Simpósio em Guimarães propõe novo modelo de habitação adaptado às transformações sociais
Governo, autarcas, académicos e especialistas debateram o futuro do habitar na primeira edição do Housing Symposium Guimarães 2025.

© Grupo Zegnea
Durante três dias, entre 29 e 31 de maio, o Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, acolheu alguns dos principais nomes da arquitetura contemporânea no Housing Symposium Guimarães 2025, uma iniciativa que teve como objetivo repensar os modelos de habitação face às novas realidades sociais.
O evento contou com a presença da Secretária de Estado da Habitação, Patrícia Machado dos Santos, em representação do Governo Português, e resultou numa proposta clara: urge criar um novo paradigma habitacional que responda às transformações das estruturas familiares e modos de vida atuais.

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Na sua intervenção, a governante sublinhou a importância de “uma adaptação contínua dos espaços residenciais às novas vivências e especificidades de cada indivíduo”, defendendo que as soluções habitacionais devem considerar os diferentes usos, apropriações e culturas dos habitantes.
Também Hugo Ribeiro Lobo, CEO do Grupo Zegnea e um dos promotores do simpósio, reforçou esta necessidade, lançando o conceito HUMA, uma proposta de habitação que valoriza a vivência comunitária e o espaço útil, com base na evolução da relação entre construção e sociedade. “É preciso rever os conceitos de tipologia e pensar numa resposta coletiva”, afirmou.

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Domingos Bragança, Presidente da Câmara Municipal de Guimarães, presente na abertura do Housing Symposium destacou a importância do planeamento estratégico na construção de cidades centradas nas pessoas, revelando que a revisão do Plano Diretor Municipal (PDM) está na fase final e a entrar em discussão pública. O autarca aproveitou o simpósio para propor a compilação das reflexões em atas, com vista à produção de conhecimento duradouro.
Na mesma linha, Ana Cotter, vereadora do Urbanismo no município de Guimarães, sublinhou a necessidade de preservar a “memória futura” do evento e elogiou o elevado nível das intervenções. “Foi uma jornada intensa e extremamente enriquecedora, com um público muito participativo”, afirmou no encerramento.

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Uma nova abordagem à crise da habitação
Um dos pontos mais debatidos no simpósio foi o entendimento da chamada “crise da habitação”. Para Hugo Ribeiro Lobo, a questão está mal colocada: “Não há um problema de habitação, há uma carência de acesso à habitação. Devemos redesenhar o espaço habitacional como um organismo vivo que reflita o habitat urbano”.
Já André Fontes, arquiteto e orador de destaque na abertura do simpósio, destacou a cidade como reflexo da natureza humana: “As cidades crescem, adaptam-se e refletem os desafios e aspirações de cada época. Não se trata de dar mais respostas, mas de dar melhores respostas”.

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Além de representantes do Governo, o simpósio contou com uma forte presença institucional e académica. Entre os participantes estiveram José João Torrinha, Presidente da Assembleia Municipal de Guimarães, e os deputados Ricardo Costa e Ricardo Araújo, ambos candidatos à presidência da autarquia. Do meio académico marcaram presença Pedro Arezes, Presidente da Escola de Engenharia da Universidade do Minho, Miguel Bandeira, Pró-Reitor da UMinho, e Alexandra Malheiro, representante do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave.
O Housing Symposium Guimarães 2025 encerrou com a promessa de continuidade e aprofundamento do debate, num momento em que o planeamento urbano e o direito à habitação ganham renovada centralidade nas políticas públicas e no pensamento arquitetónico contemporâneo.

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O Housing Symposium Guimarães 2025 foi promovido pela Ideal Spaces, Câmara Municipal de Guimarães, Escola de Arquitetura, Arte e Design da Universidade do Minho e pelo grupo ZEGNEA.