Requalificação do Hotel da Penha vai avançar com SPA e as quatro estrelas como objetivo

A Mesa Gerente da Irmandade da Penha deliberou avançar com o projeto de reabilitação do Hotel da Penha, um imóvel de 1893 que, atualmente, apenas funciona como restaurante.

© Eliseu Sampaio / Mais Guimarães

O projeto de requalificação do Hotel da Penha, da autoria do arquiteto Noé Diniz, prevê a manutenção da fachada, a demolição e a reconstrução do interior do Hotel e a colocação de uma nova cobertura que permite a utilização de mais quartos.

Há cerca de quarenta anos que todas as intervenções executadas no alto da Penha têm o traço de Noé Diniz, lembra a Irmandade da Penha. Seguem, quase sempre, por um lado, “a lógica da morfologia do espaço oferecido pela natureza, interligando-se, por outro lado, com as linguagens dos interventores passados, num jogo em que a imaginação presente tenta alinhar com as ideias preexistentes. É o que ocorre, por exemplo, com a igreja do arquiteto Marques da Silva, obra que marca e estabelece limites de intervenção numa vasta área”, pode ler-se no boletim “Alto da Penha”, na sua edição de julho.

© Irmandade da Penha

No projeto de requalificação, Noé Diniz seguirá as linhas mestras do arquiteto Raul Lino, autor do desenho original. A “intervenção pretende preservar a memória do Hotel”, refere o arquiteto, que não tem dúvidas de que “quando estiver pronto não se irá notar que foi alterado”.

Destaque para a orientação do hotel para o campo do turismo de saúde e bem-estar, passando a funcionar com um SPA. Uma sala de eventos pretende recuperar a memória da realização dos eventos ritualísticos e festivos, como casamentos e batizados naquele espaço. O hotel procurará alcançar as quatro estrelas e explorar também a natureza ambiental e local de “bons ares” que caracterizou a procura durante longos anos no passado.

Será dotado ainda de uma sala de conferências dotando o hotel de capacidade para a realização de eventos culturais. Já o espaço exterior contará com uma piscina e área social voltada para a cidade.

© Irmandade da Penha

Uma mansarda ajudará a aproveitar o pé direito bastante alto do edifício e a deslocar os quartos para o primeiro e segundo andar, adianta Noé Diniz. Relativamente ao interior, nada “poderia sobreviver dadas as condicionantes que são necessárias para um equipamento daquela natureza”, revela ainda o arquiteto.

Reabilitação avança após um longo processo

A Irmandade da Penha e a Câmara Municipal de Guimarães, nomeadamente, o Juiz da Irmandade, Roriz Mendes, e o presidente da autarquia, Domingos Bragança, têm estado em permanente contacto no sentido de serem encontradas as melhores soluções para viabilizar a recuperação do imóvel. “Sou uma pessoa de fé e sempre acreditei que com visão, vontade política e bom senso a situação se resolveria”, afirma no boletim Roriz Mendes, juiz da Irmandade.

Explicando que “apesar de existirem incongruências no PDM (numa das versões, por exemplo, o Parque Campismo surge como a única área de construção de equipamentos e infraestruturas)”, Roriz Mendes acredita que “finalmente teremos condições para salvaguardar o património, valorizar e aumentar a atratividade da centenária Estância Turística da Penha”.

Já Domingos Bragança, presidente da edilidade, em declarações ao Alto da Penha, boletim informativo da Irmandade da Penha, a 02 de julho de 2024, considera que “a reabilitação do Hotel da Penha é muita necessária e urgente para a disponibilidade de permanência de quem nos visita, em ambiente religioso e de montanha. É ainda importante para a consolidação da estância da Penha como atração turística e de património natural, imprescindível para a afirmação de Guimarães como cidade que cuida do seu património e que promove a sua paisagem natural, neste caso classificada como Património Nacional“.

© Irmandade da Penha

Recorde-se que o Presidente da Câmara Municipal de Guimarães já havia asseverado a importância da recuperação do Hotel da Penha, nomeadamente, na reunião
do executivo municipal em que o projeto foi analisado (13 de abril de 2017) e no decurso da qual foi assumido dar seguimento a uma acessibilidade capaz de permitir libertar de trânsito automóvel, sempre que necessário, do núcleo central da montanha, com a criação das projetadas segunda e terceira fases da via estruturante, entre a zona vulgarmente conhecida por “curva da morte” e a rotunda da Penha em direção à Lapinha. “É uma pretensão antiga e ficamos de trabalhar essa ligação que será em pavimento de paralelo e muros de pedra”, precisou na altura o autarca.

© Irmandade da Penha

A Irmandade da Penha prossegue, entretanto, com diversas iniciativas de manutenção, recuperação e valorização da Penha, classificada como Estância Turística em 05 de junho de 1923, pelo então ministro do Comércio e Comunicações João Vaz Guedes.

Um ex-libris da hotelaria vimaranense

O hotel da Penha tem um espaço especial no imaginário da hotelaria vimaranense. A raiz popular fez da Casa do Despacho e da Arrecadação das Alfaias uma ideia de hotel. Gerida pela popular Ludovina, na altura arrecadava corpos também.

© Eliseu Sampaio / Mais Guimarães

Construído em 1823, o único espaço da Penha para receber estrangeiros era considerado uma vergonha sendo denunciada pela imprensa da época. Em 1923, logo após a tomada de posse, a Comissão de Iniciativa intimou a Irmandade a proceder à “reedificação da casa do hotel”. Embora estivesse planeado um Grande Hotel, Casino e Salão de Chá, a crise financeira limitou os anseios
e a Irmandade optou por uma edificação sem exuberâncias. Nasceu então o existente hotel de 21 quartos e um restaurante com uma vista deslumbrante sobre a cidade de Guimarães

 

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