Mariana Silva: “A voz da CDU faz falta no executivo municipal”

A candidata da CDU acredita que a coligação de esquerda pode recuperar o vereador perdido nas eleições de 2017.

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A candidata da CDU acredita que a coligação de esquerda pode recuperar o vereador perdido nas eleições de 2017.

© Cláudia Crespo/Mais Guimarães

É a única candidata do sexo feminino. Seria a altura, Mariana, de Guimarães ter uma presidente da Câmara Municipal?

O futuro é sempre incerto, mas é tempo de mudarmos, isso sim. É tempo de os vimaranenses experimentarem outras forças e experimentarem a CDU na gestão da Câmara Municipal. A CDU concorre para ganhar, mas sobretudo para voltar a ter voz na Câmara Municipal de Guimarães. Nestes últimos quatro anos percebeu-se que a CDU fez falta.

O que é que a fez abraçar este desafio?

O convite que me foi feito foi de confiança e esperança no futuro, um convite para continuarmos o projeto que iniciámos, com a minha presença, em 2009. Para mim fez sentido abraçar e continuar este caminho de futuro e
confiança para Guimarães. Há muitas questões que a CDU falava em 2009 e que ainda são atuais
em 2021, como a mobilidade, o rio Ave, o bem-estar animal, habitação… Há um longo caminho a
percorrer.

Há um caminho que foi apontado para Guimarães há alguns anos, que é o da sustentabilidade ambiental, com uma candidatura a Cidade Verde Europeia. O Partido Socialista prevê uma nova candidatura. Esse caminho verde tem ocorrido conforme a Mariana esperava?

Nós temos que ter em atenção que a questão ambiental está muito presente nas discussões políticas e nas preocupações de cada um de nós e até nas empresas. Aquilo que aconteceu é que ficámos em quinto lugar (na candidatura a Capital Verde Europeia), mas a partir daí o caminho ficou mais lento e pouco se viu de melhoramento nas questões ambientais. Há o problema do rio Ave, que não está tão poluído porque muitas das empresas encerraram, mas ele continua poluído. Esta questão tem que ser verdadeiramente planeada. Fazem-se coisas soltas, como a ciclovia, que vai por todos os vimaranenses a vigiar o rio. Isso é bom, mas não basta.

A questão dos transportes tem sido uma preocupação para a CDU. O que é que falta fazer?

A mobilidade é um tema caro para a CDU. É necessário levar o transporte público a todo o concelho. Ao retirarmos os carros das ruas vamos ter uma maior qualidade ambiental. O que sempre defendemos é que o transporte público devia ser da responsabilidade do município e só o município pode oferecer este serviço a preços acessíveis e chegando até a ser gratuito. Se houver uma aposta forte nos transportes públicos, teremos menos carros. Se tivermos menos carros os transportes públicos andam de forma mais célere. Precisamos é de ter mais oferta, mais horários, mais conforto…

A CDU defende também uma ligação mais rápida à alta velocidade?

A questão da ferrovia Guimarães-Braga, se tivesse sido feita desde que a CDU a defende, se calhar já estaríamos mais próximos da ligação rápida por ferrovia.

“Os mandatos têm quatro anos e as promessas estão nos programas e … não precisam de crescer como cogumelos no final dos mandatos”

Mariana Silva

O nível dos salários pagos em Guimarães é uma preocupação?

Com o salário baixo temos todos os outros problemas. Temos empresas que pagam salários baixos, a nível do têxtil e calçado. Não temos uma estrutura à volta que permita que venham para Guimarães empresas de outras áreas e que pagam salários mais elevados. E isso também parte do município. E por isso a CDU propôs que quando as empresas se candidatassem ao Regulamento do Interesse Municipal, uma das alíneas fossem os salários mais altos que o salário mínimo. Os salários são baixos e são sobretudo para as mulheres. São elas que sofrem com estes salários no seu dia-a dia. Porque depois precisam de colocar os seus filhos nas creches e não há creches suficientes, e têm a seu cargo familiares mais velhos, e não têm tempo, por exemplo, para participarem na política. Precisamos de trazer mais qualidade de vida para as mulheres em Guimarães, e isto passa por aumentar salários, criar uma rede pública de creches, de lares, de cuidados paliativos, em que possamos trazer conforto.

© Cláudia Crespo/Mais Guimarães

Domingos Bragança apresentou uma proposta para a construção de habitações a preços controlados. Esta proposta é suficiente?

A habitação é um problema já longo. Foi-se resolvendo no tempo e a CDU esteve envolvida no gabinete técnico local quando foi a requalificação do centro histórico. Estivemos sempre muito próximos desta questão. Para nós a habitação em Guimarães tem de passar pela habitação pública, pela habitação das cooperativas, em que dinheiro do Estado entra nestes dois itens, e depois a habitação privada. Dentro da habitação privada a sugestão da CDU, quando tínhamos um vereador, era de uma percentagem de cada licenciamento teria alguns fogos dedicados a casas com preços e rendas acessíveis. Mas também não foi aceite.

Continua a defender deixarmos de concentrar as pessoas que necessitam de maior apoio social num só local?

Sim. Nós não podemos continuar a juntar as pessoas todas em bairros, que ficam marginalizados. Isso está provado que não é possível continuar com esse modelo. Temos também a questão do IHRU, que ainda não está resolvida. Segundo a Câmara há dois ou três mil fogos já licenciados, perguntamos então quantos são para renda acessível, ou estarão a preços que um vimaranense que recebe o ordenado mínimo pode pagar? Vamos continuar a construir casas para que as pessoas não possam pagar? Temos que ter condições para que os vimaranenses queriam ficar, os estudantes da UMinho queiram ficar, e quem vem de fora trabalhar, queira também ficar.

O que é que a CDU propõe para reverter a perda de população de Guimarães?

Guimarães tem vindo a perder população porque as pessoas têm vindo a perder qualidade de vida. A nossa cidade é muito bonita e todos defendemos mais e melhor para Guimarães, mas as pessoas, para terem vontade de morar cá, têm que ter habitação a preços acessíveis e um mercado imobiliário controlado. Mobilidade e transportes públicos e depois o acesso à cultura, que nós temos muita dificuldade. Se o último autocarro para as Taipas é às 18h50, é impossível vir à cultura à noite à cidade.

Torcato Ribeiro era a voz dos vimaranenses e a voz que faltou nestes quatro anos?

Foi um excelente vereador. A oposição também o reconhece. A CDU foi a primeira força política a exigir o seu gabinete dentro da Câmara Municipal. Depois o Juntos por Guimarães também exigiu. Mas nós ficámos lá sempre. Nós tínhamos a porta aberta para ouvir os cidadãos, porque a CDU só consegue trabalhar dessa forma.

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