Também elas agora têm futuro: Guimarães lança Academia de Futebol para raparigas dos bairros sociais

Guimarães será palco de uma das mais inovadoras iniciativas de inclusão através do desporto: a Academia Social de Futebol Feminino de Guimarães. Trata-se de um projeto de inovação social promovido pela Associação Esfera Aplaudida, em colaboração com a Câmara Municipal de Guimarães, e que conta com financiamento do Fundo Social Europeu, no âmbito do Portugal 2030.

© Academia Social de Futebol Feminino de Guimarães

A apresentação oficial do projeto realiza-se esta sexta-feira, 4 de julho, às 19h00, no Bairro da Atouguia, com a presença da Vereadora da Ação Social, Paula Oliveira, da Presidente da Associação Esfera Aplaudida, Alexandra Coelho, de uma representante da Federação Portuguesa de Futebol e do Coordenador do Projeto, o treinador Daniel Pacheco. Vários parceiros estratégicos também marcarão presença, reforçando o compromisso coletivo com esta causa social.

Mais do que ensinar futebol, a academia tem como missão criar oportunidades para meninas em contextos de vulnerabilidade social, oferecendo uma resposta integrada que combina desporto, educação, apoio emocional e orientação para o futuro. Destina-se a raparigas dos 8 aos 18 anos, oriundas de sete bairros sociais do concelho de Guimarães, muitas delas afastadas do desporto por motivos socioeconómicos, culturais ou de género.

“O futebol é o meio, mas o objetivo é a transformação. Queremos capacitar estas jovens, devolvendo-lhes a confiança e oferecendo-lhes um caminho alternativo, onde elas são protagonistas da sua história”, afirma Daniel Pacheco, treinador profissional com experiência na Liga BPI e autor do modelo de futebol inclusivo do projeto Alquimia, do qual esta academia evoluiu.

Projeto multidisciplinar com impacto a longo prazo

A Academia Social de Futebol Feminino de Guimarães articula treino técnico com apoio académico, desenvolvimento pessoal e acompanhamento psicossocial. A equipa inclui treinadores, assistente social, fisioterapeuta, nutricionista, mentores profissionais, gestores de impacto e técnicos de comunicação.

Entre os objetivos estratégicos estão: Garantir a igualdade de acesso e permanência no desporto; Criar planos de desenvolvimento individual para cada participante; Desenvolver competências de liderança e comunicação; Apoiar o sucesso escolar e a orientação vocacional; Combater a exclusão social e os estereótipos de género; Preparar as jovens para a vida, dentro e fora do campo.

A academia prevê ainda momentos de mentoria com figuras de referência do futebol feminino português, as chamadas “madrinhas” do projeto, que partilharão as suas histórias e experiências com as jovens atletas.

Com um investimento global de 240 mil euros, dos quais cerca de 48 mil cofinanciados pela Câmara Municipal de Guimarães, o projeto será implementado em duas fases: um primeiro ano piloto com 40 jogadoras, seguido de uma fase de expansão para 60 participantes no segundo ano. A monitorização de impacto será contínua, com base em indicadores como retenção, progresso técnico, desempenho académico, autoestima e satisfação.

“O sucesso deste projeto não se mede apenas pelos golos marcados ou pelas vitórias. Mede-se pela transformação real na vida destas raparigas, no reforço da sua autoestima, no aumento das oportunidades e na quebra de ciclos de exclusão”, sublinha Patrícia Assis, gestora de impacto do projeto e fundadora da consultora Ant Element.

Este é um projeto pioneiro a nível nacional no que diz respeito à interseção entre desporto, igualdade de género e inovação social. Com ele, Guimarães afirma-se como uma cidade comprometida com o futuro das suas comunidades e com o papel transformador do desporto na sociedade.

A apresentação pública do projeto é aberta à comunidade e contará com momentos simbólicos, intervenções institucionais e contacto direto com os protagonistas desta nova etapa para o futebol feminino.

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