Ó TVI, “PARA SERMOS TRATADOS ASSIM, MAIS VALIA SERMOS ESPANHÓIS”

por Ângela Oliviera

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por Ângela Oliveira

AdvogadaTal como em tempos o sentiu a claque do Vitória quando exibiu esta tarja em protesto, também eu o senti quando vi o genérico da novela da TVI gravada em Guimarães. Apesar de todos ali reconhecermos os nicolinos, as roupas, as caixas,… ao toque das nicolinas foi sobreposto pela produção da dita novela um qualquer género musical brasileiro. Felizmente, neste caso, a costumeira indignação das redes sociais trouxe o assunto à ordem do dia.

O argumento de que tudo isto é uma honra porque “Guimarães vai entrar todos os dias na casa dos portugueses” é uma falácia bacoca. O que entra na casa dos portugueses todos os dias é uma versão deturpada de uma tradição com séculos de existência.
A nossa Câmara Municipal está contente. Conheceram-se uns actores, mais uns quantos das revistas, os senhores da televisão e está tudo bem. Mesmo grave é uma senhora apresentadora denunciar um problema de esgotos em Donim com uma frase menos bem conseguida. Aí sim, comunicados, pedidos de desculpa. Aqui D´El Rei que nos atacam. Nicolinas com lambada? Já diz a senhora na música…Tá tudo bem, isto aqui tá tudo bem.

E o que dizem as associações nicolinas? Ao que sei, aos costumes dizem: Nada. Desde a CEC 2012 que os nossos nicolinos associados se vêm deslumbrando em aparições, sendo os primeiros a banalizar as festas ano após ano, quando, julgava eu, a sua razão de ser e existir seria a própria protecção e zelos desta tradição secular.

Andava eu no liceu e que grande finca-pé foi travado, e bem, com a Universidade do Minho que se queria envolver nas festas e agora ordem é: aparecer e vender, custe o que custar.

Basta um voo low cost carregado de turistas ou uma qualquer câmera de televisão oferecer 2 minutos de fama e as armas e os barões assinalados são vendidos sem dor na alma como pãezinhos quentes à porta da missa.

Já não há nada verdadeiramente “NOSSO”! Nada não, porque o Vitória é nosso e é Vitória Sport Club, porque aí sim, ninguém admite que venha cá a televisão falar do “Guimarães”.

As nicolinas agora têm toque brasileiro, o Galo de Barcelos é vendido na versão peluche e agora nem sequer é de Barcelos, nem sequer é de Portugal, é chinês e nem vou falar do Pop Galo. A filigrana do coração de Viana já aparece também em versão plástico dourado e cá andamos nós, felizes e contentes porque a final o que importa é “dar a conhecer as nossas tradições” para “termos cada vez mais visitantes”.

Nem a língua portuguesa merece honras de Estado. O nosso Primeiro-Ministro aparentemente também preferia ser espanhol. António Costa foi a Lanzarote homenagear Saramago, Prémio Nobel da Literatura, o único em língua portuguesa, para assinalar os 20 anos da atribuição do prémio em Outubro de 1998. No seu discurso o nosso Primeiro falou em castelhano para todos os presentes, e os portugueses que o viram no telejornal precisaram de legendas.

É uma opção, mas se havia ocasião em que se devia honrar e homenagear a portugalidade de certeza que seria nas celebrações da atribuição do Prémio Nobel da Literatura a um escritor português, por mais que o senhor tenha vivido nos últimos anos numa ilha do país vizinho. “Muchas gracias, señor primer ministro nos vemos en las elecciones”.

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