OS TRAÇOS DA BIG SAÍRAM DOS MUSEUS E AGORA HÁ PARAGENS COM ILUSTRAÇÕES

Pela segunda vez, algumas paragens da cidade voltaram a ser preenchidas por ilustrações que fazem parte da seleção da BIG. É a arte a chegar ao espaço público para fazer pensar e refletir.

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Pela segunda vez, algumas paragens da cidade voltaram a ser preenchidas por ilustrações que fazem parte da seleção da BIG. É a arte a chegar ao espaço público para fazer pensar e refletir.

Uma das paragens “onde o tempo habita” é a dos Correios, na rua de Santo António.
© Nuno Rafael Gomes/ Mais Guimarães

“Hoje está frio, não está?”, pergunta-se. “Está, está. Ainda vai ficar pior amanhã”, responde-se. Um olhar sobre o horizonte para ver se o autocarro surge por entre os carros que deslizam estrada fora. Não há nada de novo nas redes sociais; já foi tudo visto e revisto. A conversa de circunstância preenche o compasso da espera e os minutos vão-se dissolvendo por entre perguntas e respostas automatizadas. De repente, há algo de diferente na paragem: é uma ilustração. E o exemplo multiplica-se por 17 — a Bienal da Ilustração de Guimarães (BIG) voltou a estender-se ao espaço público e coloriu-as com as obras de alguns ilustradores, espalhando-se pela cidade extravasando o Centro Histórico. Este sábado, a BIG apresentou um percurso de autocarro pelas paragens alvo de intervenção, num passeio antecedido pela visita à exposição “Prémio Nacional BIG 2019”, no Palácio de Vila Flor, e concluído por uma outra exposição, “Ilustração ou Não?”, no Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG).

Para a paragem junto à estação rodoviária e ao shopping foi escolhida a ilustração de Daniel Lima. © Nuno Rafael Gomes/ Mais Guimarães

Nas costas de quem se senta à espera dos transportes públicos numa das paragens do Largo da República do Brasil, surgem aviões num hangar que fazem lembrar libelinhas. A ilustração é da autoria de André Letria, o vencedor do Grande Prémio BIG deste ano (e também do Prémio Nacional da Ilustração) pelo trabalho desenvolvido para o livro “A Guerra”, com texto de José Jorge Letria. Caso o ponto de partida seja a paragem do Hospital Senhora da Oliveira, é a “Vida Plástica” de Ana Rita Robalo que faz pensar e refletir sobre a civilização, a construção e os espaços em que se habita. Ou, então, na paragem do centro comercial, o contributo de Daniel Lima para o livro “Por Mão Própria”, de Luís Carmelo, é uma boa alternativa para se quebrar o gelo de forma diferente.

E para pensar, repensar, refletir e interpretar a qualquer idade. Para a vereadora da cultura, Adelina Paula Pinto, a ilustração é “muito interessante para as crianças”: “Coloca-os perante dúvidas, perante construções. Aquilo que eu vejo na ilustração é a oportunidade que eles têm de ver a diversidade e de interpretarem. E fazê-los perceber: o mundo não é preto nem branco, o mundo depende dos meus olhos e os meus olhos são tão diferentes quantos mais estímulos eu tiver”, explica. Por outro lado, levar a ilustração às ruas de Guimarães “enobrece os transportes públicos”, ligando-se-lhe a “questão dos transportes públicos”. Estabelecem-se elos de ligação entre a arte, a cultura, a sustentabilidade ambiental e financeira e mostrar que os autocarros “são uma possibilidade” de locomoção em detrimento da viatura própria. Tudo isto ao mesmo tempo que se vê o mundo “através de traços”. E, se o dia correr mal ou se o autocarro estiver um pouco atrasado, há uma solução — e antes da viagem de autocarro pelas paragens intervencionadas, Tiago Manuel, diretor artístico da BIG, apresentou-a: “Um artista é o antibiótico final quando tudo falha.”

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