Movimento Guimarães for Peace trouxe 30 refugiados para Guimarães: “Choro, incerteza e insegurança”

Sentimento de "dever cumprido" reinou entre os membros do movimento Guimarães for Peace.

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À chegada a Guimarães na noite desta quinta-feira, depois da entrega de bens na Polónia e a recolha de 30 refugiados ucranianos, o sentimento de “dever cumprido” reinou entre os membros do movimento Guimarães for Peace.

Foi uma viagem de cinco dias e David Faria, um dos empresários que integra a Guimarães for Peace, recordou o momento da chegada à Polónia. Encontraram “uma situação muito débil, famílias divididas, muito choro, incerteza, insegurança. Pessoas a entrar nos carros, a terem que deixar as mães”. Explicou que “as mães querem ficar perto dos pais, mas querem que os filhos e as filhas venham para longe daquela guerra”.

“Como é que as vamos trazer para Portugal?”

Várias são as histórias que marcaram este grupo de voluntários. “Encontram-se muitas situações que não prevemos e temos que ser muito rápidos”, diz depois de descrever dois momentos. “Reparamos que uma família tinha uma criança de três semanas e a mãe estava com debilidade pós-parto. Era uma criança que nasceu um dia antes de ter estalado a guerra e há cinco dias para registar a criança. Nós não tínhamos papéis. Como é que as vamos trazer para Portugal?”.

Contactada a Embaixada e a Câmara Municipal, foram feitas pontes. A família estava ainda a 350 quilómetros do grupo. “Tínhamos que pegar numa equipa e deslocar-nos lá. Ter menos uma equipa no local podia comprometer o resto de todo o trabalho que estávamos a fazer. Era consumir um dia completo de viagem e fomos com alguma incerteza, mas com uma vontade muito grande de ajudar esta mãe”. Tinham em Portugal familiares e o grupo não sentia “esta missão completa” se não trouxesse a família.

Uma outra família sentia insegurança e “já estavam com um quadro psicológico muito complicado”, adianta David Faria. Ao colocar as malas na carrinha, o medo aumentou. “Disseram que afinal não queriam, estavam com medo de que levassem as malas”, explica o empresário que disse à família: “se quiser ficar, fica. Se não tiver confiança não pode vir, mas temos que decidir rapidamente”.

Paciência e compreensão são agora as palavras de ordem. São pessoas que “vivem uma situação pós-traumática” e, por isso, o grupo que partiu de Guimarães optou por se dividir em cinco equipas e cinco viaturas. Assim, garantem, “conseguíamos que fosse muito personalizado e acompanhar muito de perto”. Acrescentam que “foi um processo gradual”, uma vez que estão com “muitas inseguranças, muitas dúvidas”.

“Há um sentimento de dever cumprido, sobretudo de realização pessoal, sentimento de muita união neste grupo de trabalho, sentimento de ter conseguido dar amor aos nossos amigos ucranianos.”

David Faria

O compromisso com os ucranianos que chegaram a Guimarães “é continuar a acompanhá-los”, garante David Faria que frisa que todos os elementos do Guimarães for Peace “saíram a ganhar muito mais do que aquilo que fazem às outras pessoas. Enche o coração”. Cinco dias depois de partirem, chegam “cheios de energia, com muita vontade de continuar a ajudar”.

As três dezenas de refugiados que trouxeram para a cidade berço jantaram num restaurante em Azurém e foram alojados nas instalações do seminário Verbo Divino. Agora, podem decidir o que fazer e onde ficar. Alguns têm familiares em Portugal e até já saíram de Guimarães, outros poderão optar ficar por aqui.

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