Recordar… o Vitória #21

Por Vasco André Rodrigues.

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Por Vasco André Rodrigues,
Advogado e fundador do projeto ‘Economia do Golo’Eram outros tempos…

Terá sido um dos jogadores mais marcantes do Vitória, no final do século passado.

Um estrangeiro que fez 285 jogos de rei ao peito, quase sempre com uma impressionante regularidade e que com uma importância na equipa, que eram muitos os vitorianos que desabafavam “quando ele joga bem, o Vitória joga melhor”.

Seria, obviamente, um exagero, atendendo à regularidade com que N’Dinga, que é dele de quem falamos, se exibiu no meio campo dos Conquistadores. Um verdadeiro pêndulo, capaz de fazer todas as posições, na zona medular dos Branquinhos, sempre com a mesma abnegação, a mesma disponibilidade, ao ponto de ser considerado um “homem de elástico”, e, acima de tudo, a mesma qualidade.

Chegou a Guimarães num ano de ouro e inesquecível para todos os vitorianos. Falamos da inolvidável temporada de 1986/87, em que, sob o comando de Marinho Peres, a nossa equipa ambicionou tudo!

Num meio campo em que pontificavam, também, Nascimento, Carvalho e Adão, o toque exótico de qualidade era dado por um jovem zairense, que chegara a Portugal em conjunto com dois compatriotas, que, também haveriam de ser importantes no futuro do clube: Basaúla e N’Kama.

Mas, a qualidade intrínsceca estava nos pés daquele homem esguio, que parecia uma verdadeira enguia a esquivar-se entre adversários, de perna longa e capaz de a esticar até níveis sobre-humanos e que daria nas vistas por essa Europa fora… a ponto de estar na lista dos melhores jogadores africanos desse ano, olhando de frente checos, espanhóis ou holandeses.

Se esse ano foi inesquecível, o seguinte seria doloroso. O Vitória haveria de se salvar da despromoção no último desafio e o nome de N’Dinga haveria de ficar ligado à famigerada história de um carimbo, que a Académica alegou ter sido forjado para permitir a sua inscrição. Ora, tal conduziu a um processo em que os coimbrões pretendiam que ao Vitória fossem despojados os pontos conquistados dentro de campo contra si (uma clara vitória por três golos sem resposta), para ser-lhes atribuídos. Ora, se tal ocorresse, seriam os Branquinhos a descer à segunda divisão, numa temporada em que desceram seis emblemas, sendo os vitorianos a última equipa acima da linha de água, ao contrário dos academistas que haveriam de penar nos escalões secundários.

Apesar disso, o jogador zairense continuaria a ter papel preponderante na manobra da equipa vitoriana por muitos anos. Fosse que treinador fosse, praticamente, era sabido que a equipa era N’Dinga e mais dez. Uma garantia de qualidade no meio campo, que duraria até à temporada de 1995/96, quando, perto dos 30 anos, abandonou o clube do qual era ídolo. Não terá sido a melhor das despedidas, pois o Vitória perderia em Braga, numa saborosa ironia. Nove anos antes, na primeira jornada do campeonato de 1986/87, fora na cidade vizinha que se estreara, num dia em que um golo do outro mundo de Adão abriria um ano inesquecível.

Quanto a títulos, merecia, indiscutivelmente, mais. Contudo, seria pedra basilar na Conquista da Supertaça Cândido de Oliveira de 1988/89, o primeiro título oficial do futebol vitoriano, ao apontar o primeiro golo da primeira mão da decisão… Uma honra que cai bem a um homem marcante no futebol vitoriano do final do século passado!

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