PSD fala em falta de estratégia para o comércio e presidente aponta projetos em andamento
O PSD voltou a criticar o Executivo Municipal de Guimarães pela alegada falta de uma estratégia eficaz para revitalizar o comércio tradicional.

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Durante a reunião de Câmara desta segunda-feira, o vereador Bruno Fernandes alertou para o “divórcio” entre a valorização patrimonial e a dinâmica económica e social no centro histórico. “O centro da cidade perdeu vitalidade. Há lojas icónicas encerradas, sinais de abandono, e uma ausência preocupante de atividade, sobretudo aos fins de semana”, afirmou, acrescentando que, ao contrário de cidades vizinhas, Guimarães “adormece cedo demais”. Apontou ainda o estudo encomendado à “Bloom Consulting”, no valor de 100 mil euros, como um investimento que não resultou em medidas concretas. “Houve diagnóstico, mas faltou uma estratégia que atraísse investidores, comerciantes e visitantes”, disse.
Em resposta, o presidente da Câmara, Domingos Bragança, rejeitou as críticas e garantiu que existem projetos em curso com o objetivo de transformar o comércio local. Entre eles, destacou o Bairro Comercial Digital 1128, financiado pelo PRR, com conclusão prevista até junho de 2026, e o plano de pedonalização do centro histórico, cuja arquitetura já está aprovada. “O centro histórico precisa de um novo modelo urbano. As zonas do Toural, Alameda e Rua de Santo António serão requalificadas com passeios e vias ao mesmo nível, promovendo um espaço mais funcional e atrativo, com trânsito condicionado”, explicou. Bragança sublinhou que a mudança é essencial: “Se não alterarmos o modelo, os resultados não mudam”.
O autarca admitiu, no entanto, que o processo não tem sido fácil. “Temos mantido diálogo com comerciantes, associações e privados, mas nem sempre com os resultados esperados. A cidade precisa de ser pedonalizada, esse é o caminho, mesmo com a concorrência das grandes superfícies e a atração das praias aos fins de semana”, frisou.
Bruno Fernandes insistiu nas críticas, acusando o presidente de falta de coragem política: “Este projeto foi adiado várias vezes, travado por críticas. Se não for concretizado neste mandato, corre o risco de cair por completo”. Domingos Bragança respondeu rejeitando qualquer hesitação. “Os atrasos devem-se a exigências legais e técnicas, especialmente da Direção Regional de Cultura. Mas a convicção manteve-se, tal como no Parque de Camões — avancei com a obra em ano de eleições. A política exige coragem e visão”, garantiu, assegurando ainda a intenção de lançar o concurso público para a pedonalização do centro e da Avenida D. João IV antes do final do mandato.
Comerciantes continuam reticentes
Integrado no plano de revitalização do centro, o projeto Bairro Comercial Digital 1128 visa modernizar o comércio tradicional através da digitalização, requalificação urbana e introdução de soluções sustentáveis. Contudo, a adesão por parte dos comerciantes tem sido limitada, marcada por dúvidas e resistências.
O vereador Paulo Lopes Silva, responsável pelo projeto, reconhece os receios existentes. “Há confusão entre este projeto e a pedonalização. Isso gera hesitação. É natural”, explicou. O plano prevê a criação de uma plataforma digital unificada com informação sobre os estabelecimentos comerciais, a instalação de MUPIs digitais para divulgar produtos e serviços, e a requalificação urbana das principais artérias comerciais, como a Rua de Santo António, Alameda de São Dâmaso e o Largo do Toural.
Para colmatar a preocupação dos lojistas com o acesso automóvel e as entregas, está prevista a instalação de cacifos inteligentes em zonas estratégicas, permitindo a recolha de encomendas, incluindo produtos frescos, sem necessidade de parar à porta das lojas. “Queremos manter a identidade do comércio de Guimarães, trazer inovação sem perder o que nos caracteriza. Para isso, contratámos uma gestora exclusiva para o bairro, já em funções, que fará a ponte entre o projeto e os comerciantes”, afirmou Paulo Lopes Silva.
Embora ainda não existam números oficiais de adesão, o vereador garante que o diálogo é contínuo e que a nova gestora irá ajudar a criar confiança no processo.