Recordar… o Vitória #97

Por Vasco André Rodrigues.

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Por Vasco André Rodrigues, Advogado e fundador do projeto ‘Economia do Golo’Vestir a camisola do Rei pela primeira vez, marcar um golo de levantar o estádio e com ele garantir a vitória para o seu clube!

Que mais um jogador pode pedir?

Esse êxtase foi vivido pelo atleta brasileiro João Baptista, que actuou durante quatro temporadas pelo Vitória, no período compreendido entre 1988 e 1992.

Tratava-se de um médio ofensivo de bons recursos técnicos, com forte e colocado remate, ainda que, fruto de ser proveniente do futebol canarinho, não fosse demasiado veloz…acreditava que a bola é que deveria correr rápido entre os elementos da equipa.

Tendo sido contratado ao Inter de Limeira, um modesto clube do interior do estado de São Paulo, estrear-se-ia pelos Branquinhos só à oitava jornada dessa época de 1988/89. Perante um aguerrido Desportivo de Chaves, o Vitória ficaria em desvantagem graças a um golo de Slavkov, um dos bons búlgaros que, por aqueles anos, ditavam leis no clube transmontano. Porém, os comandados de Geninho recompor-se-iam. Chiquinho Carlos empataria, quase de imediato, a contenda, para na segunda parte o atleta que se estreava deixar o seu cartão de visita. João Baptista empreendeu um poderoso balázio rumo à baliza do lendário guardião Padrão, que só pararia no fundo das suas malhas, garantindo um saboroso êxito aos Conquistadores. Era uma estreia de arromba! Era o primeiro dos dezanove golos que marcaria pelo Vitória, no primeiro dos cento e dezanove jogos de Rei ao peito.

Como resultado desse momento feliz, tornar-se-ia basilar na equipa. Participaria na segunda mão da Supertaça Cândido Oliveira, que o Vitória venceria no estádio das Antas, frente ao FC Porto, jogando 87 minutos. Seria substituído por Soeiro a três minutos do final do prélio, mas o seu nome na história vitoriana, esse, já estava garantido.

A época, essa, continuaria, ainda que sem o êxito colectivo esperado. A equipa não conquistaria a qualificação para as provas europeias e Geninho partiria. Porém, num cenário cinzento, um dos poucos oásis seria o médio ofensivo brasileiro, que com seis golos deixou boas indicações. Destaquem-se, neste período, os três jogos consecutivos a marcar, em três vitórias seguidas, frente a Leixões, Beira Mar e Braga, e que pareciam indiciar que a temporada poderia ter um final feliz. Contudo, a série final de seis prélios sem conhecer o êxito seriam conducentes ao malogro europeu e à partida de Geninho, que, ainda assim, associaria o seu nome à primeira grande conquista do clube.

Na época seguinte, com o, também, brasileiro Paulo Autuori a comandar a equipa, tudo seria diferente. O Vitória andaria sempre nos lugares cimeiros, sonharia com uma epopeia gloriosa na Taça de Portugal (infelizmente falhada às mãos do Estrela da Amadora) e mereceria elogios nos vários quadrantes do futebol português. João Baptista, esse, teria papel determinante para esses momentos de uma equipa que, entre campeonato e Taça de Portugal, esteve 19 jogos sem perder… e entre estes alguns a ser fortemente espoliada, como aconteceu no empate a um frente ao FC Porto, em que o golo de Chiquinho não ajudou a esquecer o verdadeiro roubo que o Vitória foi alvo por um árbitro que, depois, haveria de ser irradiado por causa da denominada “Penafielgate”, o algarvio Francisco Silva.

Por esses factos, o quarto lugar final, bem como as meias finais da Taça de Portugal souberam a pouco… ainda assim, para esses feitos, muito contribuiu o jogador brasileiro, que foi, praticamente, indispensável, tendo conseguido apontar seis golos. Entre estes, realce, para o apontado, na marcação de um pontapé da grande penalidade, nessa famigerada meia final da Taça de Portugal, na Amadora, a colocar os Branquinhos em vantagem. Durante 27 minutos, o Vitória esteve apurado para enfrentar o Farense no Jamor, até Ricky igualar a partida, que haveria de ser decidida em Guimarães… do modo que se conhece!

A época seguinte seria atribulada! Começaria, desde logo, naquele estágio carioca, em que o defesa lateral direito Nando seria alvejado. Passaria pela forma como a equipa se entregou naquela eliminatória europeia frente ao Fenerbahce! Continuaria com o despedimento de Paulo Autuori! Pela permanência dos Conquistadores nos lugares baixos da tabela! Nos três treinadores que orientaram a equipa, já que depois do treinador brasileiro chegaria o uruguaio Pedro Rocha, para João Alves terminar a temporada.

Com tantos episódios, o Vitória, apenas, lograria um lugar tranquilo no final do exercício. Porém, o brasileiro seria o que tinha sido nos anos anteriores; ou seja, imprescindível. Deste modo, realizaria mais 37 desafios, ainda que só apontado um golo, numa vitória por três bolas sem resposta perante o Penafiel.

A época de 1991/92 seria a última em que actuaria ao serviço do Vitória. Menos utilizado pelo aparecimento de homens como Pedro Barbosa, ainda assim jogaria mais 20 desafios para apontar 6 golos. Seria, pois, importante na obtenção do quinto lugar final que significaria o regresso às competições europeias. Durante este ano, conseguiria marcar o golo que bateria o SC Braga por duas bolas a uma, logo à segunda jornada!

Era um novo Vitória, num sistema táctico inovador de 3 defesas, que apresentava dificuldades em vencer os jogos disputados no D.Afonso Henriques, compensando esse facto com triunfos fora de portas e em que o talento do jogador canarinho sempre foi considerado de extrema utilidade.

Marcaria o último dos seus golos pelo Vitória num empate a um em casa (lá está!) frente ao Estoril Praia, para realizar o último jogo com a camisola vitoriana frente ao Paços de Ferreira, na 32ª jornada dessa temporada.

Depois disso, abandonaria o Vitória para regressar a casa. Haveria, contudo, de voltar a Portugal, para realizar duas temporadas no Paços de Ferreira.

Porém, em Guimarães, ficará sempre na memória, como o homem que levantou o estádio no seu primeiro jogo de Rei ao peito…que mais poderia desejar?

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