Mário Centeno: “Sem vocês, não conseguiremos progredir, precisamos do esforço de todos”
Trata-se de uma iniciativa inserida no programa da XLIV Semana Aberta da escola de Guimarães que começa esta sexta-feira, prolongando-se até ao dia 04 de Abril.

© Helena Lopes / Mais Guimarães
O Governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, deu uma verdadeira aula de Economia na Escola Secundária Francisco de Holanda, na manhã desta sexta-feira. “Há 20 anos, não estariam metade dos alunos que estão nesta sala, porque os jovens de outrora já estariam no mercado de trabalho”, começou por dizer, apelando ao empenho dos alunos no sentido de se tornarem bons profissionais no futuro. “Sem vocês, não conseguiremos progredir, precisamos do esforço de todos”. Abordou a política monetária, para explicar que esta tem como missão ajudar a ultrapassar desafios e riscos. “Como economistas, perante uma crise, temos de nos questionar se nos preparamos para ela, e quando a resposta é negativa é porque algo falhou”. “Apostem tudo na preparação para os desafios e dificuldades”, insistiu.
Abordou de seguida a Política Monetária, “decisões tomadas por 20 países, cujo objetivo é a estabilidade de preços, convergindo para alcançarmos, a médio prazo, uma taxa de inflação de 2%”. Referiu Mário Centeno que “o preço é o farol das decisões” e que a “estabilidade se atinge quando a taxa for de 2%”. “Se a taxa de juro aumenta, investimos menos, as empresas também”, referiu remetendo para a fase em que as taxas de juro no máximo complicaram a vida a muitas famílias. “A maior parte tinha taxa variável, sempre que o BCE mexia e aumentava, as famílias pagavam mais”, afirmou, mas também acrescentou que “tivemos sorte e isso só existiu porque nos preparámos, as famílias, as empresas e as Câmaras Municipais também”. “Só tem sorte quem se prepara e quem está atento às oportunidades”, acrescentou.

© Helena Lopes/Mais Guimarães
Disse Mário Centeno que “temos mais um milhão de empregos do que há dez anos”, sendo que “na Economia ganha quem é mais paciente, quem tem mais capacidade de reação e está preparado”. E Portugal está preparado? “O Banco de Portugal tem orgulho na evolução da economia portuguesa”, disse. O período aberto a questões foi concorrido, e nota para a questão sobre criptomoedas. Quis o aluno Tiago Pereira saber qual a opinião de Mário Centeno. “Falta regulação e supervisão, não sabemos o que sustenta aqueles mercados. Na Europa está em curso a regulação destes ativos, em Portugal também, a partir daí entra o Banco de Portugal e a CMVM e aí quero acreditar que a segurança aumenta”, respondeu.
Mas a questão que gerou mais agitação na sala foi sobre a Caixa Geral de Depósitos. “Sendo um banco público, não devia estar mais do lado dos portugueses”? Questionou uma aluna. “Tenho a regra de não falar de instituições bancárias individualmente, não posso e não devo”, começou por dizer, adiantando que Portugal tem hoje “um sistema bancário que está no topo ao nível europeu. Há dez anos estávamos do lado oposto”. “Temos os dois melhores bancos da Europa, a CGD e o BCP”.
Domingos Bragança, presidente da Câmara Municipal de Guimarães também esteve presente e insistiu, quando tomou da palavra, na necessidade de apostar na literacia económica e financeira nas escolas. Assim como trabalhar o empreendedorismo: “Temos de ter mais consciência do empreendedor que muitas vezes cai, mas que se levanta a seguir”.