“Quem fala mal do Vitória fala mal de mim”

Entrevista publicada na edição de setembro da revista Mais Guimarães.

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São muitas as figuras vimaranenses que se destacam na história do Vitória. Mas quem faz o clube são, efetivamente, os adeptos. Entre eles, e porque nas bancadas sempre vimos muitas mulheres, trazemos hoje as memórias da Rosinha, com quem já todos nos cruzamos pela cidade.
Além de relembrar, connosco, as histórias que mais a marcaram como adepta, contou-nos que a Confeitaria Ribela, da sua família, é sócia do Vitória há 57 anos.

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Para si, quais os momentos mais marcantes do Vitória?

Eu sou Vitória até morrer. Eu não gosto de mais ninguém. Há sócios do Vitória que são simpatizantes de outros clubes, mas eu sou contra os outros todos. Quem fala mal do Vitória fala mal de mim.

Como é que nasceu esse amor pelo Vitória?

O meu pai era brasileiro e veio para cá muito pequeno. Ele vivia em Santiago da Cruz, até que aos 18 ou 19 anos veio ver a Marcha Gualteriana e engatou a minha mãe. Ficou apaixonado pela cidade e pelo nosso Vitória. Ele era mesmo doente do Vitória. Aliás, deu-lhe dois enfartes no Vitória, um deles em Braga e outro na nossa cidade.
O meu falecido pai ajudou muito o Vitória. Ele ia pelas fábricas pedir dinheiro para ajudar o Vitória e elas davam, ao contrário de agora. O meu pai era tão apaixonado pelo nosso Vitória que nós, os cinco filhos, somos todos assim, malucos pelo clube. A mais maluca sou mesmo eu, não sei se é por ser a mais velha, já vou fazer quase 70 anos.

Que histórias engraçadas é que destaca ao longo destes anos?

Marcou-me muito o tempo do António Pimenta Machado. Houve um momento marcante no Braga, quando ganhamos por dois golos. Outro foi no Benfica quando o Neno me levou para o camarote, ao lado do presidente. Passou a claque do Benfica e ninguém nos tratou mal, até deram os parabéns ao Neno. Fomos nós, na Ribela, que fizemos o casamento ao Neno e o batizado da sua filha. Tínhamos muita amizade por ele.

“O dia mais feliz da minha vida foi quando fomos a Lisboa jogar com o Benfica e ganhamos a Taça de Portugal.”

Outra coisa que destaco foi quando fomos ao Porto, já com o novo estádio. Fomos de camioneta, só mulheres. Na altura levei o Filipe, o meu sobrinho, ainda muito pequeno. Quando lá chegamos puseram os sócios todos do Vitória descalços. Também queriam que tirasse as sapatilhas ao menino, mas recusei-me. Aí fiz uma jura que não mais lá voltava.

Nunca deixei de amar o Vitória, não deixei de ser sócia. Na altura, tinha uma meia dúzia de pessoas mais pobres, sobretudo mulheres, e eu pedia ao Vitória para arranjar senhas grátis para os jogos fora. Todos os presidentes acediam a este pedido.

Tenho outra muito boa, no primeiro ano que fomos a Braga, quando abriu o novo estádio. Chegamos lá com uma camioneta cheia de mulheres. Fui alugar a camioneta a Paços de Ferreira. Nessa altura, foram outras 42 camionetas de gente. O meu irmão estava preocupado, mas eu disse que não tinha medo. Ao chegar lá, partiram-me a camioneta toda. Ninguém se magoou, mas não havia um único vidro no sítio. Tive tanto medo que nunca mais fui a Braga. Odeio Braga, não vou lá nem em passeio, quanto mais ao futebol.

Quando nasce um sobrinho ou um neto, a primeira coisa é torná-lo sócio do Vitória. O meu neto mais novo, que vai fazer quatro meses, foi inscrito pelo meu sobrinho. Foi ele que tomou a iniciativa de o fazer, à semelhança do que o avô fez com ele.
Ele meteu-nos esse vício aos cinco filhos e o que eu admiro e que nunca mais me esqueço, até morrer, é que o meu pai não era português, foi criado em Famalicão, e apaixonou-se pelo Vitória. Agora, somos todos Vitória. A Confeitaria Ribela é, aliás, sócia do Vitória há 57 anos. Apesar do meu pai ter falecido bastante novo, aos 68 anos, ainda não tinha feito os 50 anos de sócio, faltava-lhe um ano e meio. O meu irmão, o dono da Ribela, não só pagou as quotas desses meses que faltavam para o emblema de ouro, como continua hoje a pagar as quotas do Vitória pela confeitaria.

Qual a sua maior alegria com o clube?

O dia mais feliz da minha vida foi quando fomos a Lisboa jogar com o Benfica e ganhamos a Taça de Portugal. Nunca mais me vou esquecer dessa alegria. Não dormi essa noite. Passamos grande parte da noite no Toural a festejar.
Recordo ainda o tempo do Paulinho Cascavel, Marinho Peres e do treinador-adjunto dele, que também treinou o Vitória, em que fomos lá fora e ficámos em terceiro lugar. Todo o comércio abriu depois da hora, foi uma festa no Toural medonha.
Quando falo no Vitória esqueço-me de muita coisa, mas estes momentos lindos mais antigos ficam para sempre.

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