Começou por recuar no tempo, e lembrar a passagem por Guimarães da ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, recorde-se, no âmbito da assinatura de acordos para reabilitação do Padrão de S. Lázaro e da Igreja de Santa Marinha da Costa, assim como o selar de compromisso futuro, que vai depender dos resultados das Legislativas de maio, de financiar o CIAJG em 300 mil euros por ano. Na altura, a ministra salientou o papel de Ricardo Araújo, assim como a persistência, no sentido de sensibilizar o Governo para os anseios e necessidades de Guimarães.

Nesta conferência de imprensa, o candidato social democrata realçou que, das palavras de Dalila Rodrigues, se pode reter que “a dinâmica política produz resultados concretos e que a Cultura é intrínseca a Guimarães”. “Se queremos mudar o concelho, temos de agir com vontade, crença na mudança e persistência”, assim como, “estar nos locais certos, procurar interagir com as pessoas certas, estar capacitado para mobilizar vontades decisórias, possuir sabedoria e firmeza para as convencer”. Disse ainda que “os resultados positivos não caem do céu” e que são “sempre fruto de ação, da estratégia, da leitura correta do momento”, afirmando que “o resultado de uns poucos meses de ação e dinâmica política resultante da atividade em Lisboa, em prol de Guimarães, é indiciador de tudo o que Guimarães poderá vir a obter no futuro”.

Revelando-se um conhecedor da “paixão” associativa, uma vez integrado “durante muitos anos ao caldo de cultura associativa”, assim como das das dificuldades, as lágrimas das impossibilidades, a amargura das desilusões, a frustração das tentativas falhadas e o silêncio amargo de quem, apesar de tudo, nunca deixa de acreditar”, deu conta de um almoço que promoveu entre a ministra da Cultura, com vários artistas e dirigentes associativos”. “E tal constituiu uma jornada de imensa troca que possibilita, hoje, uma melhor visão, em Lisboa, do que é e são os anseios e constituem a energia vital e as dificuldades das várias associações e artistas locais”, disse Ricardo Araújo.

“Queremos que Guimarães volte a ter à posição de destaque que granjeou enquanto Capital Europeia da Cultura”

Embora reconhecendo não ter havido retrocesso desde então, o candidato do PSD diz que algo mais poderia ter sido feito, por parte da Câmara Municipal de Guimarães. “Comigo na liderança da Câmara Municipal, a Cultura e o associativismo terão a relevância estratégica que merecem”, garantiu na conferência de imprensa. Como Capital Europeia da Cultura, adiantou, “Guimarães acrescentou a marca Cultura ao seu posicionamento enquanto Cidade Histórica e Industrial”. “Trouxe centralidade deste setor para a agenda política e qualquer estratégia presente e futura para o desenvolvimento do concelho tem de considerar a dimensão cultural como um pilar obrigatório”. No entanto, frisou, “infelizmente, os anos seguintes a 2012 não foram capazes de dar seguimento às legitimas expectativas e anseios de afirmação e crescimento artístico, cultural, associativo”.

Apesar do facto de os “recursos financeiros em 2012 serem excecionais, o Município devia ter acautelado a necessidade de alocar verbas nos anos subsequentes, com a aposta na
afirmação cultural de uma cidade necessita de tempo e sustentabilidade”. Como candidato nas próximas Autárquicas, destacou três desafios: “Valorizar verdadeiramente um sistema misto, onde a dinâmica e oferta cultural de Guimarães resulta de um palco onde atuam entidades públicas (Município, Oficina), associativas e privadas, essencialmente em regime de complementaridade, capaz de assegurar uma programação cultural diversificada, acessível e descentralizada no território vimaranense”. Isso implica , “capacitar e promover as nossas associações culturais, fortalecendo as suas competências” e isso “faz-se com apoio financeiro público, mas também técnico”.

É que o candidato defende que o Município devia criar um Gabinete Especializado de Apoio às Associações, “que ajude em candidaturas, projetos e procura de novas fontes de financiamento”. “As associações culturais vimaranenses, quando têm recursos financeiros disponíveis já demonstraram a sua capacidade de organizar e produzir eventos com o mesmo nível de profissionalismo
que outras entidades públicas e privadas, muitas vezes de uma forma mais eficiente, porque estão habituadas a fazer muito com pouco”. O segundo desafio passa pela criação. “Além da programação cultural de qualidade, temos de criar condições para que Guimarães se projete como uma cidade criadora de cultura, atrativa para os artistas se instalarem, viverem e produzirem”. E como se faz? “Começar por valorizar e apoiar mais os artistas locais, promovê-los e atrair, captar talento artístico externo”, incentivando “verdadeiramente as indústrias criativas, dinamizar bolsas de apoio, residências artísticas, espaços de coprodução, que  são fundamentais para este efeito”. Além disso, defende uma estratégia que consiga “fixar os alunos de artes visuais e performativas da UMinho no final da licenciatura”.

O terceiro desafio, segundo Ricardo Araújo é “a gestão eficiente dos equipamentos públicos e assegurar uma programação cultural diversa, multidisciplinar de qualidade, capaz de atrair diferentes públicos e visitantes”, deu conta. “Infelizmente, aos olhos de muitos, a Cultura é algo de supérfluo e dispendioso e a esses costumo responder que a falta de Cultura custa muito mais, basta aprender com a História. Por isso não tenho dúvidas, a Cultura não é luxo, é oxigénio”, rematou.

A Casa da Memória foi palco desta conferência de imprensa do PSD, que vai formalizar a coligação com o CDS/PP nos próximos dias. A apresentação oficial de candidatos às Autárquicas deverá ter lugar depois das Legislativas, que acontecem a 18 de maio.