ENTREVISTA A VIMARANENSE EM BARCELONA

“A população portuguesa não se iria sentir excluída”, Helena Fontão

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Helena Fontão é enfermeira, natural de Guimarães e emigrou para a Catalunha há nove anos. Trabalha atualmente no Hospital Clinic de Barcelona e vive no centro da cidade. Ao Mais Guimarães, explica o que se vive na capital catalã, numa altura em que é debatida a independência.


Como é que os portugueses têm vivido esta situação?
Eu não posso falar pelo conjunto dos portugueses que vivem cá, principalmente porque as minhas amizades são na sua maioria catalães. O que eu tenho sentido principalmente é preocupação porque a situação política é ambígua, incerta e sem garantias.
Pessoalmente qual é a sua posição, é contra ou a favor da secessão?
Eu pessoalmente sou contra a secessão porque acredito que isso significaria deixar de ser membro da UE. O tratado da UE defende de uma forma clara que esta serve, entre outras coisas, para garantir a integridade territorial dos estados e o Comité das Regiões diz que
se uma região europeia alcança a independência converte-se num terceiro país que terá de voltar a solicitar pertencer à UE e o facto de mais de 40 empresas importantes terem mudado a sua sede fiscal da Catalunha e de que cerca de 50% do PIB catalão ter sido descentralizado é prova disso.
Os portugueses que aí estão, na sua opinião, são maioritariamente contra ou a favor da independência da Catalunha?
Parece que muitas vezes quando toca a questões políticas as pessoas preferem guardar a opinião para si, não acredito que seja por medo, acho que para evitar discussões desnecessárias.
Sente-se a tensão na rua e nos locais de trabalho entre os catalães que são contra e favor? Há discussões?
Eu não diria que existe tensão, há divergência de opiniões e se há algo que se caracteriza o povo catalão é de demonstrar ter respeito por todas as ideologias não só políticas como culturais, religiosas, etc. Os incidentes do dia 01 e 12 de Outubro foram atos isolados, não são situações que felizmente se vivam diariamente.


Conhece famílias que estejam
divididas por terem
opiniões diferentes? Por exemplo, pais e filhos.
Conheço famílias que têm opiniões distintas mas não ao ponto de estarem divididas, até porque, como disse anteriormente, o respeito é a base de convivência do povo catalão.
Como é que acha que a situação iria afetar os portugueses se houvesse uma declaração de independência efetiva?
Acho que o exemplo do Brexit pode dar uma ideia das diversas dúvidas que o desenvolvimento de um processo destas características cria. No entanto, a população portuguesa não se iria sentir “mal tratada” nem “excluída”.
Acha que o chefe do governo catalão Carles Puigdemont vai recuar relativamente à declaração de independência?
É difícil imaginar as condições que influenciam o presidente da Generalitat da Catalunha na tomada de decisões, mas acredito que recuar na declaração da independência não é a primeira opção para um dirigente que foi presidente da AMI (Associação de Municípios pela Independência da Catalunha).
O que é que pensa da intervenção policial no dia das eleições?
Desastroza para não dizer pior. É verdade que foi um referendo ilegal mas acho que a atuação policial foi completamente desmesurada sobre um povo (ao qual acima de tudo devia proteger) cujo único objetivo era expressar de forma pacífica a sua vontade.
O reforço policial é visível nas ruas?
Ele existe nas ruas desde os trágicos atentados em Barcelona e Cambrils de Agosto de este ano, por este motivo é difícil discernir se houve um aumento com os recentes acontecimentos.
Depois disto, acha que tudo pode voltar à normalidade anterior?
Para conseguirmos alguma normalidade, no meu entender, o Governo Central e o Catalão terão que por as suas diferenças de parte, sentar-se a dialogar e alterar a Constituição.

  • Rui Dias

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