Bruno dos Reis chega ao TO para apostar nos jovens, criar relações e deixar marca

Bruno dos Reis é o novo diretor do Teatro Oficina (TO) e foi apresentado esta terça-feira, 21 de janeiro, na primeira de muitas conversas que quer manter com o universo artístico local, mas não só.

© Helena Lopes / Mais Guimarães

O encontro teve como palco o pequeno auditório do Centro Cultural Vila Flor (CCVF) e serviu para o dramaturgo e encenador, que vai ocupar o cargo nos próximos dois anos, explicar quais as linhas orientadoras que pretende implementar.

Natural de Aveiro, estudou Línguas e Estudos Editoriais, Cinema Imagem em Movimento e chega a Guimarães, no ano em que o CCVF assinala 20 anos de existência, e em que a cidade e o concelho preparam a Capital Verde Europeia, em 2026. Na apresentação, prometeu reinterpretar a forma como são feitas as Oficinas do Teatro Oficina, “criar condições para surgirem mais oportunidades para os jovens licenciados que querem entrar”, assim como apostar na dramaturgia portuguesa contemporânea.

Um dos principais desafios passa também por “fazer tanto, em tão pouco tempo”. “Sobretudo num ano que já começou de forma atrasada, porque muitos lugares já fecharam a programação”, disse.  “Queremos apanhar um comboio que já está em andamento, tanto no TO, como com toda a gente que aqui estava, a maioria já com projetos para este ano”. É que o novo diretor artístico tem como objetivo trabalhar com criadores locais.

Nesta primeira conversa, contou com uma plateia composta por muitos representantes de associações artísticas locais e regionais, artistas já com carreira consolidada e muitos jovens ligados às artes.

No final, aos jornalistas, Bruno dos Reis revelou que o caminho é dar solução à juventude que quer trabalhar, crescer e aprender. “Temos de criar condições para as oportunidades surgirem, não podemos ser o único mecanismo para que elas surjam, mas, evidentemente que acho que o TO deve ser permeável áquilo que são os jovens que estão a querer lançar-se para o mundo da criação”.

A capacitação teve destaque várias vezes na sua intervenção. A ideia “é capacitar os jovens para todas as áreas, interpretação, técnica, produção” e, dando o exemplo do que acontece no GrETUA — Grupo Experimental de Teatro da Universidade de Aveiro (UA): “Todos os anos saltam para o mercado profissional e interessa-me muito estar próximo deles, para que as oportunidades surjam”.

© Helena Lopes/Mais Guimarães

“De forma estranha, tinha uma impressão errada de Guimarães e nunca me senti tão bem acolhido”

Bruno dos Reis está há um mês em Guimarães, onde reside até porque defende a ideia de que “direção e projetos culturais à distância”, não funcionam. E a integração na cidade berço até o surpreendeu: “De forma estranha, tinha uma impressão muito errada porque sinceramente nunca me senti tão bem acolhido em toda a minha vida e já passei por várias cidades. Gente disponível, muito cuidadosa percebem que sou de fora, perguntam, interessam-se, não consigo imaginar um primeiro mês melhor do que este”.

O novo diretor artístico do TO encara esta forma de estar na vida, de cidade em cidade, de forma natural e afirma que, no futuro, ao fim destes dois anos que se seguem, perceber que vai contar com pessoas de Guimarães para onde quer que vá: “Hoje estavam aqui muitas pessoas de Aveiro que se continuam a interessar pelo meu trabalho, amigos, daqui a dois anos acredito que haja pessoas de Guimarães comigo, mesmo já estando eu noutra cidade”.

Quer desligar a fórmula industrial da lógica, ou seja, “chegar, montar, fazer e ir embora”. É o mesmo que dizer que quer deixar a sua marca e fazer crescer o projeto.

A envolvência dos locais, que estão ligados à área artística, é importante para o diretor. “Porque é que os criadores, quando estão numa cidade, não estão em contacto com os criadores dessa região ou não estão a dar formação nessa região? Porque não estão a acompanhar a sociedade civil em coisas que consegue fazer”.

E deu o exemplo do HERAS, que consistiu em pequenos espetáculos, em casa, com muita proximidade e sem formalismos, em Aveiro, em muito semelhante ao programa Noc Noc de Guimarães. “Esse tipo de contacto que cria relação é muito mais profícuo do que simplesmente o espetáculo que fica dentro e uma sala. Interessa criar relação não só internamente como com o restante território nacional”.

Bruno dos Reis prevê fechar a programação em breve, e o próximo passo passar por receber todos aqueles, de Guimarães e da região, que possam acrescentar qualidade e envolvência ao projeto.

 

 

 

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