PELA CIDADE
WLADIMIR BRITO Professor de Direito na Universidade do Minho
por WLADIMIR BRITO
Professor de Direito na Universidade do Minho
Ouvindo Die Schopfung (A Criação), de Joseph Haydn, lembrei-me que Deus, no processo de Criação do Céu e da Terra, revelou que não queria que os Homens, que ele criou no sexto dia, vivessem no escuro. Por isso, se preocupou em criar a luz para os alumiar de noite e de dia, o que fez logo no primeiro dia da criação, dizendo “fiat lux” – faça-se luz – e a luz fez-se. E viu que era bom. Depois separou a luz das trevas e chamou à luz dia e às trevas noite. Mas, entendeu que não bastava criar a luz e deixar que de noite os homens vivessem no escuro. Então, no quarto dia da Criação, Deus decidiu que mesmo à noite os Homens deviam ter luz para os alumiar e então disse: “Sejam feitos luzeiros no firmamento do céu e separem o dia da noite (…) e resplandeçam no firmamento do céu e alumiem a terra (…). E Deus fez dois grandes luzeiros: o luzeiro maior, que presidisse ao dia, e o luzeiro menor que presidisse à noite (…)”. “E Deus viu que isto era bom”.
Desejoso de realizar essa divina vontade, os chineses compraram a EDP e anunciaram que nos alumiariam de dia e de noite, desde que, é claro, a Câmara Municipal pagasse a energia. O Munícipe viu que isto era bom. A Câmara e as Juntas de Freguesia, desde a Criação, ficaram obrigadas a zelar pela realização dessa divina vontade, garantindo-nos luz, dia e noite, na cidade e nas aldeias. Zelotas da luz pública, cabe- -lhes, em parceria com a EDP, detectar e reparar as avarias, cumprindo a divina vontade de não deixar nenhum Munícipe às escuras na via pública. E o Munícipe viu que isto era bom. Mas, apesar disso tudo, o certo é que a luz pública falta em certas zonas da cidade e das aldeia, as trevas e a penumbra ameaçam essas zonas do concelho e o Munícipe, irritado, pergunta, sem resposta aceitável, por que razão a Câmara, Zelota da luz pública, não fiscaliza, em parceira com a EDP, as falhas de luz e a reparação dos candeeiros (por vezes, bastando substituir uma lâmpada), para que se cumpra aquela celestial vontade e o seu público dever. O Munícipe viu que isto não é bom.
Tudo sito as propósito do desleixo na reparação da iluminação pública, em especial nalgumas zonas da cidade e em certos caminhos das aldeias, que vivem numa penumbra permanente e perigosa. Falhando por desleixo essa sua missão sagrada de nos alumiar de dia e de noite, a Câmara desrespeita a divina vontade, incumpre os eu dever funcional e desagrada o Munícipe. E o Munícipe vê que isto não é bom. Por isso, deve o Munícipe reclamar a organização de um competente e diligente serviço de detecção e de reparação de avarias para que se cumpra a divina vontade e o cívico e funcional dever público de assegurar luz, dia e noite, nas cidade e nas aldeias, banindo as trevas e a penumbra. Reclamando, o Munícipe verá que é bom. Reparada a luz no Largo Navarros de Andrade e noutras artérias da cidade e das aldeias, com a luz a alumiar os caminhos para o Centro Cultural Vila Flor, todos os munícipes devem ir ouvir a obra de Haydn, no próximo dia 15 de Fevereiro de 2016, revelando o interesse da Cidade pela actividade cultural da Universidade do Minho e festejando desta forma o aniversário da UM, sem cometer o pecado capital da Vaidade pela nossa Universidade. E o Munícipe, ao fazer isso, verá que isto é bom.
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