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Ucrânia: “Não é nada como a televisão mostra, é muito pior”

Rui Barreira, advogado vimaranense, foi até à Polónia. Consigo levou uma carrinha cheia de sacos, produtos de higiene, alimentação, e trouxe, para Guimarães, uma família ucraniana.

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Rui Barreira, advogado vimaranense, foi até à Polónia. Consigo levou uma carrinha cheia de sacos, produtos de higiene, alimentação, e trouxe, para Guimarães, uma família ucraniana.

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“São dias muito intensos, dias que parecem semanas”, diz à Mais Guimarães enquanto conta que a fronteira fica a 10 quilómetros do centro de refugiados. “Quem comanda são os miúdos de 23 e 24 anos que estão lá como voluntários, que dão tudo de si e vão fazendo aquilo que conseguem e podem”, descreve.

As pessoas, explica, “estão em pavilhões e vão ficando até que alguém as consiga trazer”. Aí, reina o medo, apesar de haver “uma tentativa de controle”. Os condutores, por exemplo, devem estar registados para existir “uma ligação dos refugiados a alguém. Se acontecer alguma coisa, há uma responsabilidade”, diz Rui Barreira que recorda que teve conhecimento do desaparecimento de um autocarro inteiro, cheio de pessoas, que não chegou ao destino.

“Emociona e, ao mesmo tempo, é como se tivéssemos levado murros. São crianças, são jovens, são famílias inteiras, são pais que olham para os seus filhos sem saber o futuro.”

Ainda que seja impossível de descrever exatamente aquilo que viveu, Rui Barreira acredita que as pessoas entram na fronteira de “uma forma aliviada”. Conseguiram fugir, mas, ao mesmo tempo, “quando chegam ao centro, começam a pensar na vida”. O primeiro impacto é na fronteira e é um “sentimento de alívio”, mas, depois, “notas as pessoas a olharem no fundo, no vazio, sem imaginar o que é o futuro”.

São pessoas que, muitas vezes, chegam com uma mala, com um filho, deixam os filhos e os maridos do outro lado. Pessoas que se questionam: “o que é que vai ser do meu futuro?”. Há um “sentimento de receio”, mas um “sentimento de esperança de que isto acabe muito rápido”. E é por isso que a maioria das pessoas “não quer vir para longe, porque acha que pode acabar a qualquer momento e que vão regressar à Ucrânia”.

Já de regresso, garante que “é pena não poder ficar mais tempo, porque há necessidade de muitos, muitos voluntários e muita gente para ajudar”. Com a ida à Polónia, diz ter agora “uma visão completamente diferente” da guerra. “Não é nada como a televisão mostra, é muito pior”.

Os refugiados, diz Rui Barreira, “muitas vezes, só precisam de uma indicação, um abraço, um sorriso, alguém que olhe para os seus filhos e lhes entregue uns lápis de cor. Estamos a falar das coisas mais básicas, um pequeno abraço e pelo menos se sintam integradas”.

Nuno Fernandes, Carlos Mendes e Alexandre Magalhães são os outros vimaranenses que foram com Rui Barreira.

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