Caminheiro vimaranense com arma apontada à cabeça na Moldávia

Henrique Pereira vai passar o terceiro Natal fora de casa, numa jornada a pé pela Europa.

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Na passada segunda-feira, 22 de dezembro, Henrique Pereira deu por si com uma arma apontada à cabeça a meio da noite, quando estava a pernoitar num local, perto de Chisinau, na Moldávia, que era indicado como sendo espaço público no GPS, e apareceu o dono da propriedade. O problema é que nem conseguia explicar-se porque o homem não entendia nenhuma das línguas que o aventureiro de Guimarães fala. Os vídeos nas redes sociais e as notícias dos jornais acabaram por convencer o homem e o episódio acabou com um convite para passar a noite na casa dele. São assim as aventuras de Henrique Pereira (Riicky Odissey, como também é conhecido) que saiu de Silvares, Guimarães, no dia 5 de outubro de 2023, para dar a volta à Europa, e já passou por 23 países, numa peregrinação que se aproxima dos 11 mil quilómetros.

Na aproximação à capital da Moldávia, Henrique Pereira encontrou um parque com bancos que lhe surgia no GPS assinalado como espaço público. Decidiu que aquele era um bom local para passar a noite, já que o aventureiro vimaranense raramente dorme debaixo de telha, a tenda é a sua casa. Como havia uma casa ali perto, decidiu ir lá avisar que ia passar ali a noite, mas ninguém abriu a porta. A meio da noite, necessidades fisiológicas fizeram-no sair e foi nessa altura que apareceu o dono da propriedade de arma em punho, aos gritos. “Durante meia hora, nem eu o entendia a ele, nem ele a mim”, conta Henrique Pereira. Valeram as publicações nas redes sociais e as notícias nos jornais para provar que não era um bandido.

“A partir daí, o senhor ficou tranquilo e, depois de ver que eu não era ameaça, convidou-me para dormir na casa dele”, relata o caminheiro. Naquela noite estavam zero graus. “Disse que não podia ficar ali porque estava muito frio, deu-me um jantar de ovos fritos, café e raki [aguardente]. No dia seguinte, ofereceu-me ovos, pão e café e até queria que eu ficasse mais algum tempo a descansar”, conta. Como sinal de reconhecimento pelo acolhimento, Henrique Pereira ofereceu ao homem uma garrafa de vinho que tinha trazido da Roménia, mas não saiu de lá sem trazer outra garrafa de vinho, da Moldávia.

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Noite de Natal sozinho a 8 graus negativos e com neve

Henrique Pereira chegou esta terça-feira à capital da Moldávia, Chisinau, onde vai passar o Natal. É o terceiro ano que passa as Festas fora de casa. O bacalhau está fora de questão porque na Moldávia nem sequer sabe se o encontra à venda. “Na Roménia, onde estive antes, ainda vi bacalhau a vender, embora não fosse muito comum, mas o preço era um estouro”, refere. Para o dia de Natal, em Chisinau, a previsão aponta para uma temperatura a variar entre 1 e -8 graus e uma possibilidade de queda de neve de 46%. Nada que meta medo ao vimaranense que se prepara para avançar para a Ucrânia onde, no pico do inverno, espera encontrar temperaturas de – 30 graus.

“Acho que vou sobreviver, embora não tenha todo o equipamento necessário”

Nos últimos tempos, com alguma ajuda da família, de fãs e seguidores, Henrique Pereira equipou-se melhor para enfrentar estas condições extremas, mas ainda não tem tudo o que seria necessário. Recorde-se que o caminheiro raramente dorme em dentro de portas e, quando o faz, é porque alguém o convida ou por estar em cidades onde não é possível montar a tenda e, nessas alturas, dorme em hotéis modestos. “Não tenho todo o equipamento que eu gostaria de ter ou o que é recomendado, mas acho que vou sobreviver. O saco de cama recomendado para as temperaturas que vou encontrar custa entre 500 e mil euros e eu não tenho esse valor”, admite.

Henrique Pereira tem sido, ao longo dos últimos 810 dias, um embaixador de nacional, empurrando o carrinho onde transporta todos os seus pertences através de: Portugal, Espanha, França, Mónaco, Itália, Vaticano, San Marino, Eslovénia, Croácia, Áustria, Eslováquia, Hungria, Sérvia, Bósnia, Montenegro, Albânia, Macedónia, Kosovo, Bulgária, Grécia, Turquia, Roménia e Moldávia. A chegada a Portugal está apontada para meados de 2028, depois de ter percorrido 28 mil quilómetros e de ter passado por 42 países, na primeira volta à Europa a pé.

Ganhava o salário mínimo antes de se lançar nesta aventura, partiu com as poucas economias que tinha e com muita coragem. A coragem nunca lhe faltou, o dinheiro está quase sempre a faltar-lhe e as economias que tinha, há muito que se esgotaram.

Se quiser ajudar o Henrique a completar a volta à Europa a pé, pode contribuir através de MBWay (+41767356532), PayPal (riickyodissey), Revolut (LT043250045287033010) ou transferência bancária (PT50004587714040666872959).

Rui Dias

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