Maioria socialista aprovou aquisição de bens no valor de 2 milhões. “Mau exemplo de gestão”, diz oposição
Domingos Bragança justifica o endividamento “avultado” com a requalificação dos Banhos novos e do Polidesportivo, afastando o cenário de “desvio ou gestão danosa”.
O município de Guimarães vai intervir na situação de dificuldade financeira que atravessa a Taipas Turitermas. Foi aprovada, na reunião de Câmara desta segunda-feira, 20 de junho, a aquisição bens patrimoniais da cooperativa, entre eles o prédio urbano situado na Alameda Rosas Guimarães, no qual, para além de outros equipamentos, o restaurante e parque de campismo, está edificado o polidesportivo.
A proposta referente ao valor de dois milhões de euros foi aprovada com a maioria socialista e voto contra da oposição, que se mostrou desagradada com a solução encontrada pelo município.
Bruno Fernandes, vereador da coligação Juntos por Guimarães (JpG) evidenciou a “rotura financeira” em que Turitermas se encontra, que já vinha a dar sinais desde 2015, e afirmou que esta é uma situação que evidencia as “estratégias erradas” tomadas por parte das diferentes direções, que classifica como “incompetentes”. O vereador lembra que a Câmara é a principal acionista da cooperativa, com 95%, e acusa o executivo vimaranense de “desbaratar o dinheiro dos vimaranenses”, uma vez que comparticipou o polidesportivo e agora vai adquiri-lo.
“Censurámos o negócio. Aquilo que vai acontecer é que os vimaranenses vão pagar dois milhões de euros à Taipas Turitermas para corrigir erros de gestão feitos ao longo dos últimos anos, ao fazer investimentos para os quais não tinha dotação financeira”, referiu aos jornalistas.
Além disto, Bruno Fernandes reitera que as direções “não podem ser escolhidas em função da cor partidária” e diz não ter dúvidas de que a cooperativa está “mais ao serviço de uma estratégia político-partidária do que ao serviço dos taipenses e da comunidade”. Assim, solicita um estudo de viabilidade económico-financeira, bem como uma auditoria independente às contas da cooperativa.
A seu ver, o “presidente da Câmara Municipal tem feito ouvidos moucos àquilo que têm sido os alertas dos mais variados quadrantes”.
Já Ricardo Araújo lembrou o endividamento bancário atual em que a Taipas Turitermas se encontra, que ultrapassa os 5 milhões de euros. O social-democrata indagou Domingos Bragança acerca da responsabilidade dos gestores e questionou a situação patrimonial da cooperativa no seu todo, uma vez que apenas são conhecidas as dívidas às entidades bancárias.
“A Taipas Turitermas tem vivido acima das suas possibilidades e não é capaz de libertar meios para fazer face às despesas que tem, nomeadamente às dívidas. É de uma péssima gestão”, completou.
Assim, considera que “é absolutamente inadmissível que alguém tome a decisão de financiar a empresa por via da aquisição de um imóvel sem conhecer, à data de hoje, o relatório e contas e a sua situação patrimonial”.
Assim, Ricardo Araújo sugere que “o PS reveja a forma como recruta os administradores para estas empresas municipais, a elaboração de um plano estratégico económico-financeiro e que sejam equacionadas outras soluções tais como a concessão da exploração da Taipastermal”.
Domingos Bragança justifica o endividamento “avultado” com a requalificação dos Banhos Novos e do polidesportivo, afastando o cenário de “desvio ou gestão danosa”.
Reconhecendo o mérito das obras levadas a cabo na estrutura, o edil vimaranense admite que “era esperada uma maior comparticipação de fundos europeus, que estavam previstos” e, neste momento, a cooperativa não tem possibilidade de saldar as dívidas, uma vez que “os períodos de amortização não estão de acordo com a libertação de fundos”. A reprogramação da dívida não tem sido possível, o que torna urgente a intervenção do município através da aquisição dos bens patrimoniais.
“A proposta que vem hoje ter à Câmara tem que ser aperfeiçoada”, explicou o edil vimaranense, que acrescentando que será necessário um diálogo com o Tribunal de Contas, que terá que dar o visto para que o negócio seja concretizado.
O presidente da Câmara Municipal confirma que “não afasta nenhum cenário” e admite a possibilidade de concessão ao setor privado. “É preciso resolver esta situação. O investimento foi bom para as Taipas, para as Termas, logo, foi bom para Guimarães”, afirmou.
A seu ver, o investimento realizado no pavilhão gimnodesportivo não seria da responsabilidade da Taipas Turitermas, apesar de ser sua propriedade, uma vez que é um investimento “de natureza claramente municipal”.
“Em bom rigor, se a Câmara puder transferir dois milhões de euros para a Taipastermal, não está mais do que a assumir um investimento municipal que já deveria ter sido feito em 2017/2018”, finalizou.
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