SÓNIA FERTUZINHOS: “PARTIMOS PARA AS ELEIÇÕES COM A CONFIANÇA DE QUEM CUMPRIU O COMPROMISSO ASSUMIDO”
Com 46 anos, Sónia Fertuzinhos entrou para a Assembleia da República com apenas 23. Natural da freguesia de Prazins, Santa Eufémia, foi indicada pela quota do secretário-geral do Partido Socialista (PS), António Costa, para ser cabeça de lista distrital do partido às eleições de 06 de outubro.
Com 46 anos, Sónia Fertuzinhos entrou para a Assembleia da República com apenas 23. Natural da freguesia de Prazins, Santa Eufémia, foi indicada pela quota do secretário-geral do Partido Socialista (PS), António Costa, para ser cabeça de lista distrital do partido às eleições de 06 de outubro. A deputada parte para as legislativas com “confiança no trabalho desenvolvido nos últimos quatro anos”.
Como encarou o desafio colocado por António Costa de encabeçar a lista pelo círculo eleitoral de Braga?
É um desafio muito estimulante e que assumo uma grande responsabilidade. É óbvio que o assumo, também, com enorme satisfação. Não digo orgulho, porque implica também alguma humildade face ao meu percurso. Tenho uma vasta experiência na Assembleia da República e no que esse trabalho significa de conhecimento e experiência em representar Guimarães e o distrito de Braga na Assembleia da República. Isso é importante para este território: ter pessoas que são da terra a representar, em primeiro lugar, a sua terra.
Representar o distrito de Braga não é novidade para si. Houve algumas questões, como a da falta de apoios no pós Capital Europeia da Cultura, ou as obras das urgências no Hospital que foram discutidas a nível nacional. Quais são as principais questões que ainda estão por resolver?
Há várias. Por exemplo, é preciso resolver a questão do financiamento da Plataforma das Artes. Nestes quatro anos, houve um avanço face aos anos anteriores, com um financiamento que foi pontual, que queremos transformar em estrutural. Temos a plena consciência de que é uma questão, até do ponto de vista técnico, difícil de resolver, porém, há disponibilidade para o fazer e a articulação com a Câmara Municipal de Guimarães e com o Governo tem sido fundamental para isso. Há ainda o desafio da descentralização das competências que também temos que acompanhar melhor. No Hospital, sabemos que as obras do Serviço de Urgências já começaram. É um assunto que se arrasta há muito tempo e que finalmente houve disponibilidade da parte do Governo. Uma vez mais, este é um trabalho de articulação muito estreito entre a Câmara Municipal, os deputados, o Governo e as instituições. Essa questão está, como se costuma a dizer, a andar. Depois, há questão da Unidade de Cardiologia, com a qual também sabemos que o Governo está completamente em sintonia. Julgo que há uma sintonia relativamente à importância desta unidade e à sua abertura. A relação dos representantes do distrito de Braga, que são de Guimarães, como é o meu caso, com as instituições, nos últimos quatro anos, normalizou, no bom sentido. Tínhamos pontos de contacto, quando antes não tínhamos. Tínhamos quem quisesse falar connosco sobre os nossos problemas e tivesse disponibilidade para os resolver, que no anterior Governo a este também não tínhamos.
Então acredita que é obrigatório que Governo e autarquia sejam do mesmo partido para que haja entendimento?
Claro que isso é importante, contudo, a questão não é essa. A questão é que Guimarães, pela dimensão que tem, em várias áreas que são fundamentais para o desenvolvimento do país, é, de facto, um interlocutor importante de qualquer governo. Qualquer governo que queira intervir no distrito de Braga ou em alguns setores que são essenciais para o desenvolvimento do nosso país, como do têxtil ou do calçado, tem que ter uma relação próxima de Guimarães.
O setor têxtil é, de facto, essencial para a economia do distrito e do concelho e, recentemente, tem-se falado de uma nova crise nessa indústria. Têm-lhe chegado preocupações dos empresários da região?
