Recordar… o Vitória #11

Por Vasco André Rodrigues.

95576328_266321338091113_7435331169610104832_n

Por Vasco André Rodrigues,
Advogado e fundador do projeto ‘Economia do Golo’

A época anterior houvera sido positiva! Paulo Autuori fizera os vitorianos sonhar, mas verdade seja dita como tantas vezes acontece no universo vitoriano a morrer na praia.

Na verdade, o quarto posto final do campeonato e aquele balde de água fria na meia-final da Taça de Portugal frente ao Estrela da Amadora, patrocinada por um jogador que o clube houvera cedido a título de empréstimo ao adversário, Basaúla, tinham sabido a pouco… muito pouco!

Por isso, naquela temporada de 1990/91 pedia-se que o Vitória desse o passo em frente…aquele passo que lhe permitiria chegar mais perto dos emblemas mais titulados, deixar o grande rival Boavista para trás e afirmar-se, definitivamente, no panorama nacional.

As contratações para tal suceder prometiam. Desde logo, o camaronês M’Bouh, chegado a Guimarães depois de ter sido um dos maiores destaques da inolvidável selecção dos Camarões que enfeitiçou e surpreendeu o Mundo, no Mundial 90 transalpino. Além deste, chegaria um dos pontas de lança que mais recordações deixaram aos adeptos do Rei: o tunisino Ziad, homem de inesgotáveis recursos e de saudável relação com as redes contrárias.

Mas, o paradigma da maior parte da história vitoriana haveria de se confirmar. Assim, a seguir a época positiva iria suceder-se uma muito difícil.

Os maus auspícios começaram logo no estágio de pré-temporada, que decorreu no Rio de Janeiro, no Brasil. Com um caso de polícia, muito mal explicado. Conta-se em poucas palavras. O treinador Paulo Autuori dera umas horas livres aos jogadores, depois de intensa carga de trabalho. Na estrada, depois de um mal-entendido na estrada, o carro onde seguiam os jogadores e alguns dirigentes seria alvejado. Nando, o lateral direito, haveria de ser atingido na face. Não ficaria em risco de vida, mas tampouco poder-lhe-ia ser extraída a bala que ainda hoje o acompanha! Apesar do susto, a confiança no staff do clube ficaria definitivamente minada, levando a que Pimenta Machado demitisse o seu director de futebol no regresso a Portugal.

Com um episódio surreal a iniciar a temporada, bem como o calendário a não ajudar com a equipa a enfrentar o Sporting e o Benfica nas duas primeiras jornadas, o Vitória sofreria a entrar nos eixos… aliás, só alcançaria o primeiro êxito à terceira jornada na Madeira, frente ao Marítimo. Seguir-se-iam mais inêxitos, principalmente o inexpectado frente aos turcos do Fenerbahce na primeira eliminatória da Liga Europa. Refira-se que o futebol turco, na altura, não apresentava a capacidade actual, pelo que tal desencadeou a conhecida irascibilidade de Pimenta Machado para com o treinador. Desiludido com o que houvera ocorrido no Brasil, pois considerava que Autuori tinha sido demasiado permissivo, e triste com o arranque da época não hesitou. Despediu-o e contratou o uruguaio Pedro Rocha, que já houvera passado por Portugal, numa aposta infeliz de Sousa Cintra.

Em Guimarães, não seria muito mais feliz… Ficaria, ainda, marcado por um inusitado episódio, no jogo frente ao Belenenses, no Restelo. A história conta-se em poucas palavras. Num lance em que o guardião dos azuis, Mihaylov, saiu da sua área e jogou a bola com a mão, foi expulso. O Vitória venceria por uma bola a zero, com golo de Ziad! Porém, o adversário insatisfeito com a decisão arbitral, protestaria o jogo, alegando erro técnico do árbitro. Ser-lhes-ia dada razão e pela primeira vez na história do futebol português um jogo seria repetido, fruto de um erro de um juiz! Na repetição, os Conquistadores perderiam por uma bola a zero, demonstrando que, além do cinzentismo da temporada, também o clube sofria com decisões inusitadas.

Com tantos problemas, mais uma vez Pimenta Machado não esperaria! Sentindo a época perdida, resolveu, imediatamente, projectar a seguinte. Para isso, daria guia de marcha a Pedro Rocha e apostaria no treinador que, na altura, estava na moda no futebol português. Falamos de João Alves que tinha sido o homem que levara o Estrela à vitória na Taça de Portugal, depois da vitória frente aos Conquistadores na meia final.

Os dados começavam a ser lançados para uma temporada de belo futebol em Guimarães… Mas isso, será outra história!

PUBLICIDADE

Arcol

Partilhar

PUBLICIDADE

Ribeiro & Ribeiro
Instagram

JORNAL

Tem alguma ideia ou projeto?

Websites - Lojas Online - Marketing Digital - Gestão de Redes Sociais

MAIS EM GUIMARÃES