Críticas às AECs e acessibilidades nas escolas de Guimarães motivam debate na Reunião de Câmara
As dificuldades nas Atividades de Enriquecimento Curricular (AECs) e os problemas de acessibilidade em algumas escolas do concelho de Guimarães voltaram a ser alvo de críticas por parte da vereadora Emília Lemos, da Coligação Juntos por Guimarães, motivando uma resposta detalhada por parte da vereadora com o pelouro da Educação, Adelina Paula Pinto (PS).

© Inês Sampaio / Mais Guimarães
Na sua intervenção, Emília Lemos denunciou que várias escolas continuam a enfrentar carências graves no que respeita às AECs. Em particular, apontou o caso da Escola de Oliveira do Castelo, onde, segundo a vereadora, “Várias turmas terminaram o ano letivo sem qualquer professor de artes performativas.” Lemos acusa o município de inação, alegando que “não foram encontradas soluções temporárias ou alternativas para garantir o mínimo de acompanhamento pedagógico.”
A vereadora reforça que, apesar de alertas anteriores, a situação “continua exatamente igual”, com crianças deixadas ao cuidado de assistentes operacionais, sem qualquer oferta educativa alternativa durante o período reservado às AECs.
Em resposta, Adelina Paula Pinto reconheceu a gravidade do problema, mas defendeu que a escassez de professores e a precariedade do regime das AECs são entraves estruturais que ultrapassam a capacidade do município. “Este é um problema nacional. Não temos quadros qualificados suficientes e a maioria dos técnicos trabalha apenas três ou quatro horas por dia. Muitos são professores que estão a ser chamados para o ensino regular”, explicou.
A vereadora socialista admitiu que “manter o modelo atual com qualidade é muito difícil” e anunciou um projeto-piloto a arrancar já no próximo ano letivo, centrado na contratação de animadores socioculturais e na reformulação do conceito de escola a tempo inteiro. O objetivo é criar um modelo mais lúdico, flexível e centrado na autonomia infantil. “As crianças hoje não sabem brincar. Andam de atividade em atividade, sem espaço para escolher. Precisamos de recuperar a liberdade e a autonomia no seu tempo escolar”, defendeu.
Acessibilidade: “Problema que se arrasta há anos”
Emília Lemos aproveitou ainda para chamar a atenção para os problemas de acessibilidade nas escolas, dando como exemplo a Escola da Cruz d’Argola, onde “há anos que alunos com mobilidade reduzida enfrentam obstáculos no acesso ao recinto e nas ruas circundantes.” Segundo Lemos, “existem passadeiras sem rebaixamento, passeios ocupados por carros e ausência de alternativas viáveis para alunos em cadeiras de rodas elétricas.”
Sobre este tema, Adelina Paula Pinto assegurou que a Câmara tem estado a intervir gradualmente em todas as escolas e outros equipamentos públicos, mas admitiu que “não é possível resolver tudo de uma vez, sobretudo numa cidade com um centro histórico como o de Guimarães.” Ainda assim, garantiu que existe um plano em execução e “atenção constante às situações reportadas.”
O confronto de posições evidencia duas leituras distintas sobre a realidade educativa em Guimarães. Enquanto Emília Lemos insiste que “não se pode falar em Guimarães como uma referência no ensino quando há escolas com falhas graves e crianças sem acompanhamento,” Adelina Pinto defende que o município “continua a ser um exemplo nacional,” mas admite que o modelo atual precisa de ser reestruturado para garantir qualidade e inclusão.