“Daqui Houve Resistência” de Guimarães para o mundo na RTP e no CCVF

A série retrata a vida de importantes figuras da região de Guimarães, uma década antes da queda do Estado Novo, a 25 de abril de 1974. Teve estreia na noite desta sexta-feira, dia 25 de abril, na RTP, tendo sido transmitida em horário nobre, após o Telejornal.

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A produção conta com cinco episódios, exibidos entre 25 de abril e 02 de maio. Os episódios ficam disponíveis na plataforma RTP Play. Já em Guimarães, neste sábado e domingo, dias 26 e 27 de abril, a série é exibida no Grande Auditório Francisca Abreu, no Centro Cultural Vila Flor, a partir das 21h15, com entrada gratuita.

A série televisiva baseada em factos e personalidades reais sobre a resistência e luta antifascista, centrada a norte de Portugal, durante os 13 anos que antecederam o 25 de Abril de 1974 vai finalmente ser exibida no canal público nacional. “Daqui Houve Resistência” chega ao pequeno ecrã depois do lançamento do livro de César Machado, e editado pelo Cineclube de Guimarães em 2017, com cinco episódios realizados pelos cineastas Edgar Pêra e Carlos Amaral.

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Com um elenco de luxo, a série conta com nomes bem conhecidos do público vimaranense como Carolina Amaral, Diana Sá, João Pedro Vaz, António Durães, Miguel Moreira, Valdemar Santos, entre outras estrelas do teatro e do cinema em Portugal. “Daqui Houve Resistência” conta a história de ilustres vimaranenses como José Casimiro Ribeiro, interpretado por Albano Jerónimo, Santos Simões, por João Pedro Vaz, ou Lurdinhas de Urgezes, pela conterrânea Carolina Amaral, que lutaram pela queda do regime, apesar da distância física que separam as cidades de Guimarães e Lisboa. Fazem ainda parte do elenco nomes como Miguel Borges, Nuno Nolasco, João Nunes Monteiro e Nuno Preto.

Na ficha técnica constam ainda outros nomes, como a produção de Rodrigo Areias e o seu Bando à Parte, o músico Manuel de Oliveira, e ainda Pedro Bastos e César Machado como argumentistas da série que promete mostrar um pouco da luta descentralizada contra o fascismo em Portugal.

Mudança nasceu de múltiplos pontos do país e de quem ousou resistir

Através de testemunhos reais, a série revela como, em várias localidades, a resistência ao fascismo teve diferentes formas, desde a clandestinidade política até as ações mais diretas. Ao focar-se em figuras anónimas e em movimentos menos conhecidos, “Daqui Houve Resistência” reforça a ideia de um retrato humano e plural do caminho para a liberdade, mostrando que a mudança nasceu de múltiplos pontos do país e de quem ousou resistir.
As gravações da série aconteceram sobretudo em diversos locais do concelho de Guimarães, inclusive no seu centro histórico e ao longo de vários dias, o que levou a alguns cortes de trânsito automóvel e pedonal em situações esporádicas.

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As exibições dos episódios de “Daqui Houve Resistência” no Centro Cultural Vila Flor terão entrada livre, mas limitada à capacidade dos 800 lugares disponíveis.
“Daqui Houve Resistência” teve o apoio do Município de Guimarães, do Turismo de Portugal, do Ministério da Cultura e aval da Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril.
Rodrigo Areias, em declarações ao Mais Guimarães, deu conta que marcou presença na apresentação pública do leque de séries que a RTP vai lançar em 2025, entre elas “Daqui houve resistência”. Questionado sobre uma possível segunda temporada, até porque material não faltará para que isso aconteça, o realizador garante que, neste momento, nada aponta para que isso aconteça, mas, a acontecer, essa vontade e contacto deverá partir da RTP. “Temos muita produção para fazer até 2028, muito trabalho”, referiu Rodrigo Areias, certo de que a série “Daqui houve resistência”, terá um impacto positivo para o concelho de Guimarães.

“Com as dúvidas e desafios que enfrentamos, mais razão temos para lembrar como se chegou ao 25 de Abril”, César Machado

Para César Machado, autor do livro que deu origem à série, o projeto assume um caráter simbólico e educativo: “Julgo que era obrigatório fazer uma comemoração à altura desta data e da importância que ela teve. Com as dúvidas e desafios que enfrentamos hoje, mais razão temos para lembrar como se chegou ao 25 de Abril e o que foram os 48 anos anteriores”.
O autor levou, aquando do lançamento do livro, essa reflexão a várias gerações através de encontros em escolas e outras instituições. “Fiz várias comunicações, não foram lições, desde o ensino secundário até ao primeiro ciclo, e até num centro de Cuidados Continuados. O que notei foi uma enorme curiosidade, especialmente entre os mais jovens, por detalhes do quotidiano de então, que revelam o sufoco vivido por gerações até à queda da ditadura.”.

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Segundo Machado, há uma urgência em manter viva a memória coletiva. “As gerações de hoje cresceram em liberdade. Para elas, é um bem tão natural quanto o ar que respiram. Mas é essencial que compreendam que nem sempre foi assim e que essa liberdade foi conquistada com esforço, sacrifício e coragem”.
Agora em série, “além de ser uma homenagem aos que lutaram pela liberdade em 1974, pretende também ser um instrumento pedagógico para aproximar os mais jovens da História recente de Portugal, tornando-a acessível e próxima das suas realidades”.

Surge o livro e “uma homenagem a todos aqueles que, a partir de Guimarães e do norte do país, lutaram também para que a liberdade chegasse a Portugal”.
“Logo no ano em que saiu o livro, o Rodrigues disse-me: Vamos por isto em cinema, porque tem potencial, pensem nisso para daqui a 10 anos. Bem, não estava habituado àquele calendário, para daqui a 10 anos, mas a verdade é que 10 anos depois celebrámos os 50 anos, 25 de Abril”, disse ainda César Machado. E concluiu: “É preciso fazer justiça a estas mulheres e a estes homens e se a série atingir isso, eu acho que ganhámos”.

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