REPENSAR O MOVIMENTO ASSOCIATIVO

José Luís Ribeiro Presidente da Associação de Ciclismo do Minho

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por JOSÉ LUÍS RIBEIRO

Presidente da Associação de Ciclismo do Minho

O movimento associativo tarda em adaptar-se às novas realidades e desafios, não encontrando fórmulas capazes de ressuscitar a paixão, a criatividade e a dedicação imprescindíveis à sua viabilidade.

Alicerce do movimento associativo desportivo, o dirigismo voluntário confronta-se com uma profunda inadequação entre o seu modelo e aquela que é hoje a realidade das comunidades, caminhando-se para um definhamento que, muito provavelmente, porá em causa a continuidade do dirigismo voluntário e dos próprios projectos associativos.

Em tempos idos, ser dirigente desportivo voluntário em associações, colectividades e clubes era suficientemente aliciante para que abundassem interessados. As associações detinham uma estimável capacidade de atracção e mobilização que, associada a uma predisposição dos cidadãos para a participação cívica, favorecia o envolvimento e o desenvolvimento de projectos associativos. Com relativa facilidade, os cidadãos identificavam-se e mobilizavam-se na procura de soluções para colmatar lacunas colectivas e individuais, além de que as alternativas para a ocupação dos tempos livres eram escassas e faziam com que as sedes sociais tivessem alma e ocupação.

Depois de períodos de forte pujança, os contextos alteraram-se expressivamente e assiste-se a um gradual enfraquecimento do movimento associativo, com a notória dificuldade de recrutamento de dirigentes voluntários a ser um dos pilares (mas não apenas) dessa acentuada quebra. A dessintonia entre os cidadãos e os projectos associativos, a indisponibilidade generalizada dos cidadãos para se dedicarem a “causas” colectivas (numa clara desresponsabilização de participação cívica), as dificuldades de angariação de apoios e o elevado grau de exigência imposto aos dirigentes voluntários no seu desempenho são, entre outras, matérias que embaraçam a continuidade das associações.

O movimento associativo tarda em adaptar-se às novas realidades e desafios, não encontrando fórmulas capazes de ressuscitar a paixão, a criatividade e a dedicação imprescindíveis à sua viabilidade. Tarda em encarar os reptos, adotando caminhos alternativos mas também melhorando alguns existentes.

Uma das vias possíveis para promover o renascimento das associações seria estimular e valorizar o papel dos dirigentes desportivos voluntários, com medidas e acções a nível local e nacional que também contribuíssem para melhorar as condições e a eficácia, tanto dos voluntários como das organizações e instituições.

Através desses incentivos e valorização, talvez fosse viável, com as pessoas e para as pessoas, conhecendo e respeitando o passado, antecipar e preparar o futuro.

 

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