as condições de entrada e saída dos dirigentes no mundo do futebol – a declaração de rendimentos é fundamental! Porque eu acho que todos os adeptos gostarão de saber que os dirigentes do seu clube são gente séria, são gente que entrou com dinheiro “limpo” e que saiu com o sentimento do dever cumprido – serviu o clube sem se servir dele!

 

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