ACTG: Pedonalização faz com que “vimaranenses sejam obrigados a ir para os shoppings fazer compras”

A presidente da Associação do Comércio Tradicional de Guimarães (ACTG), Cristina Faria, esteve presente na última reunião de Câmara, após a entrega do abaixo assinado demonstrativo da posição dos comerciantes relativamente à pedonalização do centro histórico.

Cristina-Faria-ACTG

A presidente da Associação do Comércio Tradicional de Guimarães (ACTG), Cristina Faria, esteve presente na última reunião de Câmara, após a entrega do abaixo assinado demonstrativo da posição dos comerciantes relativamente à pedonalização do centro histórico.

© Mais Guimarães

“Não aguentamos um ano de obras, isto é a morte dos comerciantes”, disse Cristina Faria ao referir-se às obras que eventualmente terão de se realizar com vista ao corte ao trânsito na alameda de São Dâmaso, Toural, rua Santo António, rua da Rainha, rua Egas Moniz, largo Condessa do Juncal, rua Gil Vicente e rua Paio Galvão. “Temos consciência que as obras estão extremamente demoradas”, alertou. Vincou ainda que “são cerca de 600 lugares de estacionamento” que serão retirados com estas obras.

“Fazerem obras equivale ao fecho das lojas”, destacou contando que a associação pediu ao presidente da Câmara para não cortar o trânsito ao fim de semana, uma vez que esses são os dias em que mais se vende. Assim como a altura do Natal, que poderá ter dias com o trânsito cortado. “Não nos estraguem o Natal, não nos fechem a porta já em dezembro”, alertou.

A presidente da ACTG partilhou com os jornalistas, no final da reunião, o testemunho de um comerciante em Espanha onde cortam o trânsito e “morre o comércio local porque começa a haver um género diferente de comércio, sejam bares, restauração, alojamento local ou pequenos estabelecimentos virados para o turista e não para os habitantes da própria cidade”. No seu entender, a pedonalização do centro histórico “fecha portas” ao comércio local, fazendo com que os “vimaranenses sejam obrigados a ir para os shoppings fazer compras”.

Rua de Santo António poderá ser coberta

Domingos Bragança voltou a referir que, “todas as cidades que condicionaram o trânsito no centro ganharam em vida, comércio e serviços”. Admitiu, também, a importância de implementar medidas para atrair pessoas para a rua e lembrou que existe um projeto para uma cobertura na rua de Santo António.

A opinião de Cristina Faria, porém, não vai de encontro à opinião do executivo. A seu ver, o problema está, também, na falta de estacionamentos naquela zona. “Não nos adianta ter uma rua coberta, bonita e bem projetada se as pessoas não têm sítio para pôr o carro”, referiu alegando que “vai faltar o mais importante, vão faltar os clientes”.

Com o exemplo de duas clientes do seu estabelecimento, uma de Mondim de Basto e outra de Celorico de Basto, a presidente frisou a necessidade de estacionamento próximo das lojas. “A cidade onde elas gostam de vir fazer compras é Guimarães e todos os sábados vêm passear para Guimarães. Se o trânsito estiver cortado e não tiverem onde estacionar, que já agora é muito difícil, o que vão fazer é pôr-se na autoestrada, em 10 minutos estão em Braga”, explicou, acrescencentando que naquela cidade há “estacionamento por baixo da zona comercial, o que faz com que “os clientes não andem à procura de estacionamento”.

© Mais Guimarães

Paulo Lopes Silva, vereador eleito pelo Partido Socialista com os pelouros da Cultura e do Turismo, lembrou as três preocupações que a ACTG partilhou consigo: lugares de estacionamento, medidas de atratividade do espaço público para que se possa tornar mais apelativo e um maior número de atividades.

Estas foram as preocupações apresentadas que traduzem a opinião de um conjunto de comerciantes ouvidos e, apesar de acreditar que é “pouco representativo daquilo que é a abrangência da cidade”, o município “auscultou e preocupou-se em perceber preocupações”.

Relativamente ao estacionamento, o vereador lembrou que “isso foi matéria do município quando se inaugurou o parque de Camões. As intenções ao abrir um parque com mais de 400 lugares no centro da cidade era caminhar no sentido da crescente pedonalização do centro da cidade”.

Contudo, os parques existentes, como o do estádio, do Vila Flor ou o parque de Camões, ou a própria Feira, que funciona como parque de estacionamento gratuito, parecem não ser uma solução. “O parque de Camões não é solução de maneira nenhuma. Tem 439 lugares e mais de 220 são avenças. A partir das 10h00 raramente arranja lugar e, quando arranja, são 10 lugares lá no fundo e demora quase meia hora a sair do parque”, justificou. Neste sentido, Cristina Faria pediu “bolsas de estacionamento” nas zonas onde o trânsito vai ser cortado.

“A solução é ter mais oferta de estacionamento”

Cristina Faria

“Alguém vai estacionar na Feira e vem à rua de Santo António ou à alameda fazer compras?”, questionou Cristina Faria respondendo que “não, isso é brincar” com os comerciantes. Em causa, diz a comerciante, está o facto de “as pessoas poderem passar e procurarem um lugar. Se não tiverem na rua, estacionam mais à frente um bocadinho. Mas se souberem que não há lugar e não podem passar ali de carro, pura e simplesmente não vêm”.

Da parte da ACTG, explicou Paulo Lopes Silva, foi dito “que seria necessário um outro conjunto de medidas de atratividade do espaço público para que ele se possa tornar mais apelativo para que as pessoas possam usufruir do espaço”. A colocação das vias à mesma cota, encontrar mobiliário urbano atrativo, tornar o espaço mais agradável para as famílias, pessoas e crianças, “poderá ir ao encontro dessa essa preocupação”, acrescentou.

Relativamente à última preocupação manifestada e que tem a ver com a necessidade de um maior número de atividades, o vereador frisou que, “necessariamente, é aquilo que acreditamos”. Porém, reiterou, “não é possível fazê-lo sem condicionar o trânsito. Sem condicionar o trânsito não conseguimos concretizar o tipo de iniciativas como as que ali têm acontecido”.

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