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Estudantes de Artes Visuais e Teatro denunciam falta de “condições mínimas de ensino” no Jordão

Sem internet, cantina, bar e com água apenas em metade do edifício, alunos querem fazer-se ouvir.

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Os estudantes de Artes Visuais e de Teatro da Universidade do Minho (UMinho) mostram desagrado com as condições do Teatro Jordão e Garagem Avenida, onde funcionam atualmente esses cursos. No espaço agora renovado, dizem não haver “condições mínimas de ensino”.

© Joana Meneses / Mais Guimarães

Ao Mais Guimarães, Helena Figueiredo, aluna do 3.º ano de Artes Visuais, conta que estão com “falta de várias oficinas, como a de metais, que ainda não está montada”. Relativamente às oficinas de gravura e cerâmica, diz terem sido os próprios alunos a montar “com mesas de outras salas que estão a fazer falta neste momento, porque não há móveis suficientes”. “Não há tomadas para ligar o forno de cerâmica”, garante explicando que precisam de se deslocar a outro edifício para cozerem as peças.

A situação, contudo, não é recente. Em Azurém, onde funcionava o curso de Artes Visuais antes de se mudar para o Teatro Jordão e Garagem Avenida, “isto acontecia frequentemente”. “Estávamos numa sala onde chovia, falamos com os professores, houve insistência com a direção, com a Reitoria, mas não houve mínimo interesse”, assegura a estudante.

No que ao curso de Teatro diz respeito, Helena adianta que as salas têm “má circulação de ar” e o facto de serem de vidro faz com que, “muitas vezes, passem lá, por exemplo, crianças que, inconscientemente, ficam a observar e é desconfortável”.

Ricardo estuda no 2.º ano da licenciatura de Teatro e acredita que “estudar na UMinho tem sido desafiante”. Explica que “não é a nível dos estudos, porque isso é sempre um desafio, mas é quase um tiro no escuro sempre que temos que fazer ou apresentar alguma coisa. Nunca sabemos quais vão ser as condições”.

A situação que considera “mais hipócrita” é o facto de se tratar de um curso de Teatro e não poderem usar “o auditório e o palco em si”. “Existe um palco, mas nós não podemos usar”, diz ao Mais Guimarães.

O estudante dá ainda a conhecer a situação das salas de ensaio e dos balneários que são necessários quando têm aulas mais práticas. “Temos uma sala maior que quem entra ali diz que está uma coisa bonita, esteticamente está bonito, mas, ao fazer a aula, e a sala é no piso de cima, não temos acesso nenhum a respiração ao ar livre. Suamos e aquilo está completamente vedado, não conseguimos respirar”, assegura.

Em relação aos balneários, o aluno diz só existirem na sala que fica no piso inferior e “não têm os bancos onde podemos deixar as coisas”. Quando estão nessa sala, os pertences acabam por ficar no chão do balneário, mas a questão é ainda mais complicada quando estão na sala de cima. “Há duas semanas tivemos que deixar as coisas no chão da sala. Os professores disseram que não gostavam que deixássemos as coisas no chão e tivemos que deixar do lado de fora, o que é um risco. Quando arranjamos um sítio que era minimamente seguro para deixar as coisas, veio um senhor dizer que tínhamos que as tínhamos que tirar porque ia haver uma visita guiada. Retiramos, mas a nossa aula acabava às 12h00 e a visita só ia acontecer às 18h00”, relembra.

No piso de cima, por exemplo, existe uma porta que dá diretamente para o exterior, “mas está sempre fechada”. “Uma porta que dá para um espaço onde até dava para pôr uma esplanadazinha, qualquer coisa, e não fazem nada”, considera Ricardo.

A licenciatura de Teatro passou do campus de Couros para o Teatro Jordão e, no passado, os estudantes contentavam-se “porque era aquilo que tinham”. Com a mudança “drástica” para o novo edifício, esperavam diferenças significativas. “O que nós tínhamos era desenrasque, mas desculpávamos porque o curso estava a mudar e a ficar mais prático”, explica.

“Agora que temos espaços novos, as coisas deveriam estar minimamente em condições. Há problemas que não podem ser aceites”, diz Ricardo.

Há, contudo, problemas que afetam todos os que passam o dia a dia no Teatro Jordão e Garagem Avenida. “Falta água em metade do edifício, não temos cantina nem bar, a sala de convívio são quatro mesas e quatro cadeiras desmontadas”, exemplifica Helena. A internet continua, dois meses após se terem mudado, em falta. “Temos de nos deslocar para outro edifício para fazer trabalho de pesquisa”, confessa.

A cantina, ou a falta dela, bem como o bar, são outras questões levantadas pelos estudantes. No edifício há apenas dois microondas e cerca de 20 cadeiras para, aproximadamente, 130 alunos. “Formam-se filas enormes, e temos, normalmente, uma hora para almoçar. Nem toda a gente se pode sentar, muitas vezes temos de comer dentro das salas de aula”, garante Helena.

Também Ricardo faz referência a este problema. “No ano passado, quando estávamos em Couros, a Universidade tinha parcerias com restaurantes onde íamos e conseguíamos preços mais baratos. Agora deixaram de ter. Tínhamos máquinas e agora nem máquinas temos. Temos dois microondas. Saímos muitas vezes às 13h00 e só às 13h40 é que estamos a começar a comer. É frustante e os alunos precisam de tempo para eles”.

Além disso, sempre que os alunos da Universidade do Minho querem usar a Galeria e o Teatro Jordão, precisam “de pedir autorização à Câmara. São muitas burocracias que dificultam algo que nos podiam ajudar profissionalmente”, desabafa Helena.

Esta quarta-feira, dia 20 de abril, os alunos de Teatro e Artes Visuais da UMinho vão manifestar-se pelas ruas de Guimarães. Saem do campus de Azurém e vão em direção ao Teatro Jordão com um objetivo: “que a Universidade ponha mãos à obra e dê as condições mínimas de ensino”, garante a estudante de Artes Visuais.

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