Mobilidade: Câmara ambiciona teleférico urbano para ligar principais pontos da cidade

Câmara Municipal de Guimarães promoveu uma sessão de esclarecimentos sobre o sistema de transporte público em via dedicada por “via aérea” - o teleférico urbano, dando a conhecer as suas vantagens e condicionantes.

teleférico

Na sequência do Estudo de Mobilidade Urbana apresentado recentemente pela equipa liderada pelo Professor Álvaro Costa, a Câmara Municipal de Guimarães promoveu uma sessão de esclarecimentos sobre o sistema de transporte público em via dedicada por “via aérea” – o teleférico urbano, dando a conhecer as suas vantagens e condicionantes.

© Mais Guimarães

César Dockweiler foi o especialista convidado a partilhar a sua experiência durante a sessão, que decorreu no Teatro Jordão. César Dockweiler é diretor Executivo da Implementação do Mi Teleferico, em La Paz e El Alto, na Bolívia, cidades onde está localizada a rede de teleféricos urbanos mais extensa do mundo e um projeto reconhecido como pioneiro no desenho de novas formas de mobilidade urbana.

O presidente da Câmara abriu a sessão dizendo que esta tinha como objetivo mostrar a experiência de outras cidades, para que o grande desafio que Guimarães tem, para o futuro da sua mobilidade urbana, possa beneficiar desses testemunhos e “fazer com que o sistema de transporte público seja uma boa opção”. Outro dos grandes compromissos que Domingos Bragança enfatizou é o da sustentabilidade ambiental, uma vez que a mobilidade é uma das áreas que mais contribui para a emissão de gases com efeito estufa. “O sistema que aqui vamos analisar é movido a energia elétrica. Somos uma cidade histórica e classificada, não podemos alargar as ruas e os teleféricos poderão constituir uma boa solução para a mobilidade urbana, em alguns casos particulares. No nosso caso concreto, pergunta-se da possibilidade de um sistema como este poder servir o perímetro citadino, ou mesmo ligar a cidade até outros pontos mais exteriores”, disse.

A visão do município, refletida no estudo apresentado, passa por tirar partido do sistema de teleférico “não só para vencer altitudes”, como é muitas vezes utilizado, mas também para promover a mobilidade urbana e o acesso ao centro histórico, “colocando as pessoas a cinco minutos a pé do centro da cidade em qualquer sítio que saiam”. O trajeto equacionado perfaz oito quilómetros, com quatro estações: Estação de Caminhos de Ferro, Universidade, HSOG e zona da Cidade Desportiva.

Tendo em conta que implementar um sistema de teleférico urbano semelhante àquele que foi apresentado representaria um investimento de 10 milhões de euros por quilómetro, ou seja, um total de 80 milhões, Domingos Bragança assume que se trata de um “investimento avultado”.

O edil vimaranense relembrou a possibilidade que Guimarães tem de se candidatar a fundos europeus destinados às 100 cidades que constituem a “Missão Cidades” da União Europeia, com vista à neutralidade climática, e que poderão ser fundamentais,  juntamente com o PRR e com o Quadro Comunitário 2030, para tornar “o projeto do teleférico urbano exequível se este for solução e comparativamente o mais adequado para uma cidade histórica, património mundial como a nossa”. Com esses apoios, a autarquia teria apenas que comparticipar a obra em cerca de 15%.

Na sua intervenção, o Professor Álvaro Costa deu alguns exemplos de cidades que são exemplares na implementação de soluções de mobilidade disruptivas e/ou inovadoras, como os casos do Porto com o seu metro de superfície, Pontevedra com a aposta na pedonalização da cidade, Bogotá com o sistema de BRT e La Paz com a maior rede de teleférico urbano do mundo. Para Álvaro Costa, Guimarães tem potencial para usar o teleférico como parte da solução de mobilidade, uma vez que o sistema tem várias vantagens em comparação com outros sistemas.

Na apresentação que realizou, César Dockweiler Suárez explicou as principais vantagens de um sistema de mobilidade como o teleférico urbano. No entanto, o especialista fez notar que não há nenhum sistema de transporte perfeito e que deverá ser feito um estudo profundo das necessidades e da tipologia dos locais a servir, para que possa ser escolhido o melhor método de transporte. Para César Dockweiler Suárez, o mais normal é a adoção de sistemas intermodais, integrando o metro, BRT, comboios e teleférico.

São 4 as dimensões da utilização do teleférico urbano que acarretam vantagens: melhoria da qualidade de vida, respeito pelo ambiente, adaptação à cidade, boa opção para os governos. De entre as qualidades do sistema, destaca-se o alto grau de flexibilidade, o caráter massivo do transporte (5000 passageiros/hora/sentido), o tempo de deslocação, a taxa de acidentes 0, a disponibilidade imediata (as cabines estão em permanente movimento), a energia limpa e renovável, a eficiência energética e a vida útil do sistema (40 anos).

No caso das cidades de La Paz e El Alto, o teleférico urbano permitiu não só melhorar a mobilidade dentro das próprias cidades, que albergam um total de 2 milhões de habitantes, como também fomentar a melhor circulação entre as duas. Além disto, a solução inovadora permitiu reduzir os acidentes rodoviários em cerca de 3,4%.

Na sua intervenção, o especialista destacou ainda a vantagem da implementação a curto prazo. Nas cidades da Bolívia, foi possível implementar o sistema de teleféricos de última geração com 3 quilómetros de extensão e 4 estações, em apenas 366 dias.

No final da sessão, Domingos Bragança reiterou que “vale a pena, pelo menos tentar trabalhar um projeto de teleférico de perímetro urbano para Guimarães, analisados os seus impactos, a sua integração no património natural e edificado, bem como o financiamento disponível”.

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