ADRIANO PAÇO: “OS APOIOS SÃO ESCASSOS”

Vitória terminou a época na última posição do campeonato da 1.ª divisão.

adriano paço

Num país onde o futebol é rei, nem sempre é fácil cativar atletas e adeptos para outras modalidades. Nem sempre é fácil ter histórias para contar. No voleibol do Vitória, recuamos 17 anos para encontrarmos a primeira equipa a ascender à primeira divisão e visitarmos um momento importante para o clube. E se há momentos que marcam uma história, este pode perfeitamente ser um deles.

Com o claro intuito de lutar pelo campeonato e pela subida, os reforços nessa época davam garantias de qualidade. Entre eles um nome que, sobretudo agora, é bastante conhecido entre a massa adepta. Adriano Paço. Atualmente a assumir funções de treinador na equipa sénior masculina, fazia parte dos atletas a competir nessa altura. “Há 17 anos vim jogar para o Vitória Sport Clube com o intuito de ser campeão e garantir a subida. Foi claro um sentimento de grande satisfação quando o conseguimos. Seria a primeira vez que o Vitória jogaria na 1.ª divisão! Foi uma aposta pessoal na altura, pois eu já jogava na 1.ª divisão há alguns anos e pertencia à seleção nacional. No entanto, acreditei no projeto apresentado e não me arrependi dessa decisão”, explica Adriano Paço.

E se há 17 anos se escrevia uma página especial neste percurso, há 10 encerrava-se um capítulo. Pela primeira vez na sua história, e única até ao momento, o Vitória SC conquistava o título de Campeão Nacional na 1ª Divisão, com o voleibol. Para além desse, outros fazem parte do palmarés da modalidade, sobretudo conseguidos nos escalões de formação. Ainda assim, Adriano Paço não hesita em admitir que o interesse dos jovens é muito reduzido: “Infelizmente a ideia que eu tenho é que os jovens de hoje em dia, e particularmente os de Guimarães, olham para o voleibol como uma modalidade sem futuro. Não os podemos culpar pois em parte têm alguma razão. É necessário criar uma nova mentalidade para tentar cativá-los. Teria de ser feito um grande trabalho ao nível da captação. A melhor forma de divulgação são as visitas regulares às várias escolas no concelho, com a presença dos jogadores profissionais do clube. Este tipo de trabalho já foi feito anteriormente e deu bastantes resultados mas por alguma razão deixou de ser feito e resultado disso é a falta de jovens na modalidade”.

Saídas e lesões

Agora no rescaldo de mais uma temporada concluída, percebemos que uma história é sempre pautada por momentos de sucesso e por outros menos bons. Este ano, assistimos a um desses. Apesar do bom arranque e dos bons indícios deixados na pré-época, vimos um Vitória a ceder. “Foi talvez a época em que definimos o plantel mais cedo. Dada a boa prestação do ano anterior, conseguimos chegar a acordo com maior parte da equipa e conseguimos também contratar um jogador que era presença assídua da seleção nacional. Tudo isto dava indicações que seria uma época melhor em relação à anterior. No entanto, ocorreram várias situações que não nos permitiram lutar como inicialmente estava previsto. Em novembro deu-se a saída de duas peças fundamentais da equipa, dois jogadores da mesma posição (z4), e aí começaram os problemas. Tentamos colmatar a saída desses jogadores, mas não conseguimos “encontrar” ninguém da mesma qualidade. A agravar esta situação, as constantes lesões que surgiram, uma delas do nosso jogador mais importante que o impossibilitou de jogar nas alturas decisivas”, afirma o técnico.

Com um plantel curto e assolado por contratempos, ficou a descoberto a necessidade do clube dedicar uma fatia maior do seu orçamento às modalidades. “Os apoios são escassos e se nas últimas épocas tivemos a felicidade de tudo correr bem e de não haver lesões, mas mais tarde ou mais cedo isto acabaria por acontecer… e infelizmente originou a que ficássemos em último lugar. O plantel foi construído em função do orçamento possível e resultaria se não houvesse estes contratempos. É obvio que com mais apoios seria possível construir um plantel mais forte, com mais de uma opção para cada posição. Se tal fosse possível, o Vitória nunca ficaria na posição que ficou”, admite Adriano Paço.

O desejo de voltar à 1.ª divisão

Para o atual treinador da equipa é certo que o voleibol irá ter o seu regresso às conquistas: “Acredito que a direção do Vitória tenha este desejo de colocar o clube novamente na primeira divisão e, com os devidos apoios, regressará com certeza à elite do voleibol o mais rápido possível”. Entretanto, e a atestar a qualidade existente dentro de portas, o vitoriano Bruno Cunha foi convocado para a seleção nacional sénior de voleibol, apesar da última posição registada pelo clube no campeonato.

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