“Não castiguem crianças de seis anos”

Pais revoltados com castigos físicos impostos às crianças da catequese na paróquia de Nespereira.

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Depois de terem ouvido os relatos dos filhos, de seis e sete anos, que contaram que o catequista Fernando os tinha posto de joelhos no chão em cima das mãos, os pais decidiram ir, esta manhã, ir à missa das 10h45 para confrontar o padre Francisco Xavier com estas acusações. Todavia, quem apareceu para celebrar a missa foi outro padre. A discussão acabou por se realizar com as catequistas e há mães que se queixam de terem sofrido ameaças. Os pais já fizeram queixa na GNR e dizem que “é muito grave se se tratar de uma represália pela contestação relativamente à gestão do Centro Social da freguesia”.

António Magalhães é um dos pais que está envolvido nos protestos contra a gestão do Centro Social Paroquial de Nespereira. “Espero que isto não seja uma retaliação por causa dos nossos protestos, porque isso seria muito grave”, afirma. Um grupo de mais de uma dezena de pais compareceram, esta manhã, na igreja paroquial com o objetivo de confrontar o padre Francisco Xavier com os castigos físicos que foram impostos aos filhos, na catequese. “Os nossos filhos foram obrigados a rezar ajoelhados com as mãos debaixo dos joelhos”, queixava-se um dos pais. “Custou muito ver a minha filha a exemplificar e a dizer: ‘isto dói muito’, lamentou uma das mães.

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A comitiva acabou por esbarrar na falta do padre Francisco Xavier. Esta manhã quem presidiu à eucaristia, em Nespereira, foi o padre Carlos. Na falta do pároco, alguns pais confrontaram as catequistas, Daniela e Sílvia, responsáveis pelas salas onde aconteceram os castigos físicos, determinados pelo coordenador dos catequistas, de nome Fernando. Telma Lopes, uma das mães, queixa-se de ter sofrido ameaças físicas por parte da catequista Daniela. “Disse que me rebentava a cara toda e isto aconteceu em frente à filha dela de 14 anos”, conta Telma Lopes. “Estávamos nós mais preocupados com a filha do que ela”, conta um pai que assistiu. “A minha filha até gosta da catequista, mas ela não pode pensar que este tipo de castigos são normais”, aponta outro pai.

Mau estar com o padre vem a acumular-se

Os progenitores relacionam a chegada do padre Francisco Xavier, em fevereiro passado, e a cultura que ele implementou com problemas “que antes nunca tinham acontecido na paróquia”. Os protestos populares contra este padre tornaram-se públicos quando, no passado sábado, dia 11, a freguesia acordou repleta de cartazes negros. “Abaixo a ganância, IPSS é solidariedade social”; “Fora com esta direção, está a destruir a nossa instituição” – eram alguns dos dizeres que se liam nessas faixas.

A revolta dos pais ganhou força quando foram informados do encerramento da sala de pré-escolar de cinco anos, mas entretanto, surgiram acusações de assédio laboral e de tratamento impróprio das pessoas internadas na unidade de cuidados continuados. Uma enfermeira que trabalhou na instituição durante três anos, veio a público dizer que os utentes são acordados às cinco da madrugada para fazer higiene e acusar a gestão de ter implementado medidas que levaram à demissão de um grande número de técnicos, em discordância.

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“Ele (o padre) começou por mexer nos cuidados continuados porque é uma coisa interna, as pessoas que lá estão não falam, mas no infantário é diferente, os pais defendem os seus filhos”, refere uma mãe. Segundo os pais, há uma reunião pedida desde o dia 19 de abril e a arquidiocese de Braga não os recebe. “O Centro Social diz que fala com três representantes, mas não é isso que queremos. Não vou entregar a representação da minha filha a ninguém”, afirma uma mãe.

A arquidiocese já veio explicar que o encerramento da sala está relacionado com a “racionalização de meios”, num momento em que esta valência deixou de ser financiada pela Segurança Social. “A freguesia dispõe de uma resposta social pública de pré-escolar na respetiva Escola de Nespereira”, faz notar a arquidiocese em comunicado. Sobre os castigos físicos impostos às crianças da catequese, questionada pelo MG, a arquidiocese ainda não se pronunciou.

Na próxima quarta-feira, dia em que habitualmente o padre está na igreja de Nespereira, os pais prometem voltar para exigir mudanças e pedem o afastamento daqueles catequistas.

Por Rui Dias.

 

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