Alto da Bandeira: A rua esquecida

Inicio este pequeno artigo com uma declaração de interesses: sou morador da rua Alto da Bandeira há 34 anos.

© José Diogo Silva

Posto isto, não consigo deixar de escrever sobre algo que me aperta a alma. Que me dói sempre que saio de casa ou que me enfurece sempre que chego.

A rua Alto da Bandeira é uma rua emblemática na dinâmica da freguesia de Creixomil. Há 34 anos quando fui para lá viver pouco ou nada existia a não serem duas ou três casas com vista privilegiada para a cidade. Hoje o único privilégio que existe é mesmo conseguir chegar a casa.

Uma rua que sempre se pautou pela sua calma, tranquilidade e amizade. Uma rua onde os moradores se juntavam para conversar, onde uma vez por ano se organizava a “Festa das Bandeirinhas” (festa essa que era organizada pelos jovens da rua trazendo arte e improviso aos seus moradores) e uma rua onde jovens se juntavam para ir para a escola, para ouvir musica ou simplesmente para combater o tédio de estar em casa.

Tudo isto, atualmente, é apenas uma miragem. Já nada disso acontece. Desde a construção do Colégio do Ave nas traseiras dessa rua, tudo mudou. Nem tudo para pior óbvio, mas algumas coisas sim. Contudo a culpa não é do colégio ou dos alunos que lá andam. A culpa é de uma junta de freguesia que nada faz, nada vê e nada resolve.

As cidades e as freguesias são sítios sempre em transformação e há que adaptar esses mesmos sítios à transformação que vai acontecendo. Infelizmente nessa rua nada disso aconteceu. A junta olha para aquela rua como olhava há vinte anos atrás, esquecendo que tudo mudou e tudo se transformou.

Não se entende como é que uma junta de freguesia nada faz para controlar o trânsito (quase sempre excessivo) que abunda naquela rua. Nem com inúmeras chamadas de atenção dos seus fregueses têm a iniciativa de tentar mudar algo. Fazem ouvidos “moucos” e fingem que tudo está bem. Mas não está.

Uma junta que permite que uma zona de moradores e de escolas seja atacada diariamente com carros estacionados no meio da rua não é uma junta que protege os seus fregueses. Uma junta que sabe que existe um problema de trânsito e que num uma palha mexe para solucionar o problema, não é uma junta amiga dos seus fregueses. O risco de atropelamento é diário, tanto para moradores como para crianças que a única coisa que querem é ir para a escola.

É vista tanta obra a ser desenvolvida, mas nenhuma em prol da comunidade. Agora decidiu-se (pasme-se) construir três blocos de apartamentos ao mesmo tempo em sítios separados por vinte metros. Infelizmente estão a construir a casa pelo telhado.

Em vez de resolverem o problema de acessibilidade, estão a criar cada vez mais problema nos acessos e no conforto para as pessoas. Em vez de solucionarem o problema de pedonalização existente, estão pura e simplesmente a tirar espaço para que as pessoas possam caminhar e usufruir do seu espaço publico.

Uma rua que ganha um buraco a cada dia que passa, mas que ainda assim não é merecedora de uma avaliação por parte da junta de freguesia. Eu próprio enviei dois emails à junta de freguesia, emails esses que foram olimpicamente ignorados. Irei, por isso, fazer um abaixo assinado junto dos moradores para que (espero eu) a junta e os seus responsáveis se sintam pressionados (pelo menos) a discutir o que por lá se passa.

Em pleno seculo XXI a tendência é dar as ruas às pessoas e não aos carros, infelizmente a rua alto da bandeira está num caminho que é o contrario daquilo que se deve fazer. Passados 34 anos a rua Alto da Bandeira deixou de ser um exemplo para ser um pesadelo.

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