Daquilo que vou falando com as pessoas que estão todos os dias no setor é que não há sinais de crise direta no têxtil. Na verdade, há várias questões e vários pontos determinantes no desenvolvimento deste setor que colocam aqui algumas questões, como o impacto do Brexit, o impacto de uma possível recessão na Alemanha ou a questão da relação dos EUA com a China. Estamos a falar de fatores externos que existem sempre e que, em determinados momentos, levantam incerteza sobre o que pode acontecer em cada momento. É isso que está a ser analisado e é a isso que as pessoas se referem. Não me parece que possamos dizer que o setor têxtil está em crise.
“Qualquer governo que queira intervir no distrito de Braga tem que ter uma relação próxima de Guimarães”
Além de si, António Costa indicou para segundo lugar o secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade, José Mendes, e para terceiro a presidente da JS, Maria Begonha. Que contributos podem trazer estes nomes ao distrito?
Têm todos uma forte ligação ao distrito, exceto a Maria Begonha. Porém, a sua inclusão nesta lista tem uma razão importante. Braga é o distrito mais jovem do país, portanto, com a colocação da Maria Begonha na lista, o que o PS quer mostrar é a importância do envolvimento dos jovens nos momentos e nas discussões mais importantes, que decidem o nosso futuro e que vão determinar aquilo que nós queremos ser enquanto sociedade. Este é o ano em que todos os que nasceram no início do século votam pela primeira vez. Este é um momento importante de aproximação dos jovens, da participação cívica e da participação política. É esse o sinal que queremos dar com a inclusão da Maria Begonha na nossa lista.
A mais recente sondagem para as eleições coloca o PS à frente com 38,1%, mais 14,8 pontos percentuais do que o PSD. Nas eleições legislativas de 2015, o PS elegeu 7 deputados pelo distrito de Braga. Com que expetativas parte para estas eleições e quantos deputados espera eleger?
Partimos para estas eleições com a confiança de quem cumpriu o compromisso assumido com os portugueses. Durante estes quatro anos, nunca desistimos de fazer aquilo que todos diziam que era impossível e, até, uma irresponsabilidade. Dissemos que era possível devolver os rendimentos às pessoas, quer pela devolução dos cortes, quer pelo aumento do salário mínimo. Esta é uma região onde os trabalhadores com salário mínimo são significativos. Portanto, o distrito de Braga, as suas pessoas e famílias, beneficiaram numa percentagem muito significativa do facto de termos aumentado o salário mínimo em 20% em quatro anos. O nosso objetivo é contactarmos todas as pessoas em Guimarães e no distrito, no sentido de dizermos como é importante votar nestas eleições, para que, de facto, o PS possa ter o peso e a força dos votos necessários para garantirmos uma governação estável e forte nos próximos quatro anos. Relativamente aos deputados, não vou dizer números. Como se diz no futebol: prognósticos só no fim do jogo. As sondagens apontam para que possamos ter um número de deputados no círculo eleitoral de Braga claramente superior ao que tivemos há quatro anos.
É inevitável falarmos sobre as questões que envolveram o seu nome nos últimos tempos, nomeadamente relacionados com a Raríssimas ou com os subsídios de deslocação. Acha que essas polémicas podem influenciar o eleitorado do distrito?
Acho que não, porque as pessoas conhecem-me. As pessoas vêm-me frequentemente. Sabem o que é que eu faço. Não é por acaso que eu sou deputada na Assembleia Municipal também há já muito tempo. Faço parte dos órgãos do partido em Guimarães e no distrito de Braga. A minha vida é aqui. A única coisa que eu faço em Lisboa é representar Guimarães e o distrito, portanto, eu julgo que essas questões, num distrito onde as pessoas me conhecem, sinceramente, não têm expressão.
Entrevista publicada na edição n.º 206 do Mais Guimarães (a 11 de setembro)
